Tuesday, 23 February 2016

Fasquia subiu e os moçambicanos já acordaram




Toda a gente já abriu os olhos.



A TVM, STV, RM e as suas congéneres até podem esforçar-se em apoiar ofensivas mediáticas e dedicar tempo de antena mais do que merecido a cultores daquilo que chamam “agenda nacional”.
O que se esperava da comunicação social pública deixa muito a desejar, e isso já foi sobejamente comentado.
Mas não se pode deixar de apontar o dedo ao que se tem revelado como um serviço contra a justiça, contra a paz e o desenvolvimento nacional.
Aqueles comentaristas e analistas convidados pela RM, TVM e STV quase sempre, com raras e conhecidas excepções, alinham por um diapasão semelhante à tristemente famosa “Rádio das Mil Colinas”, incentivando acções que acabaram por ser um genocídio. A ONU, a UA, a Bélgica, a França e os vizinhos fizeram vista grossa ao que se passava, e deu no que deu.
Hoje, quase todo o mundo faz vista grossa ao que acontece em Moçambique, em que já há refugiados de guerra no Malawi.
Os porta-vozes e outros dignitários repetem-se, mentindo que está tudo bem.
Os que hoje dizem que a Renamo é a causa da instabilidade esquecem-se que, nos dias de ontem, o Departamento de Trabalho Ideológico da Frelimo vendia aos moçambicanos a ideia de que aquele movimento rebelde era unicamente uma criação dos regimes racistas da região. Jamais explicaram aos moçambicanos sobre a razão da rebeldia, nem deram a conhecer que, num passado recente, sangue de irmãos tinha sido derramado por motivos oficialmente nunca esclarecidos. Uns falam de alegada traição, mas escusam-se a dizer que foi uma luta interna pelo poder que separou compatriotas. Nunca conseguem trazer à luz do dia os graves acontecimentos que minaram aquilo que não se cansam de pregar como “Unidade Nacional”.
Em nome de uma ideologia que “compraram” em campos de treino de guerrilha ou em seminários e conferências com os seus compadres do Leste europeu, nos cafés de Paris ou algures na China Popular subjugaram compatriotas e foram juízes e algozes de compatriotas.
Agora que se sonhava com as recentes descobertas de riquezas minerais e outras, muitos afiavam os dentes para abocanharem em exclusividade o que descoberto e redescoberto.
É daí que se devem tirar ilações sobre o que está acontecendo. Não vale a pena inventar ou tentar encontrar explicações complexas para algo que é relativamente simples.
Um país que recusa reconciliar-se e em que as assimetrias regionais pontificam numa abordagem de cegos é um país em perigo permanente, como se pode ver.
Um país em que se repetem tentativas de alguns apropriarem-se da sua história, em detrimento de uma larga maioria, é um vulcão adormecido, mas não extinto.
Como diz o ditado, a mentira tem pernas curtas, da mesma maneira que “fintar” os adversários é de utilidade temporária.
Há batalhões colocados no terreno em defesa de uma suposta pureza do regime.
Aqui não se trata de defender ou de apoiar as partes em conflito.
O apelo e os esforços devem ser feitos no sentido de prestar ajuda aos nossos compatriotas desavindos. Há tendência de fingir que não vemos aquilo que afectaria o nosso ganha-pão, e isso tem prejudicado o país.
O nosso país já deu passos, e os resultados alcançados demonstram que é possível fazer muito mais e melhor. É preciso que, enquanto compatriotas, aprendamos a aceitar que isso é inalienável e tudo deve ser feito para que salvemos o nosso país daqueles que pretendem que mergulhemos em mais uma guerra.
Não podemos descair para Estado-falhado só porque alguns dos compatriotas têm um apetite exacerbado no que diz respeito às possibilidades e riquezas nacionais. O “bolo até chega para todos”.




(Noé Nhantumbo)




CANALMOZ – 23.02.2016, no Moçambique para todos!

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