Tuesday 17 February 2009

A Opiniao de Noe Nhantumbo

ANO ELEITORAL, RESPONSABILIDADES ACRESCIDAS
De contrário vai-se continuar a “entregar o ouro aos bandidos”…


O subtítulo é um pouco uma força de expressão que alguns até podem considerar de bem colocado.
Nada como o propagandista chefe do partido no poder por vezes quer dar a entender quando diz que a vitória de seu partido em tudo o que haja em disputa, é um impetrativo nacional.
Não há imperativo nacional algum que seja superior ao interesse genuíno dos moçambicanos independentemente da cor de sua bandeira partidária. E é exactamente aí que o homem dos imperativos se começa a dar mal.São muitos os problemas que ele nem se atreve a abordar porque sabe de antemão que não tem explicação plausível para oferecer aos moçambicanos. As únicas aparições que existem da sua parte são aquelas previamente orquestradas e organizadas de modo a dar o ponto de vista inócuo de seu partido. Quando o jogo é com amendoins não é difícil vê-lo nas câmaras da sempre solícita TVM. Quando se trata de intervir em relação a alguma coisa pesada o comum é não ver-se ninguém de seu partido dando a cara. São muitos os casos em que tal já sucedeu e não se viu nem ele nem o secretário-geral dizendo aquilo que os moçambicanos esperavam ouvir ou saber. Sabe-se a partida que quando são pronunciamentos de peso as coisas não fazem da sua descrição de tarefas. Compreende-se, afinal não passam de funcionários menores de um partido que faz a renovação na continuidade mas que continua com as rédeas perfeitamente controladas pelos que fazem parte da maturidade.Só que estes joguinhos políticos já não servem nem interessam a larga maioria dos moçambicanos, cansados de sofrer num país que oferece e possui tudo para se viver com dignidade que o estatuto de vendedor de esquina não confere.Não queremos agitar as águas nem proclamar que todos devemos ser ricos de um dia para o outro. A única coisa que queremos dizer alto e com bom som é que com trabalho os moçambicanos podem construir a sua riqueza e deixarem de mendigar por camisetes ou capulanas em período eleitoral. Os moçambicanos podem e querem comprar roupa nova, calçado e livros para os seus filhos. Os moçambicanos querem ter uma habitação condigna que não tenha que ser adquirida depois de abaterem-se sobre eles ciclones ou outra calamidade natural ou artificial.As promessas eleitorais até aqui desenvolvidas tem se mostrado de tão curta duração como as próprias campanhas eleitorais em si. Após os votos todos abandonam os moçambicanos a sua sorte e nem se deixam no local instruemtos que permitam que os mesmos exijam e fiscalizem o trabalho dos obreiros das promessas. Fica tudo como sempre. É só visitar qualquer distrito que ainda não tenha visto os seus recursos se solo ou subslolo objecto do interesse de alguma multinacional para se ter a ideia de que em alguns destes, as coisas continuam exactamente como os protugueses deixaram, senão pior.
Estamos em Ferereiro de 2009 e como tudo indica dentro de pouco tempo vamos ter a oportunidade de ver partidos se preparando publicamente para entrar nas diferentes corridas eleitorais. O que é interessante é a capacidade que as mesmas pessoas tem de copiar mudando algumas palavras ou a ordem delas, os mesmos manifestos que antes não foram cumpridos e oferecerem a um povo aparentemente dócil, a mesma ração como alimento.
Só que infelizmente para os políticos de pacotilha as coisas jamais serão as mesmas em Moçambique. Agora que o povo acordou de um longo perído de hibernação que já durava a cerca de 35 anos nada será mais igual ao passado.Há que contar com novos protagonistas e um discursdo novo que quer os moçambicanos realmente como centros da agenda política nacional. Os que pensavam que tinham o monopólio da opinião política, que podiam com o uso dos meios públicos ao seu dispor, distorcer a vontade dos votantes já começam a apanhar pela medida grande, sendo derrotados quando pensavam que tinham montado todo o cenário para obliterar a oposição. Em lugar de obliterar uma oposição que já conheciam e dominavam, sua teimosia em aceitar um jogo democrático transparente deu lugar ao nascimento de uma nova corrente de políticos apetrechados com conhecimentos, tecnologia e determinação para inverter o quadro pobre e sofrível da política em Moçambique.É como dizer-se que o tiro saíu pela culatra. No lugar de oposição dócil satisfeita e comodamente instalada ao longo dos anos, em que uma fatia do parlamento lhe pertencia, agora tem de se contar com forças desconhecidas e com um vigor que tanto a frescura da idade como a determinação e empenho demonstrados tornam, a prior, num adversário de respeito. Já nada será como antes. Mesmo os próprios orgãos eleitorais e os centros de estudos estratégicos locais já se aperceberam que algo deve ser rapidamente feito no sentido de garantir que não aconteça um autêntico terramoto político no país.É evidente que quem está preocupado foi e é quem durante estes anos usou da demagogia e de outros artifícios para se subtrair a vontade do povo. Quem nunca se preocupou com a real situação dos moçambicanos desde que seus interesses privados estivessem protegidos tem razão de estar preocupado. Pois uma vitória de uma nova força política vai trazer desenvolvimentos até aqui considerados inéditos entre nós.O campo para transformações é vasto e a necessidade de trabalho também imensa. Muito há que fazer neste ano eleitoral para que a real vontade dos moçambicanos acabe prevalecendo nas urnas. É das urnas que se darão os passos decisisos para levar o povo ao exercício do poder através de seus legítimos representantes. O momento nunca foi tão grave para as aspirações dos moçambicanos e todo o cuidado é pouco numa altura que decerto será aproveitada para ensaio de todo o tipo de manobras destinadas a perpetuar determinadas pessoas num poder que já há algum tempo não merecem, pois não tem, servido os moçambicanos como as possibilidades do país o possibilitam...

( Noé Nhantumbo, citado em http://www.manueldearaujo.blogspot.com/ )

2 comments:

Anonymous said...

Um artigo para se ler e meditar, posteriormente, agir-se com sabedoria acrescida. Gostei muito! Muito bem compilado e clarifica certas questoes que pairam no ar ou nas cabecas de alguns. Maria Helena

JOSÉ said...

Felizmente temos bons analistas em Moçambique, este é um convite sério à reflexão, só não aprende quem não quer!