Maputo, 21 jul (Lusa) - O Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) iniciaram hoje em Maputo a discussão da exigência do principal partido de oposição de assumir a governação das seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
"Iniciámos a discussão sobre o primeiro ponto. O ponto sobre a governação das seis províncias pela Renamo", disse, em conferência de imprensa, o chefe da delegação do principal partido de oposição, José Manteigas, na presença dos mediadores internacionais e da delegação do Governo moçambicano.
Manteigas adiantou que ainda não há um posicionamento comum sobre a matéria e a discussão teve de ser interrompida.
"Porque é uma discussão que levou algum tempo, entendemos que, neste momento, tivemos que interromper, para amanhã [sexta-feira] dar continuidade", acrescentou o chefe da delegação da Renamo.
José Manteigas assinalou que há, em relação à exigência em torno da governação das seis províncias, convergência de muitas ideias, mas só no fim das discussões é que será dada a conhecer ao país a posição final.
Manteigas recordou que, além da reivindicação do principal partido de oposição de assumir o controlo das seis províncias, a agenda acordada pelo Governo e Renamo integra ainda a cessação imediata dos confrontos armados entre as duas partes, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, incluindo na polícia e nos serviços de informação, e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.
Os mediadores internacionais apontados pela Renamo são representados por Mario Raffaelli e Angelo Romano, da Comunidade de Santo Egídio, indicados pela União Europeia, o núncio apostólico em Maputo, Edgar Peña, e o secretário da Conferência Episcopal de Moçambique, João Carlos Nunes, pela Igreja Católica, e o embaixador da África do Sul na capital moçambicana.
Do lado dos mediadores indicados pelo Governo, encontram-se o ex-Presidente do Botsuana Quett Masire, pela Fundação Global Leadership (do ex-secretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos Chester Crocker), um representante da Fundação Faith, liderada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, e outro do antigo Presidente da Tanzânia Jakaya Kikwete.
Apesar de o Governo e a Renamo terem reatado as negociações, os ataques de supostos homens armados da Renamo a veículos civis e militares em vários troços do centro do país não têm cessado e o movimento acusou recentemente as Forças de Defesa e Segurança de intensificarem os bombardeamentos na serra da Gorongosa, onde se presume que se encontra o líder da oposição, Afonso Dhlakama.
O principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
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