Certamente que o estimado leitor já deve ter-se apercebido das fracas capacidades do homem a quem agora cabe o título de Presidente da República. Mas isso enquadra-se bem num método de actuação de grupo que torna o homem fácil de gerir e não representa qualquer tipo de ameaça intelectual ou de qualquer outra índole para os seus fabricantes.
O próprio Nyusi, que sempre soube que era um cabaz político, agora já não consegue sequer fingir que é alguma coisa. Agora é obrigado a conviver com o embaraço de cuidar de assuntos recreativos e infantis, enquanto Chipande cuida da agenda principal. O facto de que tudo quanto é medida estruturante ter de ser anunciado por Chipande é a parte visível dessa hierarquização, onde Nyusi ocupa o lugar de megafone. Tudo quanto Nyusi disse até aqui são reproduções de pensamentos e às vezes frases completas ou editadas de Chipande.
O que está a acontecer é que mudámos apenas de figurino. Mas a qualidade ou falta dela, por parte dos protagonistas, segue intacta. Se Guebuza tinha, na altura, o Edson Macuácua para lhe reproduzir o pensamento vocal e fielmente, hoje o Chipande tem o Nyusi. A rigorosa diferença, na nossa modesta análise, é que o Chipande dispensou o Mercedes e a escolta presidencial para o seu porta-voz. Até porque faz sentido, pois este ainda é comparativamente mais jovem e ainda tem necessidade de algum exibicionismo de posses.
Não é preciso ser especialista em qualquer tipo de ciência para perceber uma hierarquia tão clara quanto a existente. Chipande é quem toma as decisões e as anuncia. Nyusi tem a tarefa de as reproduzir de forma fiel. Até pode editar algumas frases, isto é, não enveredar pela letra, mas aparentemente não está autorizado a contrariar ou distorcer o espírito de tais mensagens.
Por exemplo, já sabíamos pela boca de Chipande, quando este esteve na cidade da Beira em missões partidárias, que havia uma agenda de endurecimento de posição contra a Renamo e Afonso Dhlakama. Também não é novidade que, agora, a abordagem é consolidar a diabolização da Renamo junto dos cidadãos, atribuindo-lhe toda a culpa pelo que está a acontecer. Também não é novidade que a Frelimo está comprometida com o desenvolvimento e que a Renamo está a sabotar. Também não é novidade que a Frelimo vai continuar com a agenda de melhoria da vida dos moçambicanos. Tudo isto ouvimos da boca de Chipande, quando esteve na Beira. Chipande tomou a iniciativa de anunciar estas “novidades”, quando esteve na Beira.
E tudo quanto Chipande disse na Beira coincide exactamente com tudo o que Nyusi foi dizer em Manica, durante a sua “presidência aberta”. Algumas formulações das frases têm até a particularidade de começarem da mesma forma e terminarem da mesma forma.
Se fizermos algum esforço de retrospectiva cronológica, perceberemos que mesmo o plano de acabar com Afonso Dhlakama foi anunciado em entrevista ao jornal “Savana” por Salvador Ntumuke, em termos práticos uma espécie de coadjuvante do Chipande, e Nyusi recebeu ordens para ficar calado.
Portanto, em bom rigor, de Nyusi não se conhece novidade nenhuma. Quem quiser saber o que se vai passar nos próximos dias, deve ficar atento a Chipande e aos seus ajudantes, que são, para a infelicidade dos mais de 23 milhões de habitantes, os guias. Tal aviso é extensível aos membros do partido Frelimo que, a nível formal, têm no Nyusi a figura do presidente, mas que, a nível material, estão todos esclarecidos em relação a que entidade devem, de facto, ter em conta, e a quem ignorar.
Qualquer cidadão com nível de lucidez mediana percebe que quem está a lidar com Dhlakama e a Renamo neste momento é Alberto Chipande e os seus ajudantes e não o Nyusi. Quem está atento, percebe que Nyusi só fala de Dhlakama depois de Chipande se ter pronunciado a esse respeito. E, regra geral, Nyusi diz o mesmo dito proferido por Chipande. A Renamo e os mediadores já deviam ter-se apercebido de que o interlocutor válido no processo de negociações é o Chipande e não o Nyusi. Se os mediadores querem, de facto, algum grau de seriedade neste processo, é da mais elementar pertinência que, quando se chegar à fase de se encontrarem com as lideranças dos beligerantes, passem a reunir directamente com Dhlakama e com o Chipande, que é o dono das frases do Nyusi.
Lidar com Nyusi neste processo é lidar com um intermediário de efeito puramente cosmético. Nyusi jamais dirá o que os donos não mandaram dizer. Não é por acaso que Nyusi, até hoje, não tem ideias sobre qualquer coisa que diga respeito a este país. Pela forma como a organização foi montada, o papel de Nyusi é não ter ideias. E parece-nos que o protagonista está satisfeito com esse prestigiante lugar.
Para perceber a situação intelectual ou a capacidade de raciocínio de Nyusi, basta ficar atento às suas intervenções. Até aqui, Nyusi não disse nada de novo que o identifique como presidente de qualquer coisa, se não da recreação. O seu discurso não passa de um conjunto de generalidades e lugares-comuns que qualquer político estagiário pode dizer. Frases-feitas sobre “desenvolvimento, produção e produtividade”, “estamos comprometidos com a paz”, “estamos preocupados” e companhia comum limitada podem ser ditas por qualquer cidadão, desde que saiba escrever o seu próprio nome. Um conjunto de divagações repetitivas, intangíveis e, por isso, irreais têm servido de adjunto adnominal para especificar um cabaz político, feito porta-voz.
(Editorial Canal de Moçambique/CanalMoz)
O próprio Nyusi, que sempre soube que era um cabaz político, agora já não consegue sequer fingir que é alguma coisa. Agora é obrigado a conviver com o embaraço de cuidar de assuntos recreativos e infantis, enquanto Chipande cuida da agenda principal. O facto de que tudo quanto é medida estruturante ter de ser anunciado por Chipande é a parte visível dessa hierarquização, onde Nyusi ocupa o lugar de megafone. Tudo quanto Nyusi disse até aqui são reproduções de pensamentos e às vezes frases completas ou editadas de Chipande.
O que está a acontecer é que mudámos apenas de figurino. Mas a qualidade ou falta dela, por parte dos protagonistas, segue intacta. Se Guebuza tinha, na altura, o Edson Macuácua para lhe reproduzir o pensamento vocal e fielmente, hoje o Chipande tem o Nyusi. A rigorosa diferença, na nossa modesta análise, é que o Chipande dispensou o Mercedes e a escolta presidencial para o seu porta-voz. Até porque faz sentido, pois este ainda é comparativamente mais jovem e ainda tem necessidade de algum exibicionismo de posses.
Não é preciso ser especialista em qualquer tipo de ciência para perceber uma hierarquia tão clara quanto a existente. Chipande é quem toma as decisões e as anuncia. Nyusi tem a tarefa de as reproduzir de forma fiel. Até pode editar algumas frases, isto é, não enveredar pela letra, mas aparentemente não está autorizado a contrariar ou distorcer o espírito de tais mensagens.
Por exemplo, já sabíamos pela boca de Chipande, quando este esteve na cidade da Beira em missões partidárias, que havia uma agenda de endurecimento de posição contra a Renamo e Afonso Dhlakama. Também não é novidade que, agora, a abordagem é consolidar a diabolização da Renamo junto dos cidadãos, atribuindo-lhe toda a culpa pelo que está a acontecer. Também não é novidade que a Frelimo está comprometida com o desenvolvimento e que a Renamo está a sabotar. Também não é novidade que a Frelimo vai continuar com a agenda de melhoria da vida dos moçambicanos. Tudo isto ouvimos da boca de Chipande, quando esteve na Beira. Chipande tomou a iniciativa de anunciar estas “novidades”, quando esteve na Beira.
E tudo quanto Chipande disse na Beira coincide exactamente com tudo o que Nyusi foi dizer em Manica, durante a sua “presidência aberta”. Algumas formulações das frases têm até a particularidade de começarem da mesma forma e terminarem da mesma forma.
Se fizermos algum esforço de retrospectiva cronológica, perceberemos que mesmo o plano de acabar com Afonso Dhlakama foi anunciado em entrevista ao jornal “Savana” por Salvador Ntumuke, em termos práticos uma espécie de coadjuvante do Chipande, e Nyusi recebeu ordens para ficar calado.
Portanto, em bom rigor, de Nyusi não se conhece novidade nenhuma. Quem quiser saber o que se vai passar nos próximos dias, deve ficar atento a Chipande e aos seus ajudantes, que são, para a infelicidade dos mais de 23 milhões de habitantes, os guias. Tal aviso é extensível aos membros do partido Frelimo que, a nível formal, têm no Nyusi a figura do presidente, mas que, a nível material, estão todos esclarecidos em relação a que entidade devem, de facto, ter em conta, e a quem ignorar.
Qualquer cidadão com nível de lucidez mediana percebe que quem está a lidar com Dhlakama e a Renamo neste momento é Alberto Chipande e os seus ajudantes e não o Nyusi. Quem está atento, percebe que Nyusi só fala de Dhlakama depois de Chipande se ter pronunciado a esse respeito. E, regra geral, Nyusi diz o mesmo dito proferido por Chipande. A Renamo e os mediadores já deviam ter-se apercebido de que o interlocutor válido no processo de negociações é o Chipande e não o Nyusi. Se os mediadores querem, de facto, algum grau de seriedade neste processo, é da mais elementar pertinência que, quando se chegar à fase de se encontrarem com as lideranças dos beligerantes, passem a reunir directamente com Dhlakama e com o Chipande, que é o dono das frases do Nyusi.
Lidar com Nyusi neste processo é lidar com um intermediário de efeito puramente cosmético. Nyusi jamais dirá o que os donos não mandaram dizer. Não é por acaso que Nyusi, até hoje, não tem ideias sobre qualquer coisa que diga respeito a este país. Pela forma como a organização foi montada, o papel de Nyusi é não ter ideias. E parece-nos que o protagonista está satisfeito com esse prestigiante lugar.
Para perceber a situação intelectual ou a capacidade de raciocínio de Nyusi, basta ficar atento às suas intervenções. Até aqui, Nyusi não disse nada de novo que o identifique como presidente de qualquer coisa, se não da recreação. O seu discurso não passa de um conjunto de generalidades e lugares-comuns que qualquer político estagiário pode dizer. Frases-feitas sobre “desenvolvimento, produção e produtividade”, “estamos comprometidos com a paz”, “estamos preocupados” e companhia comum limitada podem ser ditas por qualquer cidadão, desde que saiba escrever o seu próprio nome. Um conjunto de divagações repetitivas, intangíveis e, por isso, irreais têm servido de adjunto adnominal para especificar um cabaz político, feito porta-voz.
(Editorial Canal de Moçambique/CanalMoz)
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