Friday 29 September 2017

Ajuda financeira do FMI a Moçambique tornou-se menos provável

A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a possibilidade de o Fundo Monetário Internacional (FMI) acertar um resgate a Moçambique se tornou menos provável porque o Fundo exige a divulgação total da auditoria às dívidas.
"A nova posição do FMI parece inabalável, exigindo que o relatório tem de estar completo, especificamente identificando para onde foram os empréstimos, e transparente, sendo que a divulgação não rasurada provavelmente implicará pessoas específicas em irregularidades", escrevem os analistas da revista britânica The Economist.
Numa análise à posição expressa este mês numa conferência de imprensa pelo FMI, no seguimento de um conjunto de perguntas colocadas pela Lusa, a EIU diz que ficou "confirmado que o FMI está à espera da publicação do relatório completo antes de progredir para um novo programa com o país".
O Governo de Moçambique concordou com as exigências dos credores sobre a realização de uma auditoria independente à questão da dívida, nomeadamente os empréstimos contraídos secretamente por duas empresas públicas, "mas as tentativas das autoridades de bloquearem a investigação deixou questões importantes por responder, e o Governo publicou apenas um sumário fortemente rasurado do relatório".
A EIU admite que esperava um entendimento mais fácil entre o FMI e Moçambique, mas argumenta que "uma recuperação modesta da economia e a disponibilização de algum financiamento externo diminui a vontade de Moçambique fazer concessões ao FMI".
A esta componente financeira, juntam-se "considerações políticas nas vésperas de mudanças nos principais rostos do partido no poder, a Frelimo, que aumentaram a cautela do Governo sobre a implicação de membros do partido, mesmo que sejam de segunda linha".
O FMI, por seu lado, também se recusou a relaxar as suas exigências, comenta a EIU: "Para o Fundo, a importância do processo de auditoria é exacerbada pelas possíveis implicações de atores externos", como os mediadores do processo - as firmas do Médio Oriente Privinvest e Palomar - e os bancos envolvidos (Credit Suisse e VTB)".
Para a EIU, o FMI pode estar a endurecer o discurso para não ser novamente acusado de não prestar suficiente atenção às questões da corrupção e por não ter exigido mais transparência na altura em que os empréstimos foram contraídos (2013 e 2014).
"Aparentemente, o FMI precisa de ser visto como estando a seguir uma linha mais dura para restabelecer a sua credibilidade nesta matéria", conclui a EIU.

Lusa – 28.09.2017, no Moçambique para todos

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