O comboio para a paz que hoje descola com a presença de mediadores internacionais de alto gabarito pode embater em solavancos e tropeçar em passagens de nível com guarda armada até aos dentes mas tudo indica que os dois integrantes têm agora pouca margem para abandona-lo antes da chegada.
A crise económica vai pesar para os dois lados. Com uma inflacção média acumulada de quase 20%, o custo de vida afecta todos os moçambicanos, sobretudo ainda com os cortes oçamentais para a acção social batendo na bolsa dos mais pobres. O debate para a paz pode fazer adiar prováveis revoltas com origem no custo de vida. Do mesmo modo, não parece crível que o eleitorado afecto a Renamo prefira apoiar novas derivas bélicas de Dhlakama com a barriga cada vez mais vazia.
Sobre o perfil dos mediadores, F.Nyusi mostra sobretudo que se libertou do colete de forças que persistiam na savimbinização (embora isso esteja ainda a ser tentado na última hora, incluindo no plano dessa propaganda barata de inventonas sobre o líder da Renamo, falácias de whatsapp com reuniões fictícias e actores improváveis). Nyusi também pisca o olho para a recuperaçãode dalguma empatia com os doadores grevistas no quadro da crise económica.
Sobre o perfil dos mediadores (trazendo Jacob Zuma, que será representado por um embaixador) a Renamo liberta o aroma que pretende colocar por cima da mesa: governadores provinciais provenientes dos partidos mais votados, como os Premieres sul-africanos; e uma Igreja Católica (o Vaticano indicou o Núncio Apostólico Monsenhor Edgar Pena e o Secretário da Conferência Episcopal de Moçambique, Monsenhor João Carlos Nunes) muito sensibilizada com a sua “causa”.
Da partida até ao apito da chegada muita coisa vai rolar. Não vai ser fácil. E, mesmo que um aperto de mão aconteça entre Nyusi e DHL a breve trecho, a estabilidade vai depender em grande medida da Revisão Constitucional agendada para arrancar dentro de dois meses. Uma alteração constitucional é o carimbo que melhor garantias trará para a oposição.
Mas há coisas que não dependem da revisão. Uma delas é a reformatação do Governo, para ele integrar alguns elementos da oposição. Eventualmente, com a mudança de planos de F. Nyusi quanto a uma remodelação governamental é de aventar a hipótese de o Governo estar preparado para ceder a esse nível.
A Renamo insiste muito na despartidarização do Estado mas isso é um coisa que só pode acontecer com o aprofundamento da democracia. E difícl de monitorar. Aliás, a própria Renamo se guia pela mesma matriz monopartidária da Frelimo. Mais palpável seria uma acordo para despartidarização dos negócios do Estado e das empresas públicas. Por aqui até se podem vislumbrariam algumas nuances para a acomodação económica da Renamo (a tal partilha da riqueza).
Ironicamente, a crise, que não é boa para ninguém, mas vai ser o grande factor de aproximação das partes desavindas. Os moçambicanas agradeciam que isso fosse defenitivo.
Marcelo Mosse, Facebook
A crise económica vai pesar para os dois lados. Com uma inflacção média acumulada de quase 20%, o custo de vida afecta todos os moçambicanos, sobretudo ainda com os cortes oçamentais para a acção social batendo na bolsa dos mais pobres. O debate para a paz pode fazer adiar prováveis revoltas com origem no custo de vida. Do mesmo modo, não parece crível que o eleitorado afecto a Renamo prefira apoiar novas derivas bélicas de Dhlakama com a barriga cada vez mais vazia.
Sobre o perfil dos mediadores, F.Nyusi mostra sobretudo que se libertou do colete de forças que persistiam na savimbinização (embora isso esteja ainda a ser tentado na última hora, incluindo no plano dessa propaganda barata de inventonas sobre o líder da Renamo, falácias de whatsapp com reuniões fictícias e actores improváveis). Nyusi também pisca o olho para a recuperaçãode dalguma empatia com os doadores grevistas no quadro da crise económica.
Sobre o perfil dos mediadores (trazendo Jacob Zuma, que será representado por um embaixador) a Renamo liberta o aroma que pretende colocar por cima da mesa: governadores provinciais provenientes dos partidos mais votados, como os Premieres sul-africanos; e uma Igreja Católica (o Vaticano indicou o Núncio Apostólico Monsenhor Edgar Pena e o Secretário da Conferência Episcopal de Moçambique, Monsenhor João Carlos Nunes) muito sensibilizada com a sua “causa”.
Da partida até ao apito da chegada muita coisa vai rolar. Não vai ser fácil. E, mesmo que um aperto de mão aconteça entre Nyusi e DHL a breve trecho, a estabilidade vai depender em grande medida da Revisão Constitucional agendada para arrancar dentro de dois meses. Uma alteração constitucional é o carimbo que melhor garantias trará para a oposição.
Mas há coisas que não dependem da revisão. Uma delas é a reformatação do Governo, para ele integrar alguns elementos da oposição. Eventualmente, com a mudança de planos de F. Nyusi quanto a uma remodelação governamental é de aventar a hipótese de o Governo estar preparado para ceder a esse nível.
A Renamo insiste muito na despartidarização do Estado mas isso é um coisa que só pode acontecer com o aprofundamento da democracia. E difícl de monitorar. Aliás, a própria Renamo se guia pela mesma matriz monopartidária da Frelimo. Mais palpável seria uma acordo para despartidarização dos negócios do Estado e das empresas públicas. Por aqui até se podem vislumbrariam algumas nuances para a acomodação económica da Renamo (a tal partilha da riqueza).
Ironicamente, a crise, que não é boa para ninguém, mas vai ser o grande factor de aproximação das partes desavindas. Os moçambicanas agradeciam que isso fosse defenitivo.
Marcelo Mosse, Facebook
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