Tuesday, 3 October 2017

Mais um discurso para o inglês ver


No seu discurso da cerimónia de abertura do XI Congresso do partido Frelimo, o Presidente da República, Filipe Nyusi, afirmou que o combate a corrupção é o mais urgente e vital de todos os desafios no seu partido e no governo. Porém, o discurso de Nyusi não passou de mais um discurso vazio e cheio de boas intenções para os jornalistas presentes no evento ouvirem, anotarem e reportarem. Os cidadãos menos atentos e sem nenhuma noção crítica devem ter achado louvável, quando Filipe Nyusi disse não pode haver tolerância com a ilegalidade, o suborno, a extorsão e todos os outros desmandos e que a Frelimo não pode permitir que se feche os olhos a esses abusos.
Porém, um mero olhar para a actual situação que o país atravessa é notório que as palavras do Presidente da República não passam de um emaranhado de ideias sem nenhum alcance. Ou seja, o discurso não traz novidade nenhuma e reflecte meras intenções do Chefe de Estado, pois é sabido que a corrupção tem vindo aumentar no seu do governo da Frelimo.
Embora o congresso não seja um espaço onde Presidente pudesse tomar medidas contra os seus “camaradas” envolvidos em esquemas de corrupção, mas esperava-se que Nyusi olhasse para o momento como uma oportunidade para apresentar as iniciativas com vista a eliminar focos de corrupção que tem o seu epicentro no partido. Não há dúvidas que de retórica e frases feitas os moçambicanos estão cansados. O que o povo precisa é de actos concretos com impacto no seu dia-a-dia.
A título de exemplo, esperávamos que o presidente do partido no poder fizesse menção ao maior escândalo de corrupção que precipitou a crise económica e financeira que presentemente os moçambicanos sentem na pele. Mas Nyusi terminou o seu discurso saudando o seu antecessor, Armando Guebuza, justamente o aquitecto e projectista das dívidas contraídas sem o aval do Parlamento.
É, no entanto, caricato ouvir o Presidente da República encher o peito para dizer que não podemos tolerar a corrupção e que esse grau zero de tolerância deve começar no seio do partido e no seio dos militantes, deve ser um exemplo, em qualquer posição, em qualquer circunstância. Quase todos os dias, assistimos um grupo de “camaradas” a espoliar os cofres do Estado e continuam impunes. Portanto, só falar que há intenção de acabar com a corrupção é um acto de covardia aguda.



Editorial, A Verdade

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