Depois de 15 semanas ausente, a delegação da Renamo decidiu retornar à mesa de diálogo, esta segunda-feira (27), para discutir com a sua contraparte, o Governo, a presença de mediadores e facilitadores no diálogo político que se arraste desde Maio de 2013. Porém, apesar deste pequeno, mas valioso, avanço, ainda não ficou claro quem serão as tais figuras, nem se o Executivo vai aceitar a inclusão de estrangeiros, como pretende a “Perdiz”.
No final de ronda deste segunda-feira, as duas delegações estavam satisfeitas com a avanço dado, embora continuassem a usar uma linguagem diferenciada para se referir às figuras que serão incluídas no diálogo.
A delegação da Renamo, chefiada pelo deputado da Assembleia da República (AR), Saimone Macuiane, falava de “mediadores e observadores” e a governamental referia-se a observadores ou simplesmente “terceiros”.
“A nossa agenda de hoje tem que ver com a mediação e observação. Nessa agenda demos um passo a mais e ao longo dos próximos dias iremos trabalhar no sentido de produzir os códigos de conduta e também produzir as personalidades e entidades que tomarão parte deste processo”, afirmou o chefe da delegação da Renamo em conferência de imprensa.
Para esta delegação, no breve encontro, que durou cerca de 30 minutos, ficou clara a importância da mediação e observação do diálogo, faltando às partes encontrarem a melhor forma de integrar estas figuras. Entretanto, Macuiane, quando questionado sobre se o regresso da sua delegação à mesa do diálogo não significaria o fim dos ataques, disse que esse assunto não foi tratado no debate.
Ronda positiva Por seu turno, a equipa do Governo classificou de positiva a ronda desta segunda-feira, a primeira desde a interrupção do diálogo a 14 de Outubro do 2013. “Foi um encontro positivo e o espírito das duas delegações parece bom”, referiu o ministro dos Transporte e Comunicações, Gabriel Muthisse.
Segundo Muthisse, em curto espaço de tempo em que as duas equipas estiveram reunidas conseguiram “acordar em algumas questões essenciais ao diálogo, nomeadamente, a questão da participação de terceiros”. “Temos fé que no trabalho que vamos fazer logo a seguir, que é procurar acordar o contexto, critérios e termos de referência dessa participação de “terceiros”, ou seja, observadores, vamos criar condições muito mais positivas para o avanço do processo do diálogo”, afirmou convicto.
A delegação governamental disse ter ficado com a impressão de que a Renamo voltou ao diálogo, de facto, com espirito construtivo e, portanto, vai procurar, nas próximas sessões de trabalho, consolidar esse espirito entre as duas delegações de modo que isso possa ter reflexos positivos na vida económica, política, cultural e social do povo.
Muthisse entende não haver da parte do Governo, e quiçá da Renamo, nenhum interesse em ver quem saí a ganhar ou a perder nesse diálogo, pois quem deve ganhar com o mesmo são os moçambicanos.
A delegação do Renamo havia interrompido o diálogo com o Executivo em meados do Outubro passado, impondo como condição para o seu regresso a presença de facilitadores, observadores e, mais tarde, de mediadores.
A pedido supostamente do Chefe do Estado, Armando Guebuza, o partido de Afonso Dhlakama enviou, no início do mês de Dezembro, uma carta à Presidência da República na qual indicava 14 figuras, entre nacionais e internacionais, para mediarem o diálogo.
Entre os indicados constavam os nomes do constitucionalista moçambicano Gilles Cistac; bispo italiano Matteo Zuppi ; ex-Presidente sul-africano, Thabo Mbeki; e um representante não identificado da União Europeia. Além destes, propôs também a presença de figuras de países como Estados Unidos, China, Portugal, Cabo Verde, Quénia e Botswana.
A Verdade
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