Sunday, 5 March 2017

Cidades africanas precisam “abrir as portas ao mundo” para desenvolverem

Cidades africanas estão super povoadas, desconectadas e são muito caras para as famílias e empresas

A partir da avaliação do número de habitantes, a organização e o custo de vida de 64 cidades africanas, incluindo Maputo, capital do país, o Banco Mundial elaborou um estudo no qual apurou que as cidades africanas têm actualmente 472 milhões de pessoas e em 25 anos esse número duplicará. Entretanto, “ o crescimento económico dessas cidades não se dá no mesmo ritmo que o crescimento populacional, das cidades o que cria desafios diários aos seus residentes”, lê-se no estudo. Para reverter a situação, o estudo sugere que as cidades africanas abram as portas ao mundo, para que não continuem a ser cidades locais, fechadas aos mercados regionais e internacionais, reduzidas a produção de bens e serviços que só são comercializáveis localmente.
O estudo fala igualmente da necessidade de criação de políticas para resolução de problemas como a restrições institucionais e regulatórias que levam a uma distribuição inadequada dos terrenos e da mão-de-obra.
Como consequência dessa desigualdade, nas cidades de Harare, capital do Zimbabwé e Maputo mais de 30 por cento dos terrenos num raio de 5 quilómetros da zona empresarial central permanecem sem construções.
O superpovoamento, a desconexão e o alto custo de vida são consideradas caraterísticas da maior parte das cidades africanas, que de acordo com o Banco Mundial limitam o desenvolvimento.
O estudo considera ainda que a falta de conexão das cidades africanas não deve-se somente a falta de capital por si só, mas também por estarem espacialmente dispersas e terem estruturas espalhadas em bairros pequenos, sem sistema de transporte ou estradas adequadas os deslocamentos diários para o trabalho são lentos e dispendiosos, dificultando o acesso dos trabalhadores aos empregos situados na área urbana.
Nos próximos meses, o Banco Mundial assegura que vai desenvolver um estudo onde será avaliada a situação populacional, económica e organizacional mais específico sobre as cidades moçambicanas.

Cidades fora de serviço


O estudo do Banco Mundial também responde a pergunta: Por que razão as cidades da região ficaram tão deficientes em termos de habitação e serviços básicos? De acordo com os pesquisadores, a disfunção urbana de África cria um círculo vicioso, diminui as expectativas e as baixas expectativas afastam os investimentos necessários para realizarem melhorias. Por outro lado as cidades que inspiram fortes expectativas vão atrair investimento maior na estrutura do sector formal, incluindo a habitação, o que diminui os custos urbanos atraindo, por sua vez mais investimentos. Por outro lado as cidades africanas apresentam grande probabilidade de continuarem artesanais, baseadas numa produção de produtos não comercializáveis que não criam expectativas de aumento futuro das rendas dos terrenos.


 O País

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