É a primeira
vez “em Portugal, ou em qualquer outra parte do mundo” que líderes
religiosos islâmicos, judeus, cristãos, hindus e budistas se juntam numa
tomada de posição conjunta contra a legislação da eutanásia.
“Há sempre uma primeira vez”, diz o sheik David Munir, da comunidade
islâmica de Lisboa. Em vésperas da votação parlamentar, o documento
assume a disponibilidade das várias organizações religiosas para
juntarem esforços e fazerem “tudo” ao seu “alcance para participarem
neste verdadeiro desígnio nacional”. “Não podemos deixar de interrogar
se a presente discussão não enfermará de falta de propósito”, diz o
documento ecuménico.
O pontapé de saída para a elaboração de um texto conjunto foi dado há cerca de “um mês e meio” pelo Grupo de Trabalho Inter-religioso Religiões-Saúde (GTIR), diz o porta-voz, padre José Nuno Silva. O tema já tinha sido abordado ao longo do ultimo ano, segundo o sheik Munir, mas foi o calendário parlamentar e o agendamento, para dia 29 de Maio, do debate e votação dos quatro projectos que despenalizam a eutanásia, que contribuíram para juntar os oito líderes religiosos. “A marcação da data decidiu a celeridade do processo”, diz José Nuno Silva.
A organização existe há dez anos e junta responsáveis de todas as comunidades religiosas implantadas em Portugal. Mas nunca tinham conseguido um consenso. “Na altura do debate do aborto, ainda chegou a haver uma discussão”, diz o sheik Munir, mas sem resultados. “Este é um gesto pioneiro, até mesmo a nível europeu”, prossegue José Nuno Silva, enquanto o cardeal patriarca de Lisboa prefere chamar-lhe “um momento significativo”. “Não lhe chamo histórico, porque todos os momentos são históricos. A História é a vida das pessoas e das sociedades”, disse D. Manuel Clemente, em declarações à Renascença.
A iniciativa política serviu de colar entre os responsáveis religiosos. “Encontramo-nos no essencial, porque a religião é uma ligação ao absoluto e temáticas como a vida só na ligação ao absoluto se podem resolver” afirmou o patriarca. “O objectivo era comum: nenhuma religião permite a eutanásia. O que permite é que se cuide de quem é frágil e doente”, explica o sheik Munir.
O pontapé de saída para a elaboração de um texto conjunto foi dado há cerca de “um mês e meio” pelo Grupo de Trabalho Inter-religioso Religiões-Saúde (GTIR), diz o porta-voz, padre José Nuno Silva. O tema já tinha sido abordado ao longo do ultimo ano, segundo o sheik Munir, mas foi o calendário parlamentar e o agendamento, para dia 29 de Maio, do debate e votação dos quatro projectos que despenalizam a eutanásia, que contribuíram para juntar os oito líderes religiosos. “A marcação da data decidiu a celeridade do processo”, diz José Nuno Silva.
A organização existe há dez anos e junta responsáveis de todas as comunidades religiosas implantadas em Portugal. Mas nunca tinham conseguido um consenso. “Na altura do debate do aborto, ainda chegou a haver uma discussão”, diz o sheik Munir, mas sem resultados. “Este é um gesto pioneiro, até mesmo a nível europeu”, prossegue José Nuno Silva, enquanto o cardeal patriarca de Lisboa prefere chamar-lhe “um momento significativo”. “Não lhe chamo histórico, porque todos os momentos são históricos. A História é a vida das pessoas e das sociedades”, disse D. Manuel Clemente, em declarações à Renascença.
A iniciativa política serviu de colar entre os responsáveis religiosos. “Encontramo-nos no essencial, porque a religião é uma ligação ao absoluto e temáticas como a vida só na ligação ao absoluto se podem resolver” afirmou o patriarca. “O objectivo era comum: nenhuma religião permite a eutanásia. O que permite é que se cuide de quem é frágil e doente”, explica o sheik Munir.
Passo seguinte: Belem
O consenso
religioso contra a legislação da eutanásia permitiu juntar assinaturas
dos responsáveis das comunidades cristãs evangélica, católica, grega
ortodoxa e adventista. Mas também os hindus, os budistas, os israelitas e
os islâmicos representados em Portugal.Todos assumem a necessidade de
“intervir no presente debate, manifestando a oposição à legislação da
morte assistida em qualquer das suas formas, seja suicídio assistido,
seja a eutanásia.
“O sofrimento do fim da vida é, para cada pessoa, um desafio espiritual e, para a sociedade, um desafio ético”, lê-se no documento, que assume serem os cuidados paliativos “uma exigência inadiável” e “uma resposta que o Estado não pode deixar de dar”. As assistências médicas no final de vida alia “a maior competência científica e técnica com a competência da compaixão”, dizem os oito líderes religiosos. A defesa da vida é um traço comum. “As tradições religiosas professam que a vida é um dom precioso e, para as religiões abraâmicas, um dom de Deus” esclarece o texto.
A unanimidade de posições é um trunfo, que os líderes religiosos querem usar no debate político como cartada decisiva. D. Manuel Clemente apela aos “deputados para que tomem em conta não só as posições da Igreja Católica como das outras confissões e de outras forças que se têm pronunciado” contra os actuais projectos legislativos. O Parlamento é ainda alvo das iniciativas legislativas que o patriarca de Lisboa quer ver implementadas, com a criação de uma espécie de ‘baixa’ para os cuidadores. “Como já há licenças para acompanhar a maternidade e paternidade também deve haver para acompanhar as pessoas que estão doentes e precisam de ajuda e proximidade”, defendeu D. Manuel Clemente.
Para o sheik Munir os recados políticos vão para Belém: “Porque não juntar forças e apresentar ao Presidente esta declaração para que esta lei não seja aprovada?” O pedido de audiência com Marcelo já deu entrada e teve luz verde para avançar. Aguarda apenas pela disponibilidade da agenda da parte do Presidente da República para que seja fixada uma data. Para o sheik Munir a ideia é juntar na audiência “todos os signatários do documento e entregar pessoalmente” a tomada de posição conjunta ao chefe de Estado.
Os movimentos religiosos marcaram, entretanto, duas manifestações para Lisboa. A primeira decorreu na passada quinta-feira, frente ao parlamento. A segunda, no mesmo local, realiza-se a 29 de Maio, no dia em que os deputados estarão a discutir e a votar as propostas de lei.
“O sofrimento do fim da vida é, para cada pessoa, um desafio espiritual e, para a sociedade, um desafio ético”, lê-se no documento, que assume serem os cuidados paliativos “uma exigência inadiável” e “uma resposta que o Estado não pode deixar de dar”. As assistências médicas no final de vida alia “a maior competência científica e técnica com a competência da compaixão”, dizem os oito líderes religiosos. A defesa da vida é um traço comum. “As tradições religiosas professam que a vida é um dom precioso e, para as religiões abraâmicas, um dom de Deus” esclarece o texto.
A unanimidade de posições é um trunfo, que os líderes religiosos querem usar no debate político como cartada decisiva. D. Manuel Clemente apela aos “deputados para que tomem em conta não só as posições da Igreja Católica como das outras confissões e de outras forças que se têm pronunciado” contra os actuais projectos legislativos. O Parlamento é ainda alvo das iniciativas legislativas que o patriarca de Lisboa quer ver implementadas, com a criação de uma espécie de ‘baixa’ para os cuidadores. “Como já há licenças para acompanhar a maternidade e paternidade também deve haver para acompanhar as pessoas que estão doentes e precisam de ajuda e proximidade”, defendeu D. Manuel Clemente.
Para o sheik Munir os recados políticos vão para Belém: “Porque não juntar forças e apresentar ao Presidente esta declaração para que esta lei não seja aprovada?” O pedido de audiência com Marcelo já deu entrada e teve luz verde para avançar. Aguarda apenas pela disponibilidade da agenda da parte do Presidente da República para que seja fixada uma data. Para o sheik Munir a ideia é juntar na audiência “todos os signatários do documento e entregar pessoalmente” a tomada de posição conjunta ao chefe de Estado.
Os movimentos religiosos marcaram, entretanto, duas manifestações para Lisboa. A primeira decorreu na passada quinta-feira, frente ao parlamento. A segunda, no mesmo local, realiza-se a 29 de Maio, no dia em que os deputados estarão a discutir e a votar as propostas de lei.
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