Afonso
Dhlakama, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
morreu esta quinta-feira, aos 65 anos, vítima de doença.
A União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA),
maior partido na oposição angolana, lamentou hoje a morte de Afonso
Dhlakama, presidente da Renamo, considerando-o "fator decisivo para
mudanças políticas importantes" em Moçambique.
"Foi
um homem que dedicou toda a sua vida para concretização de mudanças
políticas importantes, ele foi o fator decisivo que trouxe à Moçambique o
processo democrático", disse em declarações à Lusa, Alcides Sakala,
porta-voz da UNITA.
Sublinhou que a
morte de Dhlakama acontece numa altura em que decorre o "processo
negocial e de aproximação entre a Renamo e a Frelimo para o alcance da
estabilidade caminhava a bom ritmo".
O arcebispo da Beira,
capital da província de Sofala, uma zona de forte influência da Renamo,
no centro de Moçambique, Claudio Zuanna, descreveu Afonso Dhlakama como
uma pessoa decidida e que acreditava no que fazia.
"O
que guardo de algumas conversas que tivemos é de uma pessoa decidida,
que acredita naquilo que faz, naquilo que diz, é aquilo que me vem à
mente neste momento", afirmou Claudio Zuanna, em declarações ao canal
privado STV.
A responsável da organização Human Rights Watch (HRW) para
Moçambique considerou que a morte do líder da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, "deixa muitas incertezas" quanto
ao processo de paz no país e na sucessão dentro do partido.
Em
declarações à agência Lusa por telefone, Zenaida Machado considerou
lamentável que a morte de Dhlakama tenha acontecido num "momento muito
delicado do processo de paz em Moçambique", cujo teor das negociações
"não é conhecido".
"A maior parte do
conteúdo das discussões entre ele [Dhlakama] e o Presidente [Filipe]
Nyusi não são conhecidas, apesar de a sociedade civil e a comunidade
internacional terem insistido que este tipo de negociações deve envolver
mais pessoas, portanto são duas pessoas a discutirem e neste momento
uma delas já não está para contar a sua versão dos factos", disse a
responsável.
De acordo com Zenaida
Machado, com esta morte "fica também por esclarecer e por investigar" a
"impunidade durante os conflitos armados", denunciada por organizações
de defesa dos direitos humanos. "Apesar de terem sido relatados sérios
abusos dos direitos humanos ainda ninguém, nem da parte do Governo, nem
da parte da Renamo, foi levado à justiça por estes crimes", disse.
Para
a responsável da HRW em Moçambique, outra preocupação é não "existir um
plano de sucessão muito claro dentro da Renamo ou pelo menos um plano
público ou conhecido dos moçambicanos", considerando que "fica uma
incerteza no ambiente político de Moçambique".
JN
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