Maputo, 10 fev (Lusa) - O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou quinta-feira ter endereçado convites a especialistas internacionais para assessorarem o Governo e a Renamo, principal partido da oposição, na próxima etapa das negociações de paz, enfatizando que não foram convidados mediadores.
"Enderecei convites àqueles que vão assessorar ou assistir ao processo, o líder da Renamo (Afonso Dhlakama) indicou aqueles que são da sua aceitação e confiança", afirmou Nyusi, falando perante membros do partido, durante cumprimentos por ocasião do seu 58º aniversário.
Em declarações reproduzidas hoje pelo canal de televisão privado STV, o Presidente moçambicano adiantou que partilhou com o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) a lista dos nomes dos especialistas que vão trabalhar com as partes no diálogo político moçambicano, tendo Afonso Dhlakama anuído.
"Partilhámos e chegámos à conclusão de que podem ser [estes nomes]. Emiti as cartas, como chefe de Estado, eles não são mediadores, são especialistas", realçou Filipe Nyusi.
Os especialistas, prosseguiu o Presidente, vão partilhar com o Governo e com a Renamo a sua experiência sobre padrões universais em matéria de descentralização e questões militares seguidos em países democráticos.
"Quando se discute descentralização, existe aquilo que é padrão universal, num país democrático, mesmo quando se fala de assuntos militares", acrescentou.
O chefe de Estado exortou os partidos moçambicanos a concentrarem-se na política e não na resolução das desavenças pela violência.
Filipe Nyusi destacou ainda que a trégua entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo deve ser alimentada e fiável, para que a restauração da paz seja duradoura.
Em finais de dezembro, após conversas telefónicas com Filipe Nyusi, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como "gesto de boa vontade", tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo para 60 dias para dar espaço às negociações.
Na semana passada, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase das negociações que envolve a medição internacional e, na segunda-feira, divulgou uma lista com os nomes que compõem os dois grupos que, em separado, vão discutir a descentralização e os assuntos militares, principais temas da agenda negocial.
Espera-se que as negociações entre as partes, agora neste novo modelo, sejam retomadas nos próximos dias.
Os dois novos grupos têm a missão de dar seguimento ao trabalho iniciado no processo negocial anterior, que integrava uma equipa de mediação internacional e que parou em meados de dezembro sem um acordo sobre os principais pontos de agenda.
Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição, bem como sua reintegração na vida civil.
Antes da cessação das hostilidades, o centro e o norte do país vinham sendo fustigados por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo, com ataques a alvos civis imputados pelo Governo ao principal partido de oposição.
As hostilidades foram desencadeadas pela recusa da Renamo em reconhecer a derrota nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de fraude no escrutínio.
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