Tuesday, 2 May 2017

Um país destruído

Eis a perfeita receita de como destruir uma nação: Deixe-se um partido, de preferência a Frelimo, no poder por via de fraude ou não, e pega-se em pouco mais de uma centena de indivíduos (têm de ser de ambos os sexos), tempere-os com ignorância para subscreverem todas as estúpidas decisões tomadas na “Pereira de Lagos” e coloque-os a aquecer as cadeiras da Assembleia da República. Não se esqueça de arranjar um bando de indivíduos para formar o Governo de turno – se os sujeitos forem dado à corrupção ou terem participações nesta e naquela empresa, melhor. Deixe-os tomar decisões eufemisticamente em nome do povo. Ofereça-os um salário e umas mordomias principescas, e adicione-se umas gotas, quanto baste, de insensibilidade para com os moçambicanos. Já está. Serve-se a uma temperatura politicamente fria.
Quem esperava um posicionamento diferente por parte dos deputados da Frelimo no Parlamento, não só se decepcionou, como também viu o triste futuro dos moçambicanos. O que se sucedeu nesta semana, na Assembleia da República, onde os deputados do partido Frelimo mostraram mais uma vez que não estão cravados naquela “Casa Magna” em representação do povo moçambicano, não foi mais do que o resultado de uma receita de como destruir um país e um povo. Foi um insulto à consciência e à dignidade dos moçambicanos que, com suor e sangue, contribuem para o desenvolvimento do país com os seus impostos.
Em troca disso, os milhões de moçambicanos são literalmente obrigados pagar as dívidas contraídas pelo Governo de Guebuza sem o aval do Parlamento, violando assim a Constituição da República. A partir de hoje, as dívidas ilegais, cujo destino do dinheiro continua uma incógnita, passam a ser da responsabilidade do povo. Se a situação económica e financeira dos moçambicanos já estava deteriorada, agora piorou.
Na sua demência e insensatez, nem lhes passou pela cabeça, nalgum momento, que aprovaram um documento que empurra o país para o pântano da desgraça. Nem lhes passou pela cabeça que os moçambicanos estão condenados a viver na desgrenhada miséria – a inaceitável situação em que vive a maior parte dos moçambicanos empobrecidos por políticas ilusionistas sem misericórdia.
Obviamente, não queríamos que os deputados da Frelimo fossem o Moíses e muito menos o Salvador do povo, dos oprimidos, mas deviam se juntar a inquietação e a repugnância diante dessa trapaça que hoje é consagrada como dívida pública. A atitude dos deputados da Frelimo, diga-se de passagem, representa o que de mais doentio há nesta face da terra.



Editorial, A Verdade

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