Os problemas à volta da dívida pública continuam na ordem do dia. Por isso, o Instituto de Estudos Sociais e Económicos, o Observatório do Meio Rural e o Centro de Integridade Pública voltaram a manifestar profundo desagrado em relação ao estágio da dívida pública actual, numa reunião realizada hoje, em Maputo.
Os resultados da dívida, segundo os especialistas, vão agravar os índices de pobreza da população, uma vez que o país cai no descrédito dos parceiros, além de que podem agravar o mau desempenho dos indicadores da economia.
“Em condições normais, a primeira coisa que se devia fazer para recuperar a confiança seria o Governo demitir-se, mas nós não somos um país normal. Somos um país real. E, nestas circunstâncias, a questão que se coloca é: será que o Governo vai conseguir recuperar a confiança?”, disse António Francisco, Pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE).
Na sequência, o pesquisador do Observatório do Meio Rural (OMR), João Mosca, interveio também para exteriorizar o seu pensamento.
“Uma política económica de obtenção de renda e de configuração de interesses económicos em perfeita promiscuidade e de políticas de negócios entre o público e o privado, uma política económica conservadora de riquezas e, por isso, produtora de pobreza e maiores desigualdades sociais, abraça, certamente, aumentos de custo de vida e retracção do investimento de produção. A inflação do metical, a escassez de divisas e a derrapagem do metical e de consumo deverão”, anteviu Mosca.
Mais do que os resultados das dívidas, o Centro de Integridade Pública manifestou preocupação em apurar o que foi feito com o dinheiro.
“Um aspecto que solicitamos que seja feito é uma auditoria forense no sentido de sabermos o que aconteceu com esta dívida, onde e como o dinheiro foi usado”, disse Baltazar Fael, Pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP).
Os participantes avisam que podem estar criadas condições para agravamento do custo de vida que venha a causar agitações sociais nos próximos tempos.
O politólogo João Pereira, na sua intervenção, foi mais original. “Se perdemos esta batalha, os nossos filhos, amanhã, perguntarão ‘pai, o que você fez por nós. Eu quero deixar os meus filhos numa sociedade em que eles possam sonhar. Eu quero aos meus filhos uma sociedade em que eles possam ter a liberdade de dizer “não”. Por isso eu ensino aos meus filhos a dizer “não” ao professor.
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