Maputo, 04 mar (Lusa) - O Presidente moçambicano dirigiu um convite ao líder da Renamo para a retoma do diálogo e pediu ao maior partido de oposição "máxima urgência" na designação dos seus representantes para preparar um encontro ao mais alto nível.
"O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, em cumprimento das decisões do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, endereçou um convite ao presidente da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], Afonso Dhlakama, para a retoma do diálogo ao mais alto nível, visando encontrar os melhores caminhos para restaurar a paz e prosseguimento do caminho do desenvolvimento", adianta a Presidência num comunicado enviado hoje à Lusa.
A carta, segundo a nota da Presidência, decorre da reunião, a 24 de fevereiro, do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, que determinou a continuação dos esforços do chefe de Estado para a retoma do diálogo com o líder do maior partido de oposição.
No convite, o chefe de Estado solicita "máxima urgência possível" na designação dos representantes da Renamo para o regresso ao diálogo.
Do seu lado, Filipe Nyusi designou Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Maria Benvinda Levi, conselheira do Presidente da República, e Alves Muteque, quadro da Presidência, para a preparação do encontro com Dhlakama.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, disse que, até ao fim da tarde de hoje, a carta não tinha ainda entrado no expediente do partido.
Evitando tecer comentários sobre o convite, António Muchanga disse que, quando o documento estiver na posse da Renamo, será enviado para Afonso Dhlakama, não prevendo nenhuma resposta antes de segunda-feira.
A iniciativa da Presidência ocorre no mesmo dia em que o líder da Renamo acusou o Governo de preparar uma ofensiva em grande escala, deixando, ao mesmo tempo, a sua disponibilidade para negociar.
Em comunicado enviado à Lusa, o gabinete de Afonso Dhlakama acusa o Governo de ter mobilizado 4.500 membros das forças de defesa e segurança para as províncias de Manica e Sofala, centro do país, uma região de forte implantação do movimento.
"A concentração tem como objetivo realizar uma mega ofensiva nos distritos das províncias de Manica e Sofala para impedir a implantação do Governo da Renamo", diz a nota de imprensa, aludindo à ameaça do principal partido de oposição de governar nas seis províncias onde reivindica vitórias nas eleições gerais de 2014.
A Renamo alega que o desdobramento do exército e da polícia moçambicana estende-se a outros pontos do país e considera que uma suposta ofensiva colocará em risco vidas humanas e bens materiais.
"A presidência da Renamo reitera a sua disponibilidade em dialogar com o Governo da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] de forma séria e responsável de modo a ultrapassar a atual crise político-militar, que já provocou milhares de refugiados", afirma-se no texto.
A situação político-militar em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes políticos.
Nas últimas semanas, foram registados ataques a colunas de veículos civis escoltadas pelos militares atribuídos à Renamo, em dois troços da principal estrada do país, na província de Sofala, centro do país.
Apesar de o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, reiterarem a sua disponibilidade para o diálogo, o processo negocial entre o Governo e o principal partido de oposição mantém-se bloqueado há vários meses.
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