Thursday, 5 November 2015

Cidadãos pedem mudança de discursos dos dirigentes



Devido a perca de vidas humanas nos confrontos de Sabe (Morrumbala)




Cidadãos residentes na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, pedem para que alguns dirigentes mudem de discursos para que haja paz entre os moçambicanos.
Na verdade o que acontece é que os dirigentes a todos níveis não assumem que há mortes nos combates por parte das Forças de Defesa e Segurança(FDS), mas que na verdade, há sempre enterros de jovens que ingressaram as fileiras e alguns destes enterros são feitos de forma discreta para não chamar atenção ao público e também a imprensa.
A título de exemplo, esta segunda-feira(02), houve um funeral de um jovem que supostamente foi morto pelos homens da Renamo, que em vida pertencia a um batalhão da guarda fronteira e afecto à província de Cabo Delgado, mas que ultimamente havia sido orientado para ir se juntar a outros no distrito de Morrumbala em Sabe.
Algumas pessoas que falaram ao Diário da Zambézia no acto do funeral, dizem que os dirigentes não podem falar da paz e que meia volta saem publicamente com discursos belicistas que na opinião deste incitam a violência.
Alberto Cipriano, um dos cidadãos apontou como exemplo de dirigente que com as suas palavras incita a violência e a afasta a possibilidade de reconciliação para bem longe, o comandante geral da polícia Jorge Khalau, que segundo ele muito recentemente usando um dos canais televisivo afirmou categoricamente que "vamos perseguir os homens da Renamo até os seus ninhos para desarma-los".
Na sua opinião, este tipo de pronunciamento não trazem sossego e muitos moralizam os
homens da Renamo de modo a aceitarem a ideia de entregar as armas, porque a continuar assim com estes tipo de discursos, os homens ao invés de entregarem as armas vão querer mostrar que tem capacidade de resposta, "tal como aconteceu com este nosso filho, irmão que hoje fomos enterrar jovem que era ainda com muito por dar para este país, então estamos a pedir para que os nossos dirigentes troquem de discursos, porque caso não, não vamos chegar a paz que tanto estamos a falar, as pessoas estão a marchar em prol da paz outros fazem o contrario e assim será, cada um vai querer mostrar a sua capacidade de resposta, resultado é o capim que vai secar, os nossos filhos, viúva e órfãos", -pediu.
Instado a comentar sobre o que de facto deve ser feito, a fonte disse que, basta apenas recuar no tempo e no espaço e lembrar que durante a governação de Joaquim Chissano não houve este tipo de situação, e na mesma altura os homens da Renamo tinham em sua posse as mesmas armas que hoje parecem estar a preocupar muito as pessoas até ao ponto dos nossos filhos perderem a vida por elas.
"Não estou a defender que um partido político deve ter armas não, mas as formas como elas querem ser tiradas deles usando a força, ameaças, será que é só hoje que lembramos que existe alguém com armas durante esse tempo todo o que estava acontecer, queremos dizer que estávamos distraídos eu não concordo, alguma coisa deve estar acontecer que eu não saiba, por isso estamos a pedir vamos parar para pensar e conversarmos como moçambicanos", - disse para depois acrescentar que, esta conversa só pode acontecer se pararmos com ameaças nos nossos discursos porque com estas mortes de jovens não podemos negar que novamente estamos em guerra, uma guerra silenciosa mas que aos poucos vai dizimando vidas humanas de inocentes.
Anastácio Mothiua, outro interlocutor que defende a ideia de mudar de discursos dos dirigentes para uma paz efectiva. Este entende que se não existir uma mudança na forma como abordar a questão da paz e limitar-nos apenas ameaçar uns e outros tentando mostrar que somos capazes e aquele grupo não é a situação vai prevalecer pois a solução estará a ficar cada vez mais longe de ser encontrada.
Recorda que, foi assim, durante a guerra dos 16 anos onde cada parte mostrava que é capaz dominar o outro e o que aconteceu foi aquilo que se viu, destruição das infraestruturas socioeconómicas, perca de vidas humanas e um número incalculável de órfãos. Para este cidadão, os dirigentes estão mais preocupados em guerrearem-se " ao invés de parar e reflectir em conjunto para onde vamos com actual situação económica, onde tudo o que povo precisa para sobreviver está a subir de preço, foi baleada em Morrumbala ou em Manica",- disse visivelmente abalado.

Para depois dizer que, a situação torna-se ainda mais agravante quando não se sabe do paradeiro do líder da Renamo Afonso Dhlakama como comandante destes homens, ai pode-se esperar oportunismo até de malfeitores que possuem armas que podem começar a saquear bens fazendo-se passar de homens da Renamo.

 (António Munaita)




DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 05.11.2015

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