Wednesday, 25 May 2016

Moçambique introduz radioterapia no tratamento do cancro


MAPUTO - O Ministério da Saúde (MISAU) vai introduzir, ainda este ano, o serviço de radioterapia no tratamento do cancro no país, medida que, para além de reduzir os custos de transferência de doentes para o exterior, permitirá igualmente assistir mais moçambicanos que necessitarem
desses cuidados.


O advento tecnológico no tratamento do cancro foi ontem anunciado pelo director nacional de Assistência Técnica Ussene Isse, que falava na conferência de imprensa destinada a anunciar a realização, a partir de quarta até sexta-feira, em Maputo, do primeiro congresso moçambicano sobre o cancro.

Segundo Isse, o tratamento da doença, que afecta cerca de 57 por cento de mulheres e 47 por cento dos homens do total de três mil casos diagnosticados todos os anos, consiste até então na quimioterapia, método baseado na inoculação de medicamentos no corpo dos pacientes.
Porém, a introdução da radioterapia, processo que consiste na queima da área onde se encontra o tumor, vai mudar a história de combate a esta doença no país e permitir que mais concidadãos com cancro beneficiem do serviço.
Numa fase inicial, segundo Isse, o serviço estará concentrado a nível do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, para onde serão transferidos todos os doentes que necessitarem de tratamento, através de uma junta médica, da sua província para a cidade capital.
“Reconhecemos que não será fácil para as populações se deslocarem a Maputo, porém temos feito isso em relação as outras doenças em que os doentes saem de uma província para outra através de mecanismos que já estabelecemos”, disse a fonte.
A perspectiva do MISAU é avançar, nos próximos anos, para as Cidades da Beira (centro) e Nampula (norte) com vista a garantir que o país possa ter centros regionais de radioterapia, cujo valor necessário à concretização do desiderato não foi revelado.
“Queremos fortalecer, ganhar maior confiança no serviço que vamos instalar em Maputo e depois avançar, com maior segurança, para os outros hospitais das regiões centro e norte do país”, disse Isse.

O primeiro congresso moçambicano sobre o cancro vai juntar, em Maputo, pouco mais de 150 participantes de Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) entre especialistas, cientistas, farmacêuticos, actores sociais, a sociedade civil que, durante três dias, vão partilhar ensinamentos, experiências, boas práticas em relação a problemática da doença.



Casos de cancro por ano



Entretanto, Moçambique notifica anualmente cerca de três mil casos de cancro, dos quais cerca de 57 por cento entre mulheres e 43 por cento nos homens, daí a doença figurar entre as patologias de maior prioridade nas campanhas preventivas do Ministério da Saúde (MISAU).

Referir que este número está ainda longe de espelhar a realidade porque, para além de o país ser muito vasto, há ainda uma grande lacuna na capacidade de registo, situação que leva o MISAU a empreender esforços com vista a conseguir um registo mais aproximado da realidade.
No sentido de inverter a tendência, a capital moçambicana, Maputo, será a partir de quarta até sexta-feira o epicentro do primeiro congresso moçambicano sobre o cancro e congregará cerca de 150 participantes para partilhar ensinamentos, experiencias, boas práticas em relação a problemática da doença.
Segundo o director nacional de Assistência Técnica, Ussene Isse, que falava em conferência de imprensa havida hoje em Maputo, o congresso juntará especialistas, cientistas, farmacêuticos, actores sociais, membros da sociedade civil para identificar formas conducentes ao controlo mais efectivo da doença.
Sob o lema “O Cancro é um Problema de Saúde Pública em Moçambique, o seu “Controlo Deve Ser Priorizado”, Isse afirmou que o número de casos relacionados com a doença tem estado a aumentar, daí que a componente de prevenção é prioritária.
Entre as mulheres, o colo do útero constitui a principal forma de cancro, seguido do cancro da mama e o sarcoma de Kaposi frequentemente relacionado com as infecções de transmissão sexual e o HIV/SIDA. Nos homens, o sarcoma de Kaposi relacionado com o HIV/ SIDA é a forma mais comum, seguido do cancro de próstata e do fígado.
As crianças constituem o outro grupo de afectados pela doença e a sua manifestação se resume às patologias do sangue e do rim.
A fonte disse, por outro lado, ser importante olhar para os factores de risco do cancro, sendo que e as práticas como o consumo do álcool, tabaco, uma dieta rica em gorduras figuram entre os que levam ao aparecimento da doença.
No congresso de Maputo, serão discutidas várias formas de abordagem multidisciplinar do cancro, com vista a ter uma resposta efectiva na luta contra a doença.
“Os farmacêuticos estarão para nos mostrar as melhores opções de tratamento para o nosso país. O outro aspecto importante do congresso é a questão da advocacia visando intensificar a sensibilização para mudar o comportamento, atitude e práticas das populações”, disse Isse.
O sucesso na luta contra qualquer doença depende fundamentalmente da existência do capital humano e, para o cancro, o país conta com oito especialistas na área de oncologia. Ao número de especialistas juntam-se cerca de 30 médicos estrangeiros que apoiam no tratamento.
Todavia, tem outros quatro médicos ainda em formação em países parceiros como Portugal e Brasil.

Moçambique tem convénios de cooperação com outros países como Índia e África do Sul para onde os doentes são enviados sempre que houver necessidade.



( Horizonte 25 , 24/05/16 )

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