Monday, 16 October 2017

Ataque faz vinte e um mortos

Quinta-feira sangrenta em Mocímboa da Praia

Vinte um mortos, sendo três agentes da Polícia da República de Moçambique e 18 outras pessoas, que as autoridades estão a identificar como “insurrectos”, é o rescaldo de um novo ataque ocorrido depois de uma emboscada levada a cabo por homens armados com a cara tapada, a 30 quilómetros da vila-sede de Mocímboa da Praia, num troço que liga o distrito vizinho de Palma, na província de Cabo Delgado.
Segundo fontes locais, os atacantes também queimaram um carro em que se deslocavam os agentes da Unidade de Intervenção Rápida, que caíram na emboscada.
Fernando Neves, presidente do Conselho Municipal de Mocímboa da Praia, em breves declarações exclusivas ao “Canalmoz”, na noite de domingo, informou que o ataque aconteceu, na passada quinta-feira, na aldeia de Maculo, localizada fora da área municipal, e resultou na morte de vinte e uma pessoas, das quais três agentes da Polícia e 18 “insurrectos”, e o carro da Polícia foi queimado.
Sem acrescentar mais informações, o presidente do Conselho Municipal de Mocímboa da Praia disse que a vida nesta vila tinha regressado à normalidade e que o comércio foi retomado.
A Polícia já veio também confirmar a emboscada realizada por homens com a cara tapada, contra um grupo de agentes da Unidade de Intervenção Rápida, que estava numa operação de patrulha, mas não indicou o número de baixas em ambos os lados.
O ataque ocorreu no mesmo dia em que um grupo de membros da Frelimo desfilaram de bicicletas e motas nas ruas de Mocímboa da Praia, como o pretexto de estarem a manifestar-se “contra a guerra e por uma educação de qualidade”.
Anteriormente, as autoridades policiais tinham informado que, nos ataques do dia 5 de Outubro, tinham morrido 17 pessoas, incluindo agentes da Polícia e atacantes, que a Comissão Política da Frelimo classificou como sendo homens “de proveniência e objectivos desconhecidos”.
Também foi divulgada a informação de que foram detidas 52 pessoas ligadas aos ataques.
As autoridades dizem que estão empenhadas num trabalho de investigação profundo sobre as motivações que estão por detrás dos ataques realizados por homens armados em Mocímboa da Praia.
Segundo o jornal “Noticias” de sábado, o facto foi revelado, na sexta-feira, pela governadora da província de Cabo Delgado, Celmira da Silva, na Sessão Extraordinária do Governo Provincial, convocada para apreciação da situação política e da situação da ordem e segurança públicas neste distrito de Cabo Delgado.
Celmira da Silva afirmou que a vida voltou à normalidade em Mocímboa da Praia e que alguns jovens que participaram nas acções armadas são do distrito.
Segundo a governadora, trata-se de jovens que, desde cedo, abandonaram os seus estudos para se aliarem ao que chamou “más companhias”.
“Queremos assegurar que a vida voltou à normalidade na vila de Mocímboa da Praia, onde as Forças de Segurança continuam a realizar um trabalho profundo para apurar as causas que levaram a que aquele grupo de meliantes atacasse algumas instituições do Estado”, declarou Celmira da Silva.
A governadora apelou aos administradores distritais e presidentes dos Conselhos Municipais da província para agudizarem a vigilância nas unidades territoriais sob sua jurisdição, para neutralizarem qualquer tipo de tentativa de perturbação da ordem e segurança públicas.
Afirmou que as autoridades de Mocímboa da Praia foram alertadas a tempo sobre as actividades e comportamentos contrários à ordem instituída, cuja autoria é atribuída aos indivíduos que desencadearam os ataques da semana passada, mas que nada foi feito para impedir a concretização dos seus intentos.
Ainda no domingo, a governadora de Cabo Delgado voltou a Mocímboa da Praia, onde, segundo informações existentes, continuam focos de violência, dado que os atacantes, depois de abandonarem a vila, foram juntar-se à população nas aldeias, onde, segundo se diz, estão a fazer recrutamento de jovens para as suas fileiras.
Tanto na semana passada como no domingo, a governadora de Cabo Delgado viajou para Mocímboa da Praia por via aérea. (Bernardo Álvaro)




CANALMOZ – 16.10.2017, no Moçambique para todos

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