A Renamo, principal partido de oposição moçambicana, denunciou hoje em Maputo uma alegada tentativa de assassinato da chefe da sua bancada na Assembleia da República, Ivone Soares, acusando o regime de estar por detrás da suposta tentativa de homicídio.
"No dia 08 de setembro, pelas 19:20 [18:20 em Lisboa], na cidade de Quelimane, a chefe da bancada parlamentar da Renamo sofreu um atentado contra a sua vida", refere, em comunicado, a bancada parlamentar do principal partido de oposição moçambicana, lido por Juliano Ricardo deputado da Renamo na Assembleia da República.
Segundo a nota, um homem que seguia numa motorizada terá tentado disparar sobre Ivone Soares, na viatura em que a mesma era transportada, acompanhada por dezenas de quadros e militantes da Renamo, a poucos quilómetros do aeroporto de Quelimane, centro de Moçambique, mas a arma, de tipo AK-47, encravou.
Alguns quilómetros depois da primeira tentativa, relata o comunicado, uma viatura de marca Toyota, de cor branca, terá supostamente tentado bloquear o veículo em que seguia Soares, para permitir que o homem que seguia na mota consumasse o atentado, mas o motorista do carro que transportava a dirigente conseguiu escapar da alegada emboscada.
"A bancada parlamentar da Renamo repudia e desencoraja quaisquer ações de perseguição e atentados contra quadros e líderes políticos e condena veementemente actos bárbaros com vista a silenciar as vozes dos partidos da oposição, como forma de eliminar a democracia em Moçambique", refere a nota de imprensa.
Para a Renamo, o atentado contra Ivone Soares é obra de esquadrões de morte e enquadra-se numa campanha de obstrução da atividade da oposição e em nada contribuiu para a paz e reconciliação em Moçambique.
"A bancada parlamentar da Renamo exorta a comunidade internacional para que continue atenta às tentativas do regime de silenciar a voz do povo e de pôr fim à democracia em Moçambique", refere o comunicado.
A Lusa contatou o Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique para obter uma reação à denúncia do alegado atentado, mas ainda não obteve resposta.
A Renamo e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, tem-se acusado de assassinatos políticos no contexto da atual crise político e militar no país.
Em janeiro deste ano, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi alvejado a tiro na cidade da Beira, centro do país, mas sobreviveu ao ataque e no ano passado, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, escapou ileso a dois ataques à sua comitiva no centro do país, acabando por se refugiar, supostamente, na Serra da Gorongosa, onde diz que se encontra atualmente.
Vários dirigentes de nível local da Frelimo também têm aparecido mortos em ações que o Governo atribuiu ao braço armado da Renamo.
Além de assassinatos políticos, a atual violência política tem sido caracterizada por ataques a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança no centro e norte do país.
A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de fraude no escrutínio.
O governo e o principal partido de oposição retomaram na segunda-feira as negociações para a restauração da estabilidade no país, após um interregno de três semanas, a pedido dos mediadores internacionais.
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