Quando o barco está a afundar, os primeiros a fugirem são os ratos. Desse adágio se extrai que os sinais são claros.
A ala Guebuza, que manteve braço-de-ferro para se fazer com o controlo do partido, acaba de cair.
A evidência destes sinais que nos chegam dos ventos do congresso é que de que já está em curso a purga contra aqueles que mancharam a Frelimo como partido, através do chamado caso de dívidas escondidas.
Assim, na Comissão Política, que gere o partido no intervalo entre congressos, caíram Alberto Vaquina, Sérgio Pantie, Carvalho Muária, José Pacheco, Cadmiel Muthemba, Esperança Bias, Lucília Hama, que o suportavam, no colete-de-forças com Nyusi, considerando o poder de influência deste órgão.
Certo que continua dentro dele Filipe Paúnde e Margarida Talapa, que parecem cercados de todos os lados. Estão imobilizados. Para já, é preciso recordar que Tomás Salomão é totalmente a favor da responsabilidade civil dos autores da contratação daquelas dívidas.
É uma questão de dias, o furacão Nyusi poderá atingir os intocáveis.
Se a mensagem de Nyusi foi claramente “expurgar doravante o que nos pode manchar como partido, sob o risco de nos tornarmos cúmplices daquilo que nos pode prejudicar”, extrai-se que a uma lista e macheia de nomes que se deverão precaver com os novos ventos. São, entre outros, os seguintes que desempenharam um papel activo na contratação dos empréstimos inconstitucionais e ilegais, que poderão sofrer vassourada do furacão Nyusi, que por nexo de casualidade é um beliscar e piscar de olhos à Justiça: Armando Guebuza, Gregório Leão, Manuel Chang, Maria Isaltina Lucas, Victor Bernardo, Eugénio Henrique Zitha Matlaba, Henrique Álvaro Cepeda Gamito, Raúfo Ismael Irá, Victor Borges e Alberto Mondlane.
Perante a falta de influência que o suportava, Guebuza não tem oxigénio para continuar a determinar o curso da política interna do partido e do Estado, senão capitular e aguardar que a Justiça lhe caía em cima. É o que parece aludir os ventos do congresso. Com um Nyusi reforçado, tudo indica que não tarda que todos os coniventes com ele no processo das dívidas escondidas caiam nas mãos da justiça.
Ou o chavão de Nyusi será apenas um daquelas promessas que cairão no saco roto do esquecimento, tornando-o um presidente mentiroso.
E se sim, até 2019, perante o congelamento do apoio directo ao Estado, Nyusi pode arriscar a converter essa ilusão num suicídio político, pois verá a contestação de novo subir dentro do partido e junto do eleitorado, que encontrará todas as razões para apoiar os outros candidatos à presidência da república.
O ponto clave da reunião do partido recém-terminada é que Nyusi passou da posição hesitante e titubeante, para se tornar no homem mais forte da Frelimo e do país.
(Adelino Timóteo)
CANALMOZ – 03.10.2017, no Moçambique para todos
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