A Renamo anunciou hoje que três dos seus membros foram espancados e um quarto ferido a tiro por membros das forças estatais no que classifica como dois casos de "violação da trégua" em Manica, centro do país.
A esposa e filho do delegado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em Pandagomwa, Honde, distrito de Barué, ficaram gravemente feridos ao serem alegadamente atacados em casa por quatro polícias comunitários, ligados à Polícia, munidos de metralhadoras AK47, disse à Lusa Sofrimento Matequenha, delegado político provincial da Renamo, em Manica.
O delegado escapou ileso e encontra-se refugiado nas matas, mas a sua casa foi incendiada e a mulher terá sido ainda alvo de abusos sexuais por parte dos agentes comunitários, disse.
A mesma fonte relatou que no distrito de Mossurize, na zona de Chiquequete (Macuo), um membro da Renamo foi atingido a tiro quando se encontrava num convívio e o ataque é atribuído a dois homens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) - que terão ainda roubado 400 dólares e espancado a sogra do membro da Renamo.
"Estes dois casos de violação da trégua aconteceram a 17 de Junho e temos membros refugiados nas matas em pleno processo de reconciliação" lamentou Sofrimento Matequenha.
O responsável referiu que continua a ser semeado um clima hostil nas zonas do interior da província de Manica, com perseguição e morte dos membros do principal partido da oposição, apesar do alerta para o fim das hostilidades militares feito pela Comissão de Reconciliação, que reúne o Governo, a Renamo e outras entidades.
Sofrimento Matequenha apelou à Polícia e ao governador de Manica, responsável pelas forças estatais, a responsabilizarem quem esteja a violar a trégua, por forma a colocar fim a perseguições e roubos constantes aos membros do partido por elementos das forças estatais.
Contactada pela Lusa, a polícia ainda não se pronunciou sobre estes relatos feitos pela Renamo.
Em declarações à Lusa na sexta-feira, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, classificou a actual trégua como “um sucesso", reconhecendo entretanto "pequenas indisciplinas" por parte dos homens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique".
A exigência da Renamo de governar nas seis províncias do centro e norte de Moçambique, onde o partido reivindicou vitória nas eleições gerais de 2014, e a consequente recusa do Governo foi a principal razão para a reedição do conflito armado no país até Dezembro de 2016.
Agora, com tréguas sem prazo declaradas e negociações de paz em curso, Sofrimento Matequenha relembrou a necessidade de um trabalho político coeso.
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