A Liga dos Direitos Humanos de Moçambique (LDH) acusou, na terça-feira, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, de "intransigência", a propósito dos recentes conflitos armados com a Renamo, que provocaram cinco mortos, a que se juntaram mais três civis.
"O chefe de Estado moçambicano não é flexível, não é pelo diálogo e ninguém entende o que vai na sua alma e no seu pensamento, ao deixar que uma coisa como a violência de Muxúnguè ocorra", acusou a presidente da LDH, Maria Alice Mabota.
No início do mês, após um assalto policial a uma sede da Renamo em Muxúngué, no centro de Moçambique, homens armados do maior partido da oposição retaliaram e no confronto morreram quatro polícias e um ex-guerrilheiro.
Dias depois, homens armados alvejaram dois autocarros e um camião, na mesma zona, matando três civis, num ataque não reivindicado.
A líder da LDH fez uma comparação do atual Presidente com o seu antecessor, Joaquim Chissano, negativa para Armando Guebuza.
"O Presidente Joaquim Chissano era uma pessoa que primava pelo diálogo e, por isso, havia tranquilidade no país, diferentemente do atual chefe de Estado, que não prioriza o diálogo e entendimento", disse Mabota.
"A questão dos homens armados da Renamo a que, de forma recorrente, as autoridades se referem quando se aproximam os atos eleitorais, é um problema político e não criminal, uma vez que deriva dos Acordos Gerais de Paz e deve ser resolvido como tal", defendeu.
Em 1992, em Roma, o Governo da Frelimo e o movimento rebelde Renamo assinaram Acordos Gerais de Paz, que colocaram termo a 16 anos de guerra civil e introduziram o multipartidarismo no país.
Maria Alice Mabota condenou a atitude da Renamo em responder aos ataques da polícia, mas alinhou com as suas críticas à "partidarização" dos órgãos eleitorais.
"Este conflito que hoje estamos a viver deriva também da partidarização da CNE (Comissão Nacional de Eleições), uma vez que, a partir deste momento, as eleições passaram a ser decididas de forma estranha", considerou a presidente da LDH.
"Qual é o problema de deixar a Renamo ter membros iguais na CNE, o que a Frelimo teme? Ou será que tem medo de se descobrir que as eleições são, na verdade, ganhas na CNE através da influência que o partido tem lá?", perguntou Maria Alice Mabota.
Lusa
2 comments:
Eu é que não me lembro das cedências que Chissano fez. Quem souber, agradecia que mas fizesse recordar, para melhor ajuizar os feitos de um e do outro, perante as reclamações da Renamo. Sei, e disso tenho a certeza, que os desmobilizados da Renamo, que nunca foram beneficiários de pensão nem do Estatuto do Combatente, finalmente conseguiram isso. Quando?
E, depois, tenho medo da palavra arrogância, porque ela me parece arrogante. O mesmo se passa com a intransigência, que é intransigente. Será que a discussão é mesmo sobre diálogo Governo-Renamo? Num desses debates, ainda ouvi falar de presidências abertas. Presidência Aberta é também pacote eleitoral, diálogo Governo-Renamo?
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