Maputo, 15 Abr (AIM)- A fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo, sul de Moçambique, contrariamente a outros anos, registou pouca afluência de entradas nesta época da Páscoa.
O Notícias testemunhou, na quinta-feira, que nem sequer uma fila de 50 metros chegou a se registar. Assim que o viajante chegasse ao posto, apresentava o passaporte e, sem pressão, em fracção de minutos já estava no solo pátrio.
Considerado pelo Serviço Nacional de Migração (SENAMI) como o de pico em termos de entradas de cidadãos no país, na quinta-feira passou como se fosse um dia normal, com fraco movimento.
Num dia em que se acreditava que milhares de pessoas entrariam no país, através daquele posto fronteiriço, os registos apontam para baixo de 20 mil viajantes. Nos outros anos e no dia que antecedia à Páscoa, os números ascendiam 35 a 40 mil viajantes.
Para o Notícias, houve fraco movimento até de turistas. Mesmo assim, estes eram em maior número, comparativamente aos nacionais esperados.
Até a meio da tarde do dia, os mineiros, que sempre constituíram o maior peso dos moçambicanos na diáspora a regressar por estas alturas, nem sequer 100 tinham atravessado a fronteira.
Conforme apurou o jornal das autoridades do SENAMI, os mineiros ou trabalhadores das farmas que entraram no país para o convívio pascal são de regiões próximas da fronteira, entre os dois países. Os de Joanesburgo, que grosso modo têm sido os que lotam os autocarros das companhias, abdicaram de viajar.
São várias as razões apontadas para este cenário de redução do movimento que, de certa forma, tem contribuído para alavancar a economia doméstica. Apontam-se desde a crise financeira mundial, que resulta na perda de capacidade de custear as despesas, até aos problemas sócio-económicos que a vizinha África do Sul está a atravessar.
Na África do Sul reside a maior comunidade moçambicana na diáspora e, devido aos problemas de momento, caracterizados por greves e manifestações, muitos estão a enfrentar dificuldades.
Aliás, o Notícias apurou que as manifestações que se registam neste país vizinho de há alguns dias a esta parte, exigindo a demissão de Jacob Zuma, fizeram crescer os receios de eclosão de actos de xenofobia e saques a lojas de imigrantes e às companhias que habitualmente transportam mineiros, trabalhadores das farmas e outro tipo de passageiros.
Lázaro Mariano, chefe do posto de travessia de Ressano Garcia, disse ao jornal que os turistas foram os que mais cruzaram a fronteira.
No sentido inverso, quem deu movimento à fronteira foram os nacionais que entraram em território sul-africano para as habituais compras em Komatipoort e Nelspruit.
Associamos este fraco movimento à crise económica, algo que é conjuntural, assim como ao que se vive neste momento na África do Sul, em que as pessoas temem se movimentar devido às sistemáticas manifestações e greves. Por essa razão, a projecção de 200 mil pessoas para este período não vai ser cumprida, lamentou.
No Km-7, do lado da África do Sul, foi montado um posto de atendimento especializado aos mineiros que teve pouco movimento. Do lado moçambicano será montado um outro na segunda-feira, dia de regresso dos que entraram no país, por ocasião da Páscoa.
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