Friday, 15 July 2016

Democracia, qual democracia?

Uma democracia falsa, revestida de cobardia e arrogância. Uma paz frustrada antes de ser materializada. Uma paz já cansada de carregar milhares de toneladas de intolerância política... Queiramos ou não, mas infelizmente é isso que vivemos neste país. A democracia não permite o bloqueio de quem pensa diferente, pelo contrário, procura reunir diversas ideias dos cidadãos cujas opiniões divergem, facto que faz com que o país progrida.
Nas sociedades democráticas, o Governo é do povo, pois este é que toma poder através do sufrágio universal. Quem está em paz não tem medo de expressar as suas opiniões. Vive e vive intensamente. Num país em paz, os cidadãos circulam livremente. O Estado garante o bem-estar e respeita os direitos do cidadão. A paz engloba o acesso aos serviços básicos como a água, educação, saúde e mais. É isso não se verifica neste rochedo à beira do Índico.
A democracia envolve as condições sociais, económicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da auto-determinação política. Ela dá a prerrogativa do cidadão controlar os governantes e despromovê-los do poder sem, para tal, ser necessária a revolução. Porém, em Moçambique acontece tudo ao contrário, desde que se assumiu o Estado de direito. Se analisarmos os factos decorrentes, chegaremos à conclusão de que o nosso país não tem nada de democracia.
O governo não é do povo. O poder pertence à um punhado de pessoas preocupados com os seus interesses capitalistas e elitistas. Quando um compatriota, comovido pelo espírito de promoção de igualdade e inclusão social, expressa o seu pensamento é sequestrado e assassinado. Ou seja, os que pensam diferente são vistos como sendo inimigos do regime da Frelimo, por conta disso são alvos de perseguição, factos que culminam com a sua morte.
Em suma, neste país é proibido pensar diferente. Mesmo o direito à manifestação, estabelecido na Constituição da República de Moçambique, é vedado aos legítimos donos. Num país democrático a balança da distribuição de riquezas é equilibrada, mas não é isso que vemos na democracia moçambicana.
O mais irónico e, ao mesmo tempo, caricato é o facto de no próximo dia 04 de Outubro o país celebrar 24 anos de paz, e o multipartidarismo, numa altura em que se agudiza o conflito militar e a intolerância política. Dezenas de moçambicanos vivem na incerteza e sob fogo cruzado, porém, o governo da Frelimo vem ao público falar de paz.




Editorial, A Verdade 

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