Monday, 22 February 2016

Caminha-se para a “solução angolana”?

 

Afonso Dhlakama, o líder da oposição que promete governar à força a partir de Março as seis províncias onde o seu partido teve maioria nas eleições de 2014, reaparaceu há dias para os dois principais órgãos de televisão, a TVM, pública, e a STV, privada. Nessa entrevista Dhlakama defende a tese de que a única saída para a PAZ passa pelo parlamento fazer uma adenda à Constituição da República com vista ao enquadramento das suas pretensões de governar. Em outras palavras, ele defende a introdução de um sistema federativo, onde irá governar nas províncias onde se sagrou vencedor.
 No meio disso, o actual Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, mostra-se incapaz e preso a um colete de forças de quem o “colocou” em frente dos destinos dos moçambicanos. Ele começa a ficar impaciente e já disse que a “tolerância tem limites”.
Nos círculos da Renamo, as pessoas com quem falei a opinião é de que Dhlakama já foi aconselhado a não se retirar das matas pelos antigos companheiros de armas, depois das duas tentativas de assassinato por parte do Exército.
É forte a convicção nas hostes da Renamo de que as ordens de eliminar Dhlakama são oriundas das “correntes radicais” do partido no poder, a Frelimo. Sabe-se que nos últimos dias da chancelaria de Armando Guebuza houve tentativas de se eliminar o líder da Renamo, facto comprovado no assalto à base de Sadjundjira. Tal facto só não aconteceu por astúcia do “velho general”, que acabou por aparecer em Maputo pela mão da comunidade internacional para assinar o Acordo de Cessação das Hostilidades. O ministro do Interior, Basílio Monteiro, tem estado a dizer que não é preciso desarmar à força a Rena- força a Rena força a Renamo e o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Jorge Khalau, diz que é preciso perseguí-los por estarem ilegalmente na posse de armas.
O boom dos recursos minerais que colocaram Moçambique na rota do investimento está localizado nas províncias onde a Renamo teve mais votos nas eleições e Dhlakama acredita que governando estes lugares poderá usufruir melhor dos dividendos.
O desusado movimento de militares e de agentes secretos para o centro do país parece ser o sintoma de que a “solução angolana” – uma anologia à eliminação física de Jonas Savimbi da UNITA – está em vista. Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Caminha-se para a “solução angolana”?


 Luís Nhachote, Correio da Manhã,  18.02.2016

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