A Renamo apresentou hoje uma carta do Governo sul-africano a responder ao pedido do maior partido de oposição de mediação da crise política em Moçambique, após a diplomacia de Pretória ter dito que não recebeu nenhum convite.
A carta apresentada em conferência de imprensa em Maputo hoje pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) data de 25 de novembro de 2015 e, segundo o porta-voz do partido, é uma resposta ao pedido de Afonso Dhlakama, endereçado ao Gabinete do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, em Pretória a 19 de outubro do ano passado.
"Esta é a nossa prova de que há correspondência entre o partido Renamo e o Governo sul-africano", disse à imprensa o porta-voz da força de oposição, António Muchanga.
Na semana passada, a ministra dos Negócios Estrangeiros da África do Sul, Maite Nkoana Mashabane, disse, durante uma visita a Moçambique, que o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, não recebeu nenhum pedido da Renamo para mediação da crise política em Moçambique, contrariando anteriores declarações do líder do maior partido de oposição, que garantiu estar na posse de uma resposta positiva.
Na carta, o Governo sul-africano encoraja a Renamo a continuar a participar nas conversações com o Governo moçambicano, suspensas há meses, considerando-as a solução para a crise política em Moçambique.
"O assunto em questão é entre o seu partido e o Governo, será aconselhável que a questão do papel da mediação seja primeiro discutida e acordada pelas duas partes", lê-se na carta, que chegou à Renamo a partir da embaixada sul-africana em Maputo.
António Muchanga disse que a Renamo está à espera da reação do Governo moçambicano para discutir a questão da mediação, num processo em que o maior partido da oposição exige também a presença da igreja Católica.
Nos últimos meses, Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre o braço militar da Renamo e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados.
Em menos de um mês, a polícia moçambicana responsabilizou o braço armado do maior partido de oposição por quatro ataques a civis.
O porta-voz da Renamo recusou-se a comentar sobre as acusações de envolvimento da Renamo nos últimos incidentes, reiterando que a conferência de imprensa de hoje tinha a intenção de apresentar "as provas da correspondência entre a Renamo e o Presidente sul-africano".
Afonso Dhlakama, que reapareceu numa base da Renamo na Gorongosa na quinta-feira, não era visto em público desde 09 de outubro, quando a polícia cercou a sua residência na Beira, alegadamente numa operação de recolha de armas, no terceiro incidente grave em menos de um mês envolvendo a comitiva do líder da oposição.
No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, e o seu guarda-costas morreu no local, num caso que continua por esclarecer.
Apesar da disponibilidade para negociar manifestada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo diz que só dialogará depois de tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o seu movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
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