Estratégias ardilosas surtindo os seus efeitos…
Beira (Canalmoz) – Isso está há muito tempo visto e sabido. Por mais “golpes de rins” que alguns se disponham a dar. Uma espécie de “complexo de superioridade” foi cimentando-se na esfera política e partidária desde os tempos do partido único.
Querendo ou não aqueles que hoje defendem que não... deve haver lugar a cedências no processo negocial com a Renamo, defendem efectivamente que se continue com um país estrangulado por um conflito cuja génese bem conhecem.
Infantilmente alguns continuam acreditando que “Deus dá nozes a quem não tem dentes”.
Espalhem-se alguns rebuçados ou guloseimas e os outros ficarão satisfeitos. Essa forma de encarar e fazer política neste país conduziu ao actual estado de coisas. O embuste político por mais bem elaborado e concebido tem prazo de validade pois a outra parte aprende.
Muito já se falou sobre as assimetrias e falta de enquadramento de sectores importantes do país. Por vantagismo ou por ingenuidade estratégica alguns detentores do poder consideraram e aplicaram métodos que se revelaram desconstruções autênticas. O aumento exponencial do número de cidadãos indigentes e desenquadrados trouxe para a esfera política e governativa desafios que se julgavam enterrados e esquecidos.
A questão em Moçambique não deve ser olhada sob o prisma do legalismo e de pretensa constitucionalidade disto ou daquilo na medida em que uns sempre jogaram sujo. Há que encararmos com realismo e seriedade uma situação que evoluiu para o seu estágio devido à cegueira aparente de quem sempre governou no país.
Uma democracia política fundada do controle em exclusivo dos três poderes deu lugar a criação de uma elite rapinadora. Entre arranjos tácitos e encobrimento, entre uma impunidade judicial basilar e justamente montada para a protecção das aspirações dos poderosos surgiu e desenvolveu-se a uma velocidade fenomenal todo um “empoderamento económico negro” jamais visto. Se uns tudo podiam, aos outros nada era reservado.
A maioria silenciosa ou aparentemente silenciosa sente na carne e na pele que o regime político nacional está profundamente distorcido e incapaz de dar espaço a que se manifestem ideias contrárias ao que foi estabelecido como regra de jogo.
Moçambique não é um “Concerto de Verão” nem os moçambicanos estão dispostos a continuar minguando enquanto uns poucos “cidadãos especiais” passeia a sua classe, exibem luxo e fausto. Aquela vergonhosa exibição de riqueza sem que se encontrem razões plausíveis para a sua existência preocupa o cidadão comum.
Justiça social e económica, o fim da iniquidade política, dos compadrios e entendimentos ilícitos entre os poderes democráticos constituem o clamor dos moçambicanos.
O momento é demasiado sério para que se permita a continuação de invenções de fórmulas que nada resolvem.
As mortes e o sofrimento dos cidadãos aumentam a cada dia que passa. A intolerância e a desfaçatez devem merecer o tratamento apropriado.
Sem querer aprofundar dossiers sobejamente conhecidos fica claro o desfecho eleitoral recente é manifestamente fruto de um abuso do poder. A intervenção excessiva e desnecessária das forças policiais manchou todo um processo numa clara manipulação politicamente encomendada.
Se respeito, reconciliação, responsabilização não se constrói a confiança básica necessária para que qualquer debate resulte nos entendimentos fundamentais e fundadores de uma ordem política e social consensual.
Já é mais saber se A ou B estão certos ou errados mas tudo fazer para travar a barbárie política que está aos poucos tomando conta do país.
Há quem diga e defenda que o país não precisa de mediação nem facilitadores entre o governo e a Renamo mas tudo indica que sem pontes as duas partes continuarão se afastando de maneira cada vez mais perigosa.
Febre ambiciosa, avaliação precocemente reveladora de intenções incoerentes com o discurso reconciliatório, recusa de tratar atempadamente dos pendentes do AGP descurando seu potencial na produção de conflitos foi empurrando paulatinamente políticos moçambicanos para a crise.
Por mais pacífico que alguém seja chega o dia em que a retaliação é considerada forma mais apropriada de agir.
Quem queima sedes de outros partidos políticos e impede as actividades políticas dos outros que afinal pretendem? Quem se intromete e instrumentaliza a PRM julga que isso será aceite como facto consumado para todo o sempre? Quem partidariza a olhos vistos o aparelho do estado, condicionando seu funcionamento, nomeando e demitindo em função da filiação partidária será que espera apreço ou revolta pelos negativamente afectados? Quem se apossa de todas as possibilidades de progressão económica e resume o seu acesso a um núcleo restrito de pessoas que espera?
As ilhas de riqueza são insustentáveis quando rodeadas de milhões de pobres.
Continuaremos a ver ideólogos de filosofias decadentes e intelectuais orgânicos saindo em defesa de uma situação claramente indefensável pois julgam que sua sobrevivência depende da sobrevivência do regime do dia.
Obviamente que isso não vai travar a luta de milhões de moçambicanos por um país compartilhado, justo, em paz, onde a vida humana tenha o seu real valor.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Beira (Canalmoz) – Isso está há muito tempo visto e sabido. Por mais “golpes de rins” que alguns se disponham a dar. Uma espécie de “complexo de superioridade” foi cimentando-se na esfera política e partidária desde os tempos do partido único.
Querendo ou não aqueles que hoje defendem que não... deve haver lugar a cedências no processo negocial com a Renamo, defendem efectivamente que se continue com um país estrangulado por um conflito cuja génese bem conhecem.
Infantilmente alguns continuam acreditando que “Deus dá nozes a quem não tem dentes”.
Espalhem-se alguns rebuçados ou guloseimas e os outros ficarão satisfeitos. Essa forma de encarar e fazer política neste país conduziu ao actual estado de coisas. O embuste político por mais bem elaborado e concebido tem prazo de validade pois a outra parte aprende.
Muito já se falou sobre as assimetrias e falta de enquadramento de sectores importantes do país. Por vantagismo ou por ingenuidade estratégica alguns detentores do poder consideraram e aplicaram métodos que se revelaram desconstruções autênticas. O aumento exponencial do número de cidadãos indigentes e desenquadrados trouxe para a esfera política e governativa desafios que se julgavam enterrados e esquecidos.
A questão em Moçambique não deve ser olhada sob o prisma do legalismo e de pretensa constitucionalidade disto ou daquilo na medida em que uns sempre jogaram sujo. Há que encararmos com realismo e seriedade uma situação que evoluiu para o seu estágio devido à cegueira aparente de quem sempre governou no país.
Uma democracia política fundada do controle em exclusivo dos três poderes deu lugar a criação de uma elite rapinadora. Entre arranjos tácitos e encobrimento, entre uma impunidade judicial basilar e justamente montada para a protecção das aspirações dos poderosos surgiu e desenvolveu-se a uma velocidade fenomenal todo um “empoderamento económico negro” jamais visto. Se uns tudo podiam, aos outros nada era reservado.
A maioria silenciosa ou aparentemente silenciosa sente na carne e na pele que o regime político nacional está profundamente distorcido e incapaz de dar espaço a que se manifestem ideias contrárias ao que foi estabelecido como regra de jogo.
Moçambique não é um “Concerto de Verão” nem os moçambicanos estão dispostos a continuar minguando enquanto uns poucos “cidadãos especiais” passeia a sua classe, exibem luxo e fausto. Aquela vergonhosa exibição de riqueza sem que se encontrem razões plausíveis para a sua existência preocupa o cidadão comum.
Justiça social e económica, o fim da iniquidade política, dos compadrios e entendimentos ilícitos entre os poderes democráticos constituem o clamor dos moçambicanos.
O momento é demasiado sério para que se permita a continuação de invenções de fórmulas que nada resolvem.
As mortes e o sofrimento dos cidadãos aumentam a cada dia que passa. A intolerância e a desfaçatez devem merecer o tratamento apropriado.
Sem querer aprofundar dossiers sobejamente conhecidos fica claro o desfecho eleitoral recente é manifestamente fruto de um abuso do poder. A intervenção excessiva e desnecessária das forças policiais manchou todo um processo numa clara manipulação politicamente encomendada.
Se respeito, reconciliação, responsabilização não se constrói a confiança básica necessária para que qualquer debate resulte nos entendimentos fundamentais e fundadores de uma ordem política e social consensual.
Já é mais saber se A ou B estão certos ou errados mas tudo fazer para travar a barbárie política que está aos poucos tomando conta do país.
Há quem diga e defenda que o país não precisa de mediação nem facilitadores entre o governo e a Renamo mas tudo indica que sem pontes as duas partes continuarão se afastando de maneira cada vez mais perigosa.
Febre ambiciosa, avaliação precocemente reveladora de intenções incoerentes com o discurso reconciliatório, recusa de tratar atempadamente dos pendentes do AGP descurando seu potencial na produção de conflitos foi empurrando paulatinamente políticos moçambicanos para a crise.
Por mais pacífico que alguém seja chega o dia em que a retaliação é considerada forma mais apropriada de agir.
Quem queima sedes de outros partidos políticos e impede as actividades políticas dos outros que afinal pretendem? Quem se intromete e instrumentaliza a PRM julga que isso será aceite como facto consumado para todo o sempre? Quem partidariza a olhos vistos o aparelho do estado, condicionando seu funcionamento, nomeando e demitindo em função da filiação partidária será que espera apreço ou revolta pelos negativamente afectados? Quem se apossa de todas as possibilidades de progressão económica e resume o seu acesso a um núcleo restrito de pessoas que espera?
As ilhas de riqueza são insustentáveis quando rodeadas de milhões de pobres.
Continuaremos a ver ideólogos de filosofias decadentes e intelectuais orgânicos saindo em defesa de uma situação claramente indefensável pois julgam que sua sobrevivência depende da sobrevivência do regime do dia.
Obviamente que isso não vai travar a luta de milhões de moçambicanos por um país compartilhado, justo, em paz, onde a vida humana tenha o seu real valor.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
No comments:
Post a Comment