O porta-voz classificou igualmente as pessoas que exteriorizavam o seu desagrado em relação à ineficiência da Polícia no combate ao crime de “um punhado de cidadãos” que colocara “em causa a tranquilidade de tantos milhões de outros cidadãos (...)”. No seu entender, os moradores aproveitaram-se do facto de a Estrada Nacional número um (EN1) ser vital para a ligação do sul/centro e norte de Moçambique e montaram barricadas para impedir a circulação de pessoas de bens, durante três horas, uma “situação grave” que pretensamente ditou a “paralisação de um Estado”. Inácio Dina, ignorando ainda o facto de a Polícia ter o dever de na sua actuação, mesmo em casos de desobediência civil notória, respeitar os padrões universalmente aceites, sobretudo de garantia de integridade física dos cidadãos, disse que a Polícia “usou a força que se julgou proporcional ao tipo de manifestação que estava ocorrer no local”. Contudo, pese embora estas declarações de sacudir a água do capote, em Palmeiras observou-se o contrário. Algum policial disparou para matar e não será responsabilizado. Aliás, é por esta e outras razões macabras que a Amnistia Internacional rotula a Polícia moçambicana como a que “parece pensar que tem licença para matar e o fraco sistema de responsabilização permite isto”. Em Palmeiras, os agentes da Lei e Ordem locais, incapazes de conter a fúria popular, pediram o reforço da capital do país, de onde foram destacados elementos da força anti-motim armados até aos dentes, que, para além de não saberem dialogar com as multidões, fizeram das suas, à semelhança do que tem acontecido um pouco por todo o país quando há alvoroços. Um indivíduo morreu e Inácio Dina disse que “infelizmente lamentamos a perca de vida (...). Não era intenção policial” que as coisas acabasse de forma trágica, mas, sim, “repor a ordem pública e restabelecer a circulação que estava obstruída nalgum troco da EN1. Ademais, alegou o porta-voz do Comando-Geral da PRM, à medida que algumas pessoas eram persuadidas para não se envolverem na agitação, as outras ganhavam ânimo e ensaiavam exibir a sua “musculatura na tentativa de incapacitar a Polícia, o que não pode acontecer. A Polícia é um órgão do Estado com poder para que nenhum cidadão perturbe a tranquilidade dos outros (...)”. “Repudiamos as manifestações, ainda que esporádicas, que têm vindo a ganhar terreno em alguns pontos do país. Populares que pretendia ver feita a justiça decidiram manifestar-se, infelizmente, de forma violenta. Na manifestação, de acordo com os colegas posicionados naquele ponto, os populares exigiam que a Polícia, detivesse um indivíduo suspeito de ter cometido um crime”, porque os seus comparsas já se encontravam a ver o sol aos quadradinhos, segundo Dina. Para a PRM, o sensato, em caso de alguma “ilegalidade e necessidade de a Polícia intervir”, seria uma “comunicação civilizada para que o suspeito fosse identificado e detido caso fosse necessário”, explicou o agente da Lei e Ordem, reiterando que “colocar barricadas numa estrada e impedir a circulação numa via pública é um crime grave”. O porta-voz disse que é também condenável a justiça pelas próprias mãos, sobretudo o que acontece na Beira, onde populares lincham impiedosamente supostos ladrões porque, de acordo com eles, a Polícia coloca-lhes em liberdade e novamente protagonizam assaltos, violações sexuais e vários tipos de agressões físicas nos bairros. “Não é assim como se colabora com a Polícia para garantir a segurança pública. As esquadras são acessíveis e não deve haver receio” de se dirigir a elas para comunicar quaisquer anomalias. “Só acreditando na Polícia é que se poder ter o conforto e segurança” almejados. Emildo Sambo, A Verdade |
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