Friday, 28 July 2017

Um Estado caloteiro

A falta de seriedade do Governo de Moçambique é, sem dúvidas, bastante preocupante e coloca a dignidade dos moçambicanos bastante debilitada ao nível do mundo. Recentemente, o Governo anunciou que vai dar um calote, ou seja, não vai pagar a segunda prestação de juros dos Títulos da Dívida Pública, denominados “Mozambique 2023 Eurobonds”, prefazendo, assim, o quinto calote dado pelo Executivo de Filipe Nyusi, que, por cumplicidade, decidiu assumir como dívida dos moçambicanos as dívidas inconstitucionais e ilegais contraídas por obscuras empresas públicas, nomeadamente Proindicus, EMATUM e MAM.
Recorde-se que este último calote é dado depois da Mozambique Asset Management (MAM) ter falhado as duas primeiras prestações do seu empréstimo, e da Proindicus também não ter honrado amortização do seu empréstimo, e do Governo ter dado um calote de 59.756.599 dólares norte-americanos a 18 de Janeiro aos detentores dos “Mozambique 2023 Eurobonds”.
O mais caricato é que o Governo de Nyusi afirmou que não está interessado na proposta dos detentores dos “Mozambique 2023 Eurobonds”, a dívida da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM). Só um Governo desnorteado e criminoso comete tamanha asneira de não honrar os seus compromissos. É obrigação do Governo honrar com os seus compromissos não só como forma de manter o nosso Estado credível a nível internacional, como também uma maneira de salvaguarda a dignidade e os interesses dos moçambicanos que, com o suor do seu trabalho, contribuem para o desenvolvimento do país.
Não podemos ser um país, uma nação honesta quando o Governo é constituído por indivíduos corruptos e, acima de tudo, empurram a população para o abismo para satisfazerem os seus interesses indivíduos. Presentemente, Moçambique é, sem sombras de dúvidas, notícia em todo mundo não por boas razões, mas por ser um Estado caloteiro. O mais preocupante é que essa situação, provocada pelo Governo da Frelimo, afecta mais aos moçambicanos, pois os governantes continuam a levar a sua vida de rei à custa do sofrimento do povo.
A esse ritmo, tudo indica a triste sina dos moçambicanos está apenas começando, tendo em conta que a realidade mostra que, mesmo que o Governo do partido Frelimo faça rápido e correctamente, os “trabalhos de casa” deixados pela equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que esteve em Moçambique, é pouco provável a retomada do programa de apoio financeiro ainda este ano. O que significa, portanto, que os moçambicanos vão continuar a apertar os cintos.



Editorial, A Verdade

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