Populares manifestaram-se defronte do Tribunal de Daveyton
A ASSEMBLEIA da República quer ver esclarecidos os contornos do assassinato do jovem taxista moçambicano Emídio Macia, ocorrido semana passada na África do Sul, e defende que o apuramento dos factos deve ser célere e os culpados punidos de forma exemplar.
O advogado da família enlutada, José Nascimento, defende mesmo que a aplicação de uma pena exemplar aos autores do crime vai desencorajar práticas similares no futuro, quer seja por parte de agentes da Polícia, quer seja de qualquer outro cidadão que recorra à violência como método para reivindicar superioridade perante cidadãos indefesos.
Até prova em contrário, oito agentes da Polícia sul-africana encontram-se detidos em conexão com o caso, devendo ser presentes em juízo esta sexta feira, para uma audição que deverá determinar se permanecem detidos ou aguardam os ulteriores procedimentos judiciais em liberdade.
Uma multidão manifestou-se ontem defronte das instalações do Tribunal em Daveyton, onde decorreu uma audição destinada a identificar os agentes indiciados pelas testemunhas. Entre os dísticos e cânticos apresentados pelos manifestantes, estava patente o sentimento de revolta dos populares e de repulsa à atitude dos agentes ora detidos.
Emídio Macia, recorde-se, perdeu a vida na semana passada na cela de uma esquadra na região de Daveyton, arredores de Joanesburgo, para onde terá sido levado por agentes da Polícia local, depois de o terem agredido e amarrado na traseira da viatura da corporação, e o arrastado no asfalto por cerca de 400 metros.
Os resultados da autópsia feita ao corpo da vítima revelaram que Emídio Macia, de 27 anos de idade, que vivia naquele país desde os cinco anos, morreu vítima de uma hemorragia interna que se acredita causada pelos ferimentos causados durante a agressão.
Mesmo considerando o acto de condenável, o porta-voz da Comissão Permanente da Assembleia da República, Mateus Kathupa, disse acreditar que o incidente não vai perturbar as relações de boa vizinhança entre Moçambique e África do Sul, mas que a maneira como o caso for tratado pelas autoridades sul-africanas, pode ser determinante para o desencorajamento da violência naquele países vizinho.
Indignada com o caso está também a Liga dos Direitos Humanos (LDH) que, em comunicado recebido na nossa Redacção classifica a ocorrência de “brutal”, e apela a uma reacção do Governo ao mais alto nível, expressando abertamente a sua indignação para que fique claro que não está indiferente nem ausente, e para que o povo se sinta mais protegido pelas autoridades.
A Organização dos Trabalhadores de Moçambique, Central Sindical, (OTM-CS) também condena o acto que considera revoltante, e além de exigir que os autores sejam punidos, e que a família da vítima seja ressarcida pelos danos morais e materiais causados.
Abordado pela nossa Reportagem, em Joanesburgo, o advogado José Nascimento disse acreditar que, pela forma bárbara como o crime foi cometido e pelas provas que certamente serão apresentadas, outra alternativa não restará ao Tribunal que não condenar os autores.
Aliás, segundo ele, o amplo movimento de condenação do acto e de solidariedade para com a família da vítima é uma mostra clara de que o mesmo é chocante e que criou um sentimento de revolta de muita gente pelo mundo fora.
Enquanto isso, milhares de pessoas são esperadas hoje no Estádio de Daveyton, na cerimónia religiosa organizada, naquilo que deverá ser a derradeira homenagem a Emídio Macia, antes de o seu corpo ser transladado para Maputo onde deverá ser enterrado sábado num cemitério familiar no posto administrativo da Matola-Rio, província de Maputo.
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