A marcha organizada pelo partido Frelimo, este sábado, para a exaltação do Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, pelos seus “feitos” nos seus dois mandatos e homenagem pelo seu 71º aniversário natalício, serviu principalmente para tornar evidente o que já se sabia, mas que algumas pessoas ainda teimam em não reconhecer: a impopularidade do Presidente da República perante o povo que dirige.
Mesmo com a disponibilização de meios de transporte para a deslocação gratuita de pessoas que iriam participar da marcha, o tiro acabou saindo pela culatra.
Enquanto, os organizadores estavam na expectativa de juntar não menos de 20 mil pessoas na praça de independência, a realidade tratou de mostrar que a população da cidade e província de Maputo, e não só, não simpatiza com Guebuza. Ou seja, menos de dez mil pessoas estiveram presente no local. Aliás, estima-se que tenham sido cerca de cinco mil.
Homenagear Guebuza pela obra feita durante os dois mandatos da sua governação e comemorar a seu aniversário foi o móbil oficial que levou a realização da marcha. Lavar a imagem do PR que se encontra demasiada desgastada é o que ficou explicito nos discursos dos “camaradas”.
O secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúde, condenou os críticos de Guebuza e o primeiro secretário desta organização a nível da cidade de Maputo repudiou o que chama de “tentativa de empurrar o povo moçambicano contra o seu Presidente”.
A caminhada iniciou as 8h00, na estátua do arquitecto da Unidade Nacional, Eduardo Mondlane, e foi desembocar às costas da estátua do primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, na praça da independência.
Já na praça quando se esperava pela chegada de mais pessoas para corporizarem a multidão que se encontrava ao sol escaldante, mais ninguém chegou, senão um número pouco significativo se pessoas.
Disseram que vínhamos ver Guebuza
O ambiente de concórdia que reinou antes, durante e depois da marcha não foi suficiente para disfarçar os rostos de decepção com que ficaram alguns grupos de cidadãos que, com argumentos falsos, foram arrastados para participarem da marcha.
Segundo contaram alguns grupos, aquando do convite para integrarem ao evento, os chefes de quarteirões alegavam tratar-se de um encontro de despedida do Presidente da República, um vez que seu mandato já está na recta final. Porém, contra essa expectativa, o Armando Guebuza não esteve no local.
“O que nos disse o chefe de quarteirão do bairro de Hulene “B” foi que papá Armando Guebuza queria se despedir porque está a terminar o mandato e nós vínhamos ouvi-lo e pedir-lhe paz, mas estamos a ver que ele não está”, conta Luísa Massango, sentada à sombra do muro do edifício do Tribunal Administrativo e para quem a governação de Guebuza foi normal, pois ninguém consegue fazer tudo.
A adolescente de nome Etelvina Geraldo confirma o posicionamento da outra entrevistada ao afirmar que a sua ida à praça da independência tinha em vista a interacção com o PR que, segundo lhe disseram, pretendia conversar com a população sobre a sua saída da governação do país. “Quando chegamos aqui não vimos o Presidente”.
Por sua vez o idoso Paulo Silva Nhanale do posto administrativo de Phessene, distrito de Moamba, província de Maputo, afirma ele e seu grupo foram “pedir ao Presidente para parar com os conflitos com a Renamo”. Este sabe de ciência certa e experiência acumulada com o tempo que enquanto existir um conflito armados, “não será possível manter o desenvolviembto do país”.
E mesmo diante da decepção de não poder, naquele momento, ouvir do Presidente Guebuza possíveis soluções para a “guerra” rogou que sente e converse com a Renamo.
Devemos nos orgulhar do PR que temos O secretário-geral (SG) da Frelimo, Filipe Paúnde, no seu discurso, depois de percorrer a bigrafia de Armando Guebuza na tentativa de mostrar que este é, realmente, uma figura com credenciais para dirigir os destinos do país, condenou os críticos do presidente que reprovam sua forma de governação.
Diz ele que as pessoas tentam desgastar a imagem do estadista moçambicano, promovendo mensagens distorcidas e campanha de insultos.
Paúnde referiu a electrificação de 118 distrito do país como sendo resultado obra de Guebuza e não mencionou nada sobre a péssima qualidade desta mesma energia vinda da Cohora Bassa. Disse que actualmente cada um dos distrito tem pelos menos um médicos, o que significa a existência também de unidades sanitárias.
Sobre o diálogo com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama afirmou não ser verdade que Guebuza esteja a “furtar-se” do mesmo.
“A Renamo está a matar. Não se pode dar razão a alguém que mata”, considerou. Na sua apresentação da mensagem da Frelimo, explicou ainda que a Renamo deve ter a paciência de esperar pela realização de eleições para alcançar o poder e não tentar obte-la pela força das armas.
Para Paúnde não é verdade que Guebuza pretende continuar no poder, tal como avançam alguns círculos da sociedade, muito menos que sua esposa, primeira dama, poderá substitui-lo.
O SG do “batuque e maçaroca” entende que Armando Guebuza merece reconhecimento pelo seu engajamento na busca de soluções para o desenvolvimento do país e pelos seus feitos e realizações “indeléveis” em prol do bem-estar dos moçambicanos.
A Verdade
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