As autoridades moçambicanas, mormente o Presidente da República, Filipe Nyusi, são malvistos em Lisboa por causa da sua inércia e mutismo no esclarecimento do rapto do cidadão português sequestrado há meses em Maputo. Apesar da relação privilegiada de Marcelo Rebelo de Sousa com Moçambique, Filipe Nyusi não respondeu à carta envida pelo seu homólogo Presidente português, na qual procura saber sobre os novos desenvolvimentos deste assunto.
"Marcelo Rebelo de Sousa fez nova diligência [há duas semanas] sobre o português desaparecido há meses em Moçambique, desta vez por escrito. Para incredulidade de muitos, nem isso fez mudar a atitude das autoridades", escreve o Público de Portugal. Perante tal situação, mas a única resposta que Portugal obteve até agora foi o silêncio e o empresário agrícola, que há anos trabalha na Beira, continua em parte desconhecida. “Silêncio de Maputo sobre rapto de português gera mal-estar em Lisboa”.
Segundo o jornal a que nos referimos, o “prolongado e insólito mutismo das autoridades moçambicanas” tem causado “espanto de diplomatas e políticos que acompanham o processo”, sobretudo porque também o Presidente Nyusi não respondeu ainda à carta do chefe de Estado português – “mais de duas semanas depois de esta ter sido enviada”.
“Por desejo da família do empresário desaparecido, o caso tem sido gerido em segredo e com enorme discrição. Mas passados sete meses sem informação, sem respostas, sem sinais de que há uma investigação em curso e sem, sequer, uma resposta de cortesia diplomática às missivas de Lisboa, do lado português houve uma clara evolução: o que começou por ser um desconforto e uma desilusão, deu lugar à incredulidade e ao mal-estar”.
Num outro desenvolvimento, o Público de Portugal faz saber que as démarches portuguesas têm sido feitas ao mais alto nível: gabinete do primeiro-ministro, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Procuradoria-Geral da República e Palácio de Belém fizeram contactos formais e informais, diligências por escrito e por telefone, directas e indirectas. O resultado tem sido apenas um: "Nada de nada", resume uma fonte que conhece bem o processo.
Por exemplo, o primeiro-ministro António Costa já falou algumas vezes com o seu homólogo Agostinho do Rosário sobre o caso e, no fim do ano passado, ofereceu mesmo a disponibilidade de a Polícia Judiciária portuguesa cooperar com a moçambicana na investigação do misterioso desaparecimento. Mas também essa proposta caiu no vazio. "Não há uma explicação. Não há um sinal de vida. Não há um corpo. Não há abertura para investigar...”, lamenta uma fonte daquele jornal, que acompanha o caso há meses. “São não-respostas que respondem a muita coisa.”
A Verdade
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