Thursday, 19 November 2015

Esbanjar

Não me recordo de alguma vez ter visto alguém esbanjar tão rapidamente um importante capital de simpatia e confiança como esta a acontecer com Filipe Nyusi.
 O seu discurso de tomada de posse pareceu ser a abertura de uma janela de ar puro no pesado ambiente da fase final da presidência de Guebuza.
 O seu tom de humildade e o seu compromisso solene com a Paz deram-lhe o apoio de uma muito significativa camada dos moçambicanos.
 Mas, de duas uma: ou ele não percebeu que esse capital de popularidade lhe vinha de ele aparecer como um anti-Guebuza, e o discurso foram apenas lindas palavras para a sessão solene; ou então ele percebeu perfeitamente isso mas, uma vez chegado ao poder ja nao quis seguit aquele projecto, ou não o deixaram seguir.
 O homem que declarou que era capaz de se ajoelhar para conseguir a Paz e garantiu que nunca enviaria moçambicanos para fazer a Guerra a outros moçambicanos, afirma agora que é grande demais para negociar com intermediarios e esta a enviar polícias e militares atacar as bases da Renamo para desarmar, à força, os homens que la estao.E o resultado parece ser ja uma quantidade de mortos e feridos sem que haja notícias de quaisquer armas apreendidas nesses confrontos.
 Ao anunciar em Luanda que o seu o seu governo vai seguir o exemplo angolano no desarmamento da UNITA, Filipe Nyusi foi omisso no aspecto de que o desarmamento da UNITA comecou com apela morte de Jonas Savimbi. Mas se foi omisso nas palavras não o foi nos actos, do que são exemplos as duas emboscadas contra a comitiva de Dhlakama em Manica e o cerco e assalto à residência deste na Beira. Por muito que o senhor Basílio Monteiro tenha ido apresentar versões e desculpas esfarrapadas na Assembleia da República.
 Cada vez são mais as entidades que chamam a atenção de Filipe Nyusi para que a sua imagem publica se a deteriorar rapidamente a medida em que as suas prati cas entram em aberta contradição com as suas palavras.
 Os últimos, até ao momento, foram os bispos católicos no país.
 Resta saber se ele tem vontade para mudar esta realidade e, caso tenha, se os seus padrinhos políticos o deixam fazê-lo.
 Mas, entretanto, o tempo vai passando e o país vai-se afundando política, military e economicamente. E quem paga a factura são aqueles a quem Filipe Nyusi um dia chamou os seus únicos patrões.





 Machado da Graça, Savana 13-11-2015

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