Observadores independentes acusam a RENAMO e o Governo de assumirem comportamentos e posicionamentos incompatíveis com o objetivo de paz.
Os analistas acusam as duas partes de estarem determinadas em resolver este conflito com o recurso às armas. Consideram ainda que o ódio e a intolerância política estão a eternizar o conflito armado em Moçambique e que diálogo tarda a acontecer.
A ver dos observadores, as posições do Governo e do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana, (RENAMO) são difíceis de conciliar. Acresce que o conflito em Moçambique se está a alastrar para outras regiões. O politólogo João Pereira diz que o cenário é comparável com aquele que dividiu o Sudão: “O Sudão era um Estado unificado, que a partir desse tipo de conflitos acabou por degenerar num conflito étnico, regional e tudo isso. Aqui há indicação clara por exemplo, por parte da RENAMO e do Governo de que não estão criadas condições necessárias para uma reconciliação”.
Critica do discurso positivista
Em entrevista ao canal privado de televisão moçambicana STV, Pereira critica o Governo por fazer um discurso positivista, quando no mato a realidade é outra. A suspensão da circulação dos comboios no corredor da Beira, no centro do país, reduziu ainda mais a credibilidade de Moçambique junto dos parceiros: “Quer dizer, praticamente os centros de poder a nível internacional começam a avisar grande parte dos investidores de que o país não é viável para o investimento”.
A repentina expansão dos ataques da RENAMO para outras províncias mais a norte, como nos últimos dias em Mopeia, na Zambézia e Maúa, no Niassa, mostram desinteresse pelo diálogo, defende o analista político Tomás Vieira Mário: “Eu penso claramente que isto é uma demonstração que a RENAMO quer mostrar de força porque os processos de diálogo ainda estão extremados. E é essa mensagem muito triste que nos dá esses ataques”.
Motivo de preocupação
Aliás, acrescenta, as duas partes deixaram uma má imagem diante dos mediadores ao provarem que estão a apostar na força das armas: “O diálogo com os mediadores não permitiu qualquer suavização das posições. E essa falta de posições suavizada exprime-se no aumento de ataques até em zonas não previsíveis como era o Niassa”.
Nesta situação, o Governo esforça-se por tranquilizar a população. O que para Tomás Vieira Mário é um erro: “Eu acho que não há como não se preocupar. A situação está tão dramática que todo o mundo hoje está um pouco expetante sem saber bem qual é a visão de amanhã”.
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