Thursday, 5 November 2015

Académico acredita que diálogo prevalecerá em Moçambique

"Fala-se muito da paz, mas pratica-se a cultura da guerra", afirma o professor António Cabrita, que vive há dez anos no país. Porém, ele está otimista quanto à capacidade de diálogo do Governo da FRELIMO e da RENAMO.



A instabilidade política em Moçambique preocupa a comunidade portuguesa a viver no país, revela o professor António Cabrita, radicado há dez anos no país.
"Há alguma instabilidade fora da capital, no norte sobretudo, que eu espero que não cresça", diz o escritor português, que leciona na Universidade Eduardo Mondlane. "Fala-se muito da paz, mas pratica-se a cultura da guerra. Portanto, nunca se sabe inteiramente para que lado [a sociedade] vai."

Académico António Cabrita: "Há sinais de se querer uma estabilização"
Apesar dos conflitos armados esporádicos, envolvendo as forças governamentais e elementos armados fiéis à RENAMO, principal força da oposição, o académico acredita haver boa vontade de ambas as partes em manter um diálogo profícuo para repor a estabilidade.
"Há sinais de se querer, de facto, uma estabilização. Porque Moçambique tem tudo para crescer muito bem. É só preciso resolver alguns 'quid pro quos' ideológicos para que isso aconteça", diz António Cabrita, que concedeu a entrevista à DW África durante o Festival Literário Internacional de Óbidos, no centro de Portugal.



Viver na capital moçambicana

Ainda assim, a violência inquieta muitos portugueses que rumaram para Moçambique, depois da crise económica no seu país. Alguns até são vítimas de raptos. Mas o professor da Universidade Mondlane desdramatiza:
"Não existe mais violência em Maputo, durante a semana, do que existe em Lisboa. O que existe é uma indústria da segurança que, depois, torna os média mais atentos a essa realidade. Por isso, parece ser mais violento, mas não. Maputo é uma cidade absolutamente pacífica."
António Cabrita, que decidiu ir viver para Moçambique por amor, uma vez que a mulher é moçambicana, evita falar de retorno, embora haja casos de compatriotas seus que ponderam um eventual regresso à origem.
"Há muita gente que vai e depois acaba por voltar, porque, por vezes, vão numa atitude um pouco errada… Acham que ter a mesma língua... Mas chegam e verificam que a realidade não é compensável."
No entanto, sublinha António Cabrita, nem mesmo as ameaças de instabilidade abalam a determinação de outros milhares de portugueses, que, tal como ele, também se sentem em casa em Moçambique - "não há razão para não se sentirem em casa", diz o académico.




DW

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