Começa a ficar clara a diferença de interesses e significado da palavra “líder religioso”, quando o assunto é a Paz em Moçambique. Um dia, o PR entrou numa igreja e “recebeu bênção”, prometeu encontrar-se com o líder da Renamo. Outro dia, o mesmo PR encontrou-se com uma comunidade religiosa e recebeu “bênçãos” durante o jantar, tendo também recebido desta “comunidade”, declaração de intenções em também fazerem parte do processo de paz. Outro líder “atraiu” o líder das matas tendo nas horas seguintes o “abandonado”, qual "Pedro" em plena crise de fé!
Ontem, os Bispos Católicos foram dizer ao PR que há incoerência entre o discurso e a prática na busca pela paz em Moçambique, tendo na ocasião apelado o governo e a Renamo para deporem as armas e avançar para o diálogo sério e frutífero.
Aposto que é a primeira ocasião que o Presidente Nyusi é confrontado cara-a-cara com um grupo de cidadãos que o diz claro e directo que o que ele diz não é o que os seus colaboradores, sob sua responsabilidade fazem. E parece que o golpe foi tão forte ao ponto de o PR tentar ensaiar uma resposta defensiva, segunda a qual, os Bispos tinham que, para além de identificarem problemas, também proporem soluções.
Só que o “calor” da acusação directa foi tão forte que o PR se esqueceu que na mesma frase onde os bispos mencionaram a incoerência, vinha a proposta da solução. Nos tempos de estudante, diríamos que Nyusi foi bem “aquecido”.
Parabéns Bispos Católicos, que conseguiram tirar do PR respostas, mesmo que inconclusivas, espelham a realidade: como alguém vai dizer que não consegue falar com Dhlakama por um lado enquanto por outro, os seus colaboradores andam à sua traz, caçando-lhe a vida?
No dia 08 de Outubro Dhlakama saiu das matas em direcção a Beira de onde se prepararia para um encontro directo com o PR. No dia 09 de Outubro, forças governamentais cercaram a casa dele na Beira, despojaram a sua guarda das armas sem apelo nem agravo muito menos pré-aviso. Era para depois Dhlakama pegar no voo para Maputo ao encontro do PR? Ou conduzir em segredo em direcção ao complexo residencial da Presidência da República?
A fuga para frente segundo a qual o PR está a lidar com intermediários do terceiro escalão não cola. Sempre foi assim nas vésperas de preparação de cimeiras. Se a ideia é mesmo estabelecer negociações directas com Dhlakama, mande cessar a perseguição aos seus homens, devolva o clima de confiança às populações e enveredem pelo dialogo franco, directo e público. É que as duas coisas ao mesmo tempo é mesmo incongruência. A não ser que estejamos perante um método do tipo novo: O MÉTODO NYUSI: uma síncrise entre a pedagogia do oprimido e a arte de guerra. Enquanto o chefe prega diálogo os colaboradores andam às machadadas. Isto já aocnteceu com NERO, no Império Romano. Só que Nero era coerente: perseguia cristãos, ele próprio e orientava o resto neste sentido.
PS: Aguardo a resposta às seguintes perguntas:
Senhor Presidente, tem conhecimento de que as forças de Defesa e Segurança estão à caça das armas em mãos dos homens armados da Renamo? Em caso afirmativo, sabe que tal "desarmamento compulsivo" tem provocado mortes de civis e soldados de ambos lados? Em quanto tempo acha que o desarmamento chegará ao fim? Depois de desarmar, abandonará as negociações sobre os restantes dois pontos ( ponto 4 - questões económicas e ponto 3- questões militares)? Agradeço a quem poder fazer estas perguntas ao chefe do estado.
PS: Começo a ver quem são os líderes religiosos que se colocam na brecha, a favor da coerência, quando o momento assim exige .
Egidio Vaz, no Facebook
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