Excelentíssimo senhor nosso empregado, passam cerca de oito meses desde que as chuvas pararam e até hoje, dez meses depois de começar a trabalhar para nós (o povo), as estradas que ficaram danificadas não foram reconstruídas.
Se é possível o seu Executivo fazer ajustes directos para comprar casas, viaturas, mobílias, combustíveis, persianas, electrodomésticos, material informático, comprar serviços de catering e até fazer publicidade porque não aplicar procedimento similar para reabilitar as poucas estradas que garantem a circulação do povo?
É que as chuvas da nova época começaram a cair e os seus patrões no Ile e Gurúè já estão impedidos de circular pela estrada nacional tudo porque a reabilitação, não só dessa estrada, mas das outras todas aguardam os concursos públicos!
Visto que o senhor começa a reconhecer que herdou um país que nem de longe chegou à prosperidade é preciso que responsabilize quem ao longo de dez anos andou a prometer-nos o bem-estar mas só nos deixou dívidas.
É inaceitável que o Estado se endivide sem a nossa autorização para comprar barcos de guerra (e para pesca de atum) mas não existam fundos para reabilitar as estradas que vão permitindo ao povo lutar pelo seu sustento, diga-se que está todos os dias mais difícil de conseguir.
Não foi por falta de aviso que nos endividaram para construir uma ponte cuja necessidade não é propriamente a maior nesta Pérola do Índico.
Apure também como foram gastos os 180 milhões de dólares norte-americanos alocados em 2013 ao um gabinete que se denominou de reconstrução pós-cheias mas que hoje nem endereço físico se consegue localizar. Que reconstruções foram feitas? Quanto custaram? Em que estado estão essas reconstruções?
Temos de recordar-lhe que prometeu não descansar “enquanto não tiver um país sulcado de vias de acesso transitáveis que assegurem, em todas as épocas do ano, a circulação de pessoas e bens em todo o território nacional”.
Também precisamos de chamar-lhe a atenção que no Orçamento do seu primeiro ano faltaram investimentos no acesso a água e no saneamento do meio que é provavelmente uma das principais causas das diarreias agudas e da cólera que já estão a matar o agora apelidado “capital humano”.
Entre os “eventos extremos” que foi simular a Mocuba reparou que faltava água potável ao seu patrão?
É muito bonito apelar ao “capital humano” para lavar as mãos e cuidar da higiene mas como se faz isso quando se tem apenas 40 litros de água para viver durante mais do que dois dias?
Por último, mas não menos importante, lembrar-lhe que prometeu-nos também que “Ninguém está acima da Lei e todos são iguais perante ela”. É que o seu ministro dos Transportes e Comunicações continua a violar a Lei da Probidade Pública.
Editorial, A Verdade |
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