Feito por padeiros locais em forno de lenha, o “pãozinho” moçambicano é mais do que um alimento – tornou-se numa tradição. Para o jornal sul-africano Iol travel, esta declinação do pão português é uma das muitas razões para visitar Moçambique.
“É difícil encontrar um sul-africano que tenha visitado Moçambique e não voltou para casa com as melhores lembranças do pão quente, escreve o jornal sul-africano Iol Travel. O famoso “pãozinho” pode ser “comprado todas as manhãs bem cedo na beira da estrada ou em qualquer mercado, em praticamente todas as cidades do país”, adianta.
O jornal coloca o pão ao lado de especialidades moçambicanas como as gambas ou frango com piri-piri, e o prego no pão, também parte do legado da passagem dos portugueses por Moçambique. Os padeiros trabalham 365 dias por ano e acordam às 03h30 matinais para garantirem que os moradores podem ir comprar o “pão de cada dia” no seu caminho para o trabalho.
A jornalista sul-africana, Sue Derwent, encontrou na África do Sul um moçambicano, Sam, que sabia fazer pão. A experiência aguçou ainda mais a curiosidade, e levou-a a Moçambique para provar o pão feito naquele país. Ponta de Ouro foi a localidade mais próxima que se pôde pensar, a oito quilómetros do ponto da fronteira sul-africana.
“Fomos em direcção ao mercado e à padaria, onde três jovens se empoleiravam nos degraus partidos fora de um edifício cercado por barracas improvadas. Descobrimos que estes eram os nossos padeiros. Disseram-nos que naquele dia não havia mais pão mas que poderíamos tentar o “rapaz da esquina”.
Sue encontrou um rapaz de 16 anos que estava com um amigo numa pequena barraca iluminado por uma vela. Ele era o tal “rapaz da esquina” e chamava-se Osvaldo. A vela apagou-se entretanto e os dois amigos continuaram a trabalhar à luz da lua e das brasas do forno. Fazem e vendem diariamente entre 60 e 100 rolos de pão no seu posto, no mercado.
Maposse é outro padeiro. Tem 30 anos e dois aprendizes de 27, o Atomimno, e 17 anos, o Calado que carregava, os sacos de farinha e água para a confecção de mais uma leva de pão. “Fazer pão nestas condições não é fácil. Os três jovens padeiros assam e vendem 600 pães todos os dias numa padaria em ruínas.”, afirma Sue.
São despejados enormes troncos de madeira na praça do mercado e esses troncos, são cortados à mão para poderem caber nos fornos. É tudo feito à mão com ritmos definidos, misturas combinadas e silêncio. Com o cheiro do pão quente vêm os primeiros clientes.
Por Iris de Lucas, in lusomonitor.net
RM
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