A coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique condenou hoje o uso das armas e de "medidas drásticas" para resolver a crise política que o país atravessa e apontou a paz como "condição indispensável" para o desenvolvimento.
"Condenamos todo e qualquer uso de armas e medidas drásticas para resolver este conflito, é preciso percebermos que as armas não agregam valor ", disse à imprensa Márcia Freitas de Castro, à margem da celebração em Maputo dos 71 anos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Márcia Freitas de Castro considerou que o país "atravessa um período complexo" e disse que o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, precisam de garantir que haja confiança nas negociações como única opção para o rápido alcance de um acordo.
Para a coordenadora da ONU, a abertura para dialogar manifestada constantemente por ambas partes é "um bom sinal", no entanto, observou, "o calar das armas é urgente e indispensável".
"É possível ter um processo negocial sem armas", frisou, acrescentando que Moçambique é signatário de vários acordos internacionais para a protecção direitos humanos e é necessário que estes compromissos sejam respeitados.
Por seu turno, o ministro moçambicano da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, falando durante a cerimónia, disse que o Governo moçambicano tem estado a fazer tudo para que a paz seja restituída.
"A nossa intenção é que a paz seja duradoira", afirmou, acrescentando que a solução para a crise política que opõe as forças do Governo e da Renamo passa também pelo envolvimento de todos os moçambicanos neste processo.
"Queremos uma paz com pilares fortes", reiterou o governante, observando que os moçambicanos precisam de "curar as suas feriadas" e encontrar o caminho para a reconciliação.
O maior partido de oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória eleitoral nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de ter cometido fraude no escrutínio.
A região centro e Norte do país tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e Norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos.
A Renamo, por sua vez, acusa as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.
Apesar dos casos de violência, o Governo moçambicano e a Renamo voltaram ao diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacionais.
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