Um grupo de investigadores defende que uma solução política entre o Governo e a Renamo é fundamental para Moçambique conseguir ultrapassar a "tempestade perfeita" de crises e impedir que a tempestade aumente para um furacão.
"A não ser que uma solução política seja encontrada com a Renamo, a violência vai continuar a prejudicar o povo, o investimento directo estrangeiro e o turismo, criando as condições para uma tempestade perfeita que, se não for atacada devidamente, pode tornar-se num furacão, no qual o cidadão médio será novamente o mais prejudicado", escrevem investigadores.
O artigo de análise assinado por Jonathan Rozen, Lisa Reppell e Gustavo de Carvalho, publicado na All Africa Media, defende que as pequenas manifestações que têm acontecido no país podem evoluir para "motins em grande escala" se as necessidades dos 60% de moçambicanos com menos de 25 anos, e 40% dos quais sem emprego, não forem satisfeitas.
"À medida que a crise continua a materializar-se e o fraco metical compra cada vez menos pão e combustível, os receios da Frelimo [no poder] relativamente aos protestos públicos continua a crescer, e o apoio à Renamo aumenta na razão da insatisfação económica", acrescentam os investigadores.
"A produção significativa de gás só deve ocorrer a partir de 2025, e o Governo precisa de encontrar uma maneira de gerir a sua dívida, restaurar a confiança dos investidores e conter a inflação; o imperativo de encontrar financiamento rápido vai provavelmente ter implicações na estabilidade futura, especialmente se os contratos sobre os recursos naturais não tiverem visão e forem assinados apenas com o objectivo de servir as necessidades imediatas da dívida", concluem os investigadores.
Moçambique sofreu nos últimos anos uma desvalorização do metical e um abrandamento das receitas motivada pela descida do preço das matérias-primas, um cenário económico negativo que se adensou com a admissão de empréstimos escondidos no valor de mais de 1,4 mil milhões de dólares que levou à suspensão dos apoios orçamentais estrangeiros, à descida do 'rating' das agências de notação financeira e ao fim, na prática, da possibilidade de recorrer aos mercados internacionais para financiar o desenvolvimento económico.
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