Monday, 2 November 2015

Ferroviário de Maputo conquista Moçambola com pouca verdade desportiva

 
Foto Eliseu Patife











Quando o árbitro Samuel Chirindza apitou no Chibuto o Costa do Sol, apesar da derrotada tangencial, era o Campeão nacional. Entretanto ainda haviam mais de 5 minutos para jogar no estádio 25 de Junho onde o Ferroviário de Nampula vencia o seu homónimo de Maputo. Porém, os locomotivas da capital conseguiram ganhar uma grande penalidade que Lewis transformou em golo empatando a partida e garantindo o décimo título dos locomotivas de Maputo.
“O campeão é sempre justo”, afirmou Alberto Simango Júnior, que começou a época como presidente da Liga de Clubes e agora é o presidente da Federação de Futebol, e tem apregoado o seu “compromisso para com a verdade desportiva”.
Ora verdade desportiva faltou na última jornada do Moçambola. É que as jornadas 24 e 25 do Campeonato Nacional foram disputadas num mesmo dia e com início à mesma hora. Estranhamente a Liga Moçambicana de Clubes (LMF) agendou a disputa da 26ª e última jornada do Moçambola para dois dias diferentes.
Havia clara influência da vitória da Liga Desportiva de Maputo, que no sábado derrotou o Ferroviário da Beira na Matola, nas contas finais do título, se Costa do Sol e Ferroviário de Maputo tivessem perdido os seus jogos, de acordo com o primeiro critério de desempate, ficavam em vantagem os canarinhos de Maputo.
Mais estranho foi o apito inicial, e também o final, da partida entre o Chibuto FC e o Costa do Sol ter acontecido quase 5 minutos antes do jogo entre os Ferroviários de Nampula e de Maputo dando tempo mais do que suficiente para que a equipa de Caló que fez um mau jogo no estádio 25 de Junho, como o próprio treinador reconheceu, forçasse uma falta na área de rigor, em cima do minuto 90, e pudesse empatar o jogo e conquistar o mais importante troféu do futebol moçambicano.

Canarinhos não marcaram nem jogaram bem

Depois de uma entrada à sua imagem os guerreiros do Chibuto viram os pupilos de Nelson Santos assumir o comando do jogo onde só a vitória, por muitos golos, interessava para as contas do título.
Após um bom cruzamento Manuelito atirou ligeiramente por cima do travessão de Zacarias e, antes da meia hora, o zambiano Linekar acertou no poste esquerdo após bom cruzamento de Ruben.
Os guerreiros não facilitavam, trocavam bem a bola e na sequência de uma dessas jogadas, pelo centro do relvado, a bola chegou a Johane que perto da meia lua, e com vários defesas canarinhos por perto, armou um tiro que só parou no fundo das redes de Soarito.
Depois do descanso o Costa do Sol voltou a procura do golo, Nelson Santos mexeu na equipa que chegou a jogar com quatro avançados mas o golo não acontecia. No minuto 51, na sequência de um pontapé de canto da esquerda, Lineker cabeceou para a baliza mas viu um defesa substituir o guarda-redes Zacarias.
No pontapé de canto seguinte o jogador canarinho tentou cruzar para baliza mas desta vez Zacarias estava lá e defendeu com segurança.
Os jogadores do Chibuto já não pareciam ter vontade de jogar e arranjavam todo tipo de pretextos para queimar tempo.
Com pouca profundidade o ataque canarinho não criava perigo e só de bola parada incomodava o guarda-rede Zacarias. Já em desespero os pupilos de Nelson Santos tentavam chutar de longe mas sem conseguir visar a baliza do Chibuto FC.
Samuel Chirindza apitou pela última vez e os canarinhos apesar da derrota eram campeões, o seu concorrente directo jogava o minuto 85 e estava a perder.

Lewis transformou em golo penálti que devia envergonhar o futebol moçambicano

Durante as três semanas que antecederam a jornada de todas as decisões ficou no ar um eventual favorecimento do Ferroviário de Nampula ao Ferroviário de Maputo. É que embora Rogério Gonçalves tenha afirmado que a sua equipa estava a preparar-se para vencer a verdade é que a sua equipa entrou para o relvado do estádio 25 de junho sem nada para perder, tinha assegurado a manutenção após uma época fraca.
Com muita garra e sem pressão os locomotivas de Nampula entraram melhor para a partida e, perante um opositor apático, adiantaram-se no marcado no minuto 15. Grande trabalho de Massawa que recebeu a bola no seu meio campo, galgou o flanco direito e rematou forte e cruzado para a defesa incompleta de Leonel. O esférico sobrou para Avelino empurrou para festa dos adeptos da casa.
A equipa de Caló não parecia querer chegar o título, jogava sem alegria e não trocava bem a bola do meio campo para frente quase não incomodando o guarda-redes Pinto.
Mesmo depois do descanso, e das substituições feitas por Carlos Manuel era o Ferroviário da casa que assumia as despesas do jogo enquanto o homónimo de Maputo só esporadicamente chegava à área adversária.
É verossímil a rivalidade entre os Ferroviários mas também se sabe que quando algo maior está em jogo as locomotivas unem-se para terem força.
E foi isso que se viu depois do minuto 90, Muandro entrou pela a grande área e o defesa Óscar fez a vontade fazendo ostensivamente uma falta. Filimão Filipe assinalou o castigo máximo e Lewis fuzilou para o golo que deu o primeiro título nacional de futebol a Carlos Manuel, o décimo dos locomotivas da capital de Moçambique.
Nelson Santos tem todos os motivos para afirmar que o campeão não é justo. “Tudo foi feito para o jogo acabar mais cedo no Chibuto. A equipa(do Ferroviário de Maputo) ainda teve mais dez minutos e foi precisamente no momento em que acaba o jogo em Chibuto que há um penálti em Nampula”, disse o treinador do Costa do Sol.
Quiçá, pela verdade desportiva, a Federação Moçambicana de Futebol devia agendar uma finalíssima entre o Ferroviário de Maputo e o Costa do Sol para decidir o campeão de 2015, tal como fez com a decisão da poule da região Norte onde os resultados da última jornada também não foram verdadeiros e, mesmo sem provas, a instituição que Alberto Simango Júnior dirige não homologou os resultados e mudou o regulamento da prova.
Semedo salva alvi-negros
No estádio nacional do Zimpeto os adeptos alvi-negros entraram nervosos, tremeram com o golo do seu homónimo de Nacala. Mas antes do intervalo Clemente trouxe alguma calma para a raça alvi-negra.
Quase a abrir a segunda etapa Jerry restabeleceu a igualdade e voltou a atrapalhar as contas da manutenção da equipa de Dário Monteiro pois na cidade portuário de Nacala o Desportivo local estava vencer o 1º de Maio de Quelimane, graças a um golo de Odilo no minuto 5.
Entretanto Júnior empatou para o 1º de Maio na Bela Vista e os quelimanenses deram a volta ao marcador vencendo o Desportivo de Nacala por 1 a 2.
Depois do apito final os adeptos alvi-negros levaram Artur Semedo, o treinador adversário, aos ombros.
Na capital da Zambézia, província que no próximo ano não estará representada no Moçambola, o Ferroviário local somou a sua terceira vitória diante do homónimo de Nacala.

Eis os resultados da última jornada do Moçambola:

Liga Desportiva de Maputo 2-0 Ferroviário da Beira
ENH FC 1-2 Maxaquene
Chibuto FC 1-0 Costa do Sol
Ferroviário de Nampula 1-1 Ferroviário de Maputo
Desportivo de Nacala 1-2 1º de Maio de Quelimane
Desportivo de Maputo 1-1 HCB de Songo
Ferroviário de Quelimane 1-0 Ferroviário de Nacala






A Verdade


A classificação final ficou assim ordenada:
CLUBES JVEDBMBSP
Ferroviário de Maputo261286352044
Costa do Sol261277261743
Liga Desportiva de Maputo261277261243
HCB do Songo261097221739
Ferroviário da Beira261169232139
Ferroviário de Nampula269107181837
Maxaquene2610610212136
Ferroviário de Nacala269710171534
Chibuto FC268108242034
10ºENH FC269710232734
11ºGrupo Desportivo Maputo267910172530
12º1º de Maio de Quelimane266119172529
13ºDesportivo de Nacala266911162627
14ºFerroviário de Quelimane263101393019

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