Suspensão obrigará o Governo, cujos líderes têm interesses pessoais que se misturam com responsabilidades públicas, a ser mais transparente.
A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a suspensão da ajuda dos doadores a Moçambique terá um impacto “severo” e obrigará o Governo, cujos líderes têm interesses pessoais que se misturam com responsabilidades públicas, a ser mais transparente. “A transparência orçamental é um processo politicamente conturbado em Moçambique, uma vez que os interesses empresariais dos principais políticos muitas vezes misturam-se com as suas responsabilidades públicas”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica ‘The Economist’.
Numa nota de análise sobre a suspensão das ajudas financeiras dos doadores internacionais, que representam 12% do orçamento para este ano, mais de 300 milhões de dólares, os peritos dizem que os cortes eram “inevitáveis depois de ser conhecido em abril que o Governo escondeu empréstimos que não tinham sido previamente disponibilizados ao Fundo Monetário Internacional, doadores, Parlamento e público”.
O impacto a curto prazo, considera a EIU, será “severo”, e o Governo deverá compensar a quebra orçamental através de empréstimos nacionais, adiamento de projetos de desenvolvimento e medidas para cortar na despesa.
Para além do impacto orçamental, num país com um sistema de clientelismo político profundamente enraizado, e num contexto de um rápido aumento do custo de vida, o impacto negativo da austeridade nos moçambicanos também vai aumentar o risco de instabilidade política”, consideram os analistas da Economist.
Os doadores, acrescenta a EIU, não deverão sair por completo do país, por causa da pobreza generalizada e dos projetos de ajuda em curso, mas para retomarem o financiamento, “o Governo vai ter de demonstrar um nível de transparência orçamental que até aqui tem sido relutante em mostrar”.
Com a dívida pública “insustentável” e a economia a abrandar para valores do princípio do século, “a necessidade de ajuda externa deve convencer o Governo a cumprir com as exigências dos doadores”, conclui a EIU, alertando, no entanto, que “restaurar a confiança dos doadores no Governo vai ser um processo lento”.
Dinheiro Vivo
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