Na última semana passaram-se, comigo e na minha presença, três factos que me parecem indiciar uma tendência social preocupante.
O primeiro episódio passou-se num restaurante da marginal de Maputo. A certa altura, numa das mesas, o tom de voz começa a elevar-se e os ânimos a exaltar-se. De um lado estava um ho- mem, de raça negra, e, do ...outro, um casal formado por um cidadão de raça branca e uma senhora mulata.
Não consegui perceber qual tinha sido a razão da disputa porque a argumentação do primeiro cidadão, claramente alcoolizado, se transformou apenas em insultos, de carácter racial, contra o outro cidadão e, mais tarde, contra a senhora que o acompanhava.
... Embora o segundo cidadão tivesse, por mais de uma vez, afirmado que era moçambicano, o primeiro tratou-o sempre como estrangeiro e, em relação à senhora, afirmava a sua superioridade por ele ser de raça negra pura.
O episódio terminou com o casal a abandonar o restaurante e o outro cidadão a continuar na mesma lenga-lenga racista.
A segunda história, em dois episódios semelhantes, passou-se mesmo comigo. No passado domingo, ao sair da cidade, passando por um subúrbio, um jovem, que não conheço de lado nenhum, nem ele a mim, chamou-me colono, em tom agressivo.
Ao fim da tarde, ao reentrar na cidade, novamente fui alvo do mesmo insulto, por um grupo de dois ou três jovens, também totalmente desconhecidos.
A única coisa que aqueles jovens sabiam a meu respeito era aquilo que viam, isto é que eu sou de raça branca. E isso lhes chegou para iniciarem os insultos. Não houve nenhum conflito, nada que provocasse exaltação. Apenas um carro a passar, lentamente porque o trânsito era intenso.
Tratou-se de reacções meramente de carácter racial. Coisa que, devo dizer, não me recordo de alguma vez ter so- frido antes. E foram dois episódios no mesmo dia.
Tudo isto me faz pensar que alguma coisa de negativo está a surgir na nossa sociedade, podendo vir a criar problemas no futuro.
Provavelmente consequência do grande número de estrangeiros que estão a entrar no país, ultimamente, e que alguns moçambicanos consideram que podem ser uma ameaça aos seus empregos. Embora isso não pareça provável em relação aos jovens que me insultaram, um dos quais empurrava um tchova.
Há, pois, que tentar entender o que se está a passar. E, para isso, haverá, decerto, gente muito melhor preparada do que eu.
A mim coube, apenas, alertar para um comportamento social, para mim, novo.
A mim coube, apenas, alertar para um comportamento social, para mim, novo.
Vamos reflectir sobre o caso:
• Existirá alguma ligação entre tal comportamento com a recente afirmação do PR e não só de "patrões estrangeiros" que, hipocritamente, manipula e pulveriza o povo menos esclarecido (que é a maioria) contra seus concidadãos?
Machado da Graça, Savana 29/03, citado no Facebook, Grupo Diálogo sobre Moçambique
Machado da Graça, Savana 29/03, citado no Facebook, Grupo Diálogo sobre Moçambique
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