O Historiador Egidio Vaz é da opinião que entre as barracas e a Praça dos Heróis, o que deve sair é a Praça e não barracas. Vaz justifica a sua opinião afirmando que uma praça de heróis não devia se comportar como se de um cemiterio tratasse. Aos seus olhos, uma praça tinha que ser um espaço turistico onde o comercio florisse. Leia na integra o artigo de opiniao:
A propósito da remoção das barracas nas cercanias da Praça dos Heróis
A propósito da remoção das barracas nas cercanias da Praça dos Heróis
A última vez que escrevi sobre isto foi EM Fevereiro deste ano, depois de há três anos ter dito a mesma coisa. E hoje volto a insistir.
A Praça dos Heróis Nacionais é o local onde se celebram as efemérides mais importantes do País. É o ponto mais importante e mais alto de todas as cerimónias oficiais de carácter histórico-cultural do nosso país.
Nos 40 anos da nossa independência, a Praça tem recebido os filhos mais nobres deste país: tanto vivos como mortos, sendo os vivos em visita dos mortos. É lá onde repousam maior número dos heróis nacionais. Samora e Mondlane foram os primeiros lá e depois seguiram para as suas terras natais. [Mondlane foi antes enterrado em Tanzânia e depois seus restos mortais transladados a Maputo]. O último a jazer foi o Tenente-general José Moiane faleceu, foi declarado Herói e para lá foram seus restos mortais repousar.
EU NÃO CONCORDO COM O TRATAMENTO QUE A PRAÇA DOS HERÓIS ESTÁ A TER POR PARTE DO ESTADO MOÇAMBICANO.
A Praça dos Heróis não deve necessariamente ser um cemitério, para começar. A Praça dos Heróis deve ser um monumento erguido em reconhecimento dos heróis de uma determinada nação em torno do qual deve conter TODOS os elementos materiais e não materiais que documentam a história, a importância e o legado de quem se homenageia. Portanto, a Praça dos Heróis não é e nem deve ser cemitério.
A melhor forma de honrar os nossos heróis é não pô-las ou depositá-las dentro da cidade ou dentro das nossas casas. É colocando-os num espaço destacado onde podem descansar em paz eternamente. Isto sim, é respeito.
Em outros países – e é assim como acontece – uma Praça dos Heróis é normalmente um espaço público, acessível por todos, seja mediante o pagamento de uma quantia pecuniária seja de livre acesso, para aprendizagem e inspiração. Guias turísticos, expedições científicas e grupos de visita com vários interesses escalam este local para aprender, inspirar-se e saber um pouco da história de um povo. Uma praça dos heróis seria também um local onde fosse possível adquirir réplicas de objectos históricos ou insígnias dos que ora se homenageia, como bandeirolas, cachecóis, bonés, camisetas, livros, agendas, garrafas, casacos, medalhas, postais, etc., de pessoas honradas de uma nação ou do seu legado.
Ou seja, em vez de ser um cemitério, evitado e vigiado 24 sobre 24 horas, uma praça dos heróis devia ou poderia ser um ponto de atração turística, onde a cada dia 3 de Fevereiro ou data histórica , pudéssemos levar nossos filhos para visitá-la e revisitar a história de um povo; a nossa história de Moçambique.
Fazendo-a um verdadeiro cemitério como é o caso, faz sentido que seja inacessível. Nem ao muro de João Craveirinha se deve fotografar! É óbvio; num cemitério como aquele, onde repousam pessoas, protegê-lo contra a profanação é uma prioridade, infelizmente.
Eu sou de opinião que se deve encontrar um espaço; o Município de Maputo e da Matola, ou qualquer outro deste país, deve encontrar um espaço bom, acessível e nobre para criar um cemitério de dirigentes, se assim quiserem, para onde todos eles deverão encontrar a ultima moradia. Nos EUA, Grã-Bretanha etc., existem este tipo de cemitérios, que são também eles próprios locais de atração turística. Arlington National Cemitery, na Virgínia, EUA, é um exemplo.
É que eu estou cansado daquele cemitério familiar dentro da Cidade: Tem ar pesado, melancólico e muito supersticioso. É pouco usado, pouco útil para a maioria da população e não rentável nem do ponto de vista financeiro, muito menos do ponto de vista cultural e educacional. É dos poucos espaços públicos desdenhados por más razões.
E porque ele é apenas acessível em dias históricos e por um grupo eleito, a Praça dos Heróis acaba não servindo a sua função de património nacional, de todos nós, para assumir um carácter privado e familiar; um cemitério dos eleitos e paradoxalmente sustentado pelos cofres do Estado.
Urge um debate nacional sobre a pertinência em mantermos cemitérios familiares e elitistas dentro da cidade. Entre encontrar um espaço nobre e fora da cidade, devidamente apetrechado para colher e acomodar os heróis nacionais; os melhores filhos da pátria moçambicana e mantermos os nossos heróis naquela praça barulhenta e alva sistemática de acidentes de viação [entre embates contra muros por pessoas bêbadas etc.], eu prefiro a primeira opção, com a vantagem de que pensando em transformá-la numa verdadeira referência história, de aprendizagem e de inspiração nacional, acessível por todos e por todos respeitada.
E com esta provocação vem todo o debate sobre a valorização do nosso património material e imaterial da nação moçambicana.
Caras & Factos
A Praça dos Heróis Nacionais é o local onde se celebram as efemérides mais importantes do País. É o ponto mais importante e mais alto de todas as cerimónias oficiais de carácter histórico-cultural do nosso país.
Nos 40 anos da nossa independência, a Praça tem recebido os filhos mais nobres deste país: tanto vivos como mortos, sendo os vivos em visita dos mortos. É lá onde repousam maior número dos heróis nacionais. Samora e Mondlane foram os primeiros lá e depois seguiram para as suas terras natais. [Mondlane foi antes enterrado em Tanzânia e depois seus restos mortais transladados a Maputo]. O último a jazer foi o Tenente-general José Moiane faleceu, foi declarado Herói e para lá foram seus restos mortais repousar.
EU NÃO CONCORDO COM O TRATAMENTO QUE A PRAÇA DOS HERÓIS ESTÁ A TER POR PARTE DO ESTADO MOÇAMBICANO.
A Praça dos Heróis não deve necessariamente ser um cemitério, para começar. A Praça dos Heróis deve ser um monumento erguido em reconhecimento dos heróis de uma determinada nação em torno do qual deve conter TODOS os elementos materiais e não materiais que documentam a história, a importância e o legado de quem se homenageia. Portanto, a Praça dos Heróis não é e nem deve ser cemitério.
A melhor forma de honrar os nossos heróis é não pô-las ou depositá-las dentro da cidade ou dentro das nossas casas. É colocando-os num espaço destacado onde podem descansar em paz eternamente. Isto sim, é respeito.
Em outros países – e é assim como acontece – uma Praça dos Heróis é normalmente um espaço público, acessível por todos, seja mediante o pagamento de uma quantia pecuniária seja de livre acesso, para aprendizagem e inspiração. Guias turísticos, expedições científicas e grupos de visita com vários interesses escalam este local para aprender, inspirar-se e saber um pouco da história de um povo. Uma praça dos heróis seria também um local onde fosse possível adquirir réplicas de objectos históricos ou insígnias dos que ora se homenageia, como bandeirolas, cachecóis, bonés, camisetas, livros, agendas, garrafas, casacos, medalhas, postais, etc., de pessoas honradas de uma nação ou do seu legado.
Ou seja, em vez de ser um cemitério, evitado e vigiado 24 sobre 24 horas, uma praça dos heróis devia ou poderia ser um ponto de atração turística, onde a cada dia 3 de Fevereiro ou data histórica , pudéssemos levar nossos filhos para visitá-la e revisitar a história de um povo; a nossa história de Moçambique.
Fazendo-a um verdadeiro cemitério como é o caso, faz sentido que seja inacessível. Nem ao muro de João Craveirinha se deve fotografar! É óbvio; num cemitério como aquele, onde repousam pessoas, protegê-lo contra a profanação é uma prioridade, infelizmente.
Eu sou de opinião que se deve encontrar um espaço; o Município de Maputo e da Matola, ou qualquer outro deste país, deve encontrar um espaço bom, acessível e nobre para criar um cemitério de dirigentes, se assim quiserem, para onde todos eles deverão encontrar a ultima moradia. Nos EUA, Grã-Bretanha etc., existem este tipo de cemitérios, que são também eles próprios locais de atração turística. Arlington National Cemitery, na Virgínia, EUA, é um exemplo.
É que eu estou cansado daquele cemitério familiar dentro da Cidade: Tem ar pesado, melancólico e muito supersticioso. É pouco usado, pouco útil para a maioria da população e não rentável nem do ponto de vista financeiro, muito menos do ponto de vista cultural e educacional. É dos poucos espaços públicos desdenhados por más razões.
E porque ele é apenas acessível em dias históricos e por um grupo eleito, a Praça dos Heróis acaba não servindo a sua função de património nacional, de todos nós, para assumir um carácter privado e familiar; um cemitério dos eleitos e paradoxalmente sustentado pelos cofres do Estado.
Urge um debate nacional sobre a pertinência em mantermos cemitérios familiares e elitistas dentro da cidade. Entre encontrar um espaço nobre e fora da cidade, devidamente apetrechado para colher e acomodar os heróis nacionais; os melhores filhos da pátria moçambicana e mantermos os nossos heróis naquela praça barulhenta e alva sistemática de acidentes de viação [entre embates contra muros por pessoas bêbadas etc.], eu prefiro a primeira opção, com a vantagem de que pensando em transformá-la numa verdadeira referência história, de aprendizagem e de inspiração nacional, acessível por todos e por todos respeitada.
E com esta provocação vem todo o debate sobre a valorização do nosso património material e imaterial da nação moçambicana.
Caras & Factos
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