A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) rejeitou hoje, em declarações à Lusa, qualquer ligação ao desaparecimento de um comerciante português no centro do país, próximo das zonas de actuação do movimento de oposição.
“A Renamo não tem nada a ver com o rapto do cidadão português”, afirmou hoje o porta-voz do partido, António Muchanga, que acusa a justiça moçambicana de não estar a fazer uma investigação adequada do caso.
"Houve pessoas que se voluntariaram para ajudar nas investigações e o governo recusou”, disse Muchanga, desafiando as autoridades judiciais moçambicanas a fazerem uma investigação séria do caso.
Sem concretizar, Muchanga afirmou que as pessoas na zona sabem quem raptou o cidadão português e quais os meios de transporte usados: “Quem não deve não teme, pelo que apelamos ao bom senso por parte dos enviados de Nyusi (Presidente moçambicano], só dessa maneira demonstrará que está a negociar a paz de coração aberto, não podemos nos deixar enganar”.
Hoje, em declarações à Lusa, a Renamo rejeitou qualquer insinuação de estar ligada ao caso, considerando absurdas as declarações do ministro do interior moçambicano, Jaime Basílio Monteiro, em Portugal, citadas pelo jornal Público.
Segundo o jornal, o enviado de Filipe Nyusi disse que há suspeitas de que a Renamo, que mantém bases armadas na Gorongosa, esteve envolvida no rapto, segundo dados transmitidos pela família do empresário.
A Renamo considerou hoje absurdas essas declarações do Governo moçambicano à contraparte portuguesa de que recaem suspeitas sobre o principal partido da oposição.
"É absurda a posição do enviado de [Filipe] Nyusi” e, caso se confirmem estas declarações, “está a prestar mau serviço ao Estado moçambicano", disse hoje Muchanga, que se mostrou preocupado com a situação.
"Passam mais de oito meses, os familiares do desaparecido vieram várias vezes a Moçambique para falar com entidade oficiais e o Governo nunca disse esta versão, é uma tentativa de tapar o sol com a peneira, o que pode manchar o bom nome de um Estado da dimensão do nosso Estado", acrescentou António Muchanga.
O empresário português está desaparecido há oito meses, depois de ter sido levado por desconhecidos para parte incerta, no distrito de Gorongosa, uma área com forte presença das Forças de Defesa e Segurança, envolvidas em confrontos com o braço armado da Renamo, que sempre manteve bases no local.
A instabilidade militar no centro do país regressou após as eleições gerais de 2014, na sequência da recusa do principal partido da oposição em reconhecer a derrota, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude no escrutínio.
Na semana passada, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou mais uma trégua de 60 dias nos confrontos, na sequência do fim, no dia 05, de uma outra trégua por igual período, decretada em Dezembro.
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