Presidente moçambicano enviou a Lisboa o seu ministro do Interior para responder aos pedidos de informação sobre o rapto do empresário agrícola português desaparecido em Moçambique desde o Verão passado.
As mensagens enviadas pelo Presidente moçambicano sobre o português desaparecido há oito meses em Moçambique causaram profunda perplexidade em Lisboa: pelo que foi dito e pelo que não foi ditto.
Depois de ignorar o
Estado português durante meses, o Presidente Filipe Nyusi enviou o seu ministro
do Interior a Portugal para tentar suavizar o mal-estar diplomático que o caso
gerou entre os dois países. No feriado do Carnaval — e longe das atenções —, o
ministro Jaime Basílio Monteiro encontrou-se com o Presidente Marcelo Rebelo de
Sousa e com o primeiro-ministro António Costa. Mas as reuniões, separadas, não
tiveram o efeito desejado. Para nenhuma das partes.
Portugal queria
saber o que aconteceu ao empresário agrícola raptado em Julho na
Gorongosa. E Moçambique queria normalizar as
relações com Portugal, aliado com o qual tem fortes laços históricos, políticos
e económicos, e uma linha contínua de apoio ao desenvolvimento. Nada disso
aconteceu. Pelo contrário.
Nas reuniões de
Lisboa, Portugal voltou a oferecer colaboração judicial para a investigação do
rapto, tal como já fizera no Natal, mas obteve apenas uma resposta evasiva. Além
disso, o enviado de Nyusi disse que há suspeitas de que a Renamo, que mantém
bases armadas na Gorongosa, esteve envolvida no rapto, segundo dados
transmitidos pela família do empresário. Essa informação causou particular
espanto, uma vez que a família nunca transmitiu tal suspeita às autoridades
portuguesas, com quem reúne e comunica de forma incansável há oito meses
consecutivos.
Apesar de o
empresário ter desaparecido na Gorongosa, Lisboa acredita que há indícios fortes
de que a Renamo não teve nada a ver com o caso. O Estado português acredita que
devem ser investigadas outras pistas. Nos últimos anos, vários membros da
polícia moçambicana foram condenados em tribunal por envolvimento em raptos de
estrangeiros. Este caso, no entanto, em nada segue o padrão
habitual.
Não surpreende
por isso que o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, enviado depois
das nove da noite de terça-feira, tenha apenas cinco
linhas lacónicas e uma única informação: a de que o enviado de Nyusi "deu conta
de que prosseguem as investigações das autoridades moçambicanas tendentes a
apurar a situação do cidadão português desaparecido em
Moçambique".
Esta quarta-feira, a polícia moçambicana assegurou, numa declaração à Lusa, que as investigações nunca foram abandonadas. "Em nenhum momento, a polícia vergou. As investigações continuam", disse o porta-voz do Comando-Geral da PRM.
Publico
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