Quando o árbitro Samuel Chirindza apitou no Chibuto o Costa do Sol, apesar da derrotada tangencial, era o Campeão nacional. Entretanto ainda haviam mais de 5 minutos para jogar no estádio 25 de Junho onde o Ferroviário de Nampula vencia o seu homónimo de Maputo. Porém, os locomotivas da capital conseguiram ganhar uma grande penalidade que Lewis transformou em golo empatando a partida e garantindo o décimo título dos locomotivas de Maputo.
“O campeão é sempre justo”, afirmou Alberto Simango Júnior, que começou a época como presidente da Liga de Clubes e agora é o presidente da Federação de Futebol, e tem apregoado o seu “compromisso para com a verdade desportiva”.
Ora verdade desportiva faltou na última jornada do Moçambola. É que as jornadas 24 e 25 do Campeonato Nacional foram disputadas num mesmo dia e com início à mesma hora. Estranhamente a Liga Moçambicana de Clubes (LMF) agendou a disputa da 26ª e última jornada do Moçambola para dois dias diferentes.
Havia clara influência da vitória da Liga Desportiva de Maputo, que no sábado derrotou o Ferroviário da Beira na Matola, nas contas finais do título, se Costa do Sol e Ferroviário de Maputo tivessem perdido os seus jogos, de acordo com o primeiro critério de desempate, ficavam em vantagem os canarinhos de Maputo.
Mais estranho foi o apito inicial, e também o final, da partida entre o Chibuto FC e o Costa do Sol ter acontecido quase 5 minutos antes do jogo entre os Ferroviários de Nampula e de Maputo dando tempo mais do que suficiente para que a equipa de Caló que fez um mau jogo no estádio 25 de Junho, como o próprio treinador reconheceu, forçasse uma falta na área de rigor, em cima do minuto 90, e pudesse empatar o jogo e conquistar o mais importante troféu do futebol moçambicano.
Canarinhos não marcaram nem jogaram bem
Depois de uma entrada à sua imagem os guerreiros do Chibuto viram os pupilos de Nelson Santos assumir o comando do jogo onde só a vitória, por muitos golos, interessava para as contas do título.
Após um bom cruzamento Manuelito atirou ligeiramente por cima do travessão de Zacarias e, antes da meia hora, o zambiano Linekar acertou no poste esquerdo após bom cruzamento de Ruben.
Os guerreiros não facilitavam, trocavam bem a bola e na sequência de uma dessas jogadas, pelo centro do relvado, a bola chegou a Johane que perto da meia lua, e com vários defesas canarinhos por perto, armou um tiro que só parou no fundo das redes de Soarito.
Depois do descanso o Costa do Sol voltou a procura do golo, Nelson Santos mexeu na equipa que chegou a jogar com quatro avançados mas o golo não acontecia. No minuto 51, na sequência de um pontapé de canto da esquerda, Lineker cabeceou para a baliza mas viu um defesa substituir o guarda-redes Zacarias.
No pontapé de canto seguinte o jogador canarinho tentou cruzar para baliza mas desta vez Zacarias estava lá e defendeu com segurança.
Os jogadores do Chibuto já não pareciam ter vontade de jogar e arranjavam todo tipo de pretextos para queimar tempo.
Com pouca profundidade o ataque canarinho não criava perigo e só de bola parada incomodava o guarda-rede Zacarias. Já em desespero os pupilos de Nelson Santos tentavam chutar de longe mas sem conseguir visar a baliza do Chibuto FC.
Samuel Chirindza apitou pela última vez e os canarinhos apesar da derrota eram campeões, o seu concorrente directo jogava o minuto 85 e estava a perder.
Lewis transformou em golo penálti que devia envergonhar o futebol moçambicano
Durante as três semanas que antecederam a jornada de todas as decisões ficou no ar um eventual favorecimento do Ferroviário de Nampula ao Ferroviário de Maputo. É que embora Rogério Gonçalves tenha afirmado que a sua equipa estava a preparar-se para vencer a verdade é que a sua equipa entrou para o relvado do estádio 25 de junho sem nada para perder, tinha assegurado a manutenção após uma época fraca.
Com muita garra e sem pressão os locomotivas de Nampula entraram melhor para a partida e, perante um opositor apático, adiantaram-se no marcado no minuto 15. Grande trabalho de Massawa que recebeu a bola no seu meio campo, galgou o flanco direito e rematou forte e cruzado para a defesa incompleta de Leonel. O esférico sobrou para Avelino empurrou para festa dos adeptos da casa.
A equipa de Caló não parecia querer chegar o título, jogava sem alegria e não trocava bem a bola do meio campo para frente quase não incomodando o guarda-redes Pinto.
Mesmo depois do descanso, e das substituições feitas por Carlos Manuel era o Ferroviário da casa que assumia as despesas do jogo enquanto o homónimo de Maputo só esporadicamente chegava à área adversária.
É verossímil a rivalidade entre os Ferroviários mas também se sabe que quando algo maior está em jogo as locomotivas unem-se para terem força.
E foi isso que se viu depois do minuto 90, Muandro entrou pela a grande área e o defesa Óscar fez a vontade fazendo ostensivamente uma falta. Filimão Filipe assinalou o castigo máximo e Lewis fuzilou para o golo que deu o primeiro título nacional de futebol a Carlos Manuel, o décimo dos locomotivas da capital de Moçambique.
Nelson Santos tem todos os motivos para afirmar que o campeão não é justo. “Tudo foi feito para o jogo acabar mais cedo no Chibuto. A equipa(do Ferroviário de Maputo) ainda teve mais dez minutos e foi precisamente no momento em que acaba o jogo em Chibuto que há um penálti em Nampula”, disse o treinador do Costa do Sol.
Quiçá, pela verdade desportiva, a Federação Moçambicana de Futebol devia agendar uma finalíssima entre o Ferroviário de Maputo e o Costa do Sol para decidir o campeão de 2015, tal como fez com a decisão da poule da região Norte onde os resultados da última jornada também não foram verdadeiros e, mesmo sem provas, a instituição que Alberto Simango Júnior dirige não homologou os resultados e mudou o regulamento da prova.
Semedo salva alvi-negros
No estádio nacional do Zimpeto os adeptos alvi-negros entraram nervosos, tremeram com o golo do seu homónimo de Nacala. Mas antes do intervalo Clemente trouxe alguma calma para a raça alvi-negra.
Quase a abrir a segunda etapa Jerry restabeleceu a igualdade e voltou a atrapalhar as contas da manutenção da equipa de Dário Monteiro pois na cidade portuário de Nacala o Desportivo local estava vencer o 1º de Maio de Quelimane, graças a um golo de Odilo no minuto 5.
Entretanto Júnior empatou para o 1º de Maio na Bela Vista e os quelimanenses deram a volta ao marcador vencendo o Desportivo de Nacala por 1 a 2.
Depois do apito final os adeptos alvi-negros levaram Artur Semedo, o treinador adversário, aos ombros.
Na capital da Zambézia, província que no próximo ano não estará representada no Moçambola, o Ferroviário local somou a sua terceira vitória diante do homónimo de Nacala.
Eis os resultados da última jornada do Moçambola:
Liga Desportiva de Maputo 2-0 Ferroviário da Beira
ENH FC 1-2 Maxaquene
Chibuto FC 1-0 Costa do Sol
Ferroviário de Nampula 1-1 Ferroviário de Maputo
Desportivo de Nacala 1-2 1º de Maio de Quelimane
Desportivo de Maputo 1-1 HCB de Songo
Ferroviário de Quelimane 1-0 Ferroviário de Nacala
A Verdade
A classificação final ficou assim ordenada:A Verdade
CLUBES | J | V | E | D | BM | BS | P | |
1º | Ferroviário de Maputo | 26 | 12 | 8 | 6 | 35 | 20 | 44 |
2º | Costa do Sol | 26 | 12 | 7 | 7 | 26 | 17 | 43 |
3º | Liga Desportiva de Maputo | 26 | 12 | 7 | 7 | 26 | 12 | 43 |
4º | HCB do Songo | 26 | 10 | 9 | 7 | 22 | 17 | 39 |
5º | Ferroviário da Beira | 26 | 11 | 6 | 9 | 23 | 21 | 39 |
6º | Ferroviário de Nampula | 26 | 9 | 10 | 7 | 18 | 18 | 37 |
7º | Maxaquene | 26 | 10 | 6 | 10 | 21 | 21 | 36 |
8º | Ferroviário de Nacala | 26 | 9 | 7 | 10 | 17 | 15 | 34 |
9º | Chibuto FC | 26 | 8 | 10 | 8 | 24 | 20 | 34 |
10º | ENH FC | 26 | 9 | 7 | 10 | 23 | 27 | 34 |
11º | Grupo Desportivo Maputo | 26 | 7 | 9 | 10 | 17 | 25 | 30 |
12º | 1º de Maio de Quelimane | 26 | 6 | 11 | 9 | 17 | 25 | 29 |
13º | Desportivo de Nacala | 26 | 6 | 9 | 11 | 16 | 26 | 27 |
14º | Ferroviário de Quelimane | 26 | 3 | 10 | 13 | 9 | 30 | 19 |
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