Monday, 22 July 2013

Termina hoje recenseamento eleitoral


 

Por Edwin Hounnou

O turbulento processo de recenseamento eleitoral termina hoje, dia 23 de Julho, segundo garantem as autoridades competentes, sem grandes sucessos, deixando enormes campos de dúvidas e preocupações legítimas. Não há prorrogação. Muita gente com idade de votar, quase metade das previsões iniciais, vai ficar de fora da possibilidade de votar e ser votado porque tanto as avarias dos equipamentos quanto a incompatibilidade dos tinteiros, o desconhecimento da lei por parte dos brigadistas contribuiram para colocar vários potenciais eleitores não puderam se inscrever. O “vem amanhã que não temos sistema”ou “vai recensear na sua terra de origem”, ou ainda, “não pode recensear” mancharam, de forma bastante significativa, este processo que, intencionalmente, se pretendia que fosse abrangente para todos os cidadãos moçambicanos e partidos políticos.
Os apetites insaciáveis de acumular fortuna de maneira pouco clara de alguns governantes, com grande destaque na pessoa do nosso Presidente da República, não permitiram que o recenseamento fosse transparente. Uma empresa ligada ao Chefe de Estado foi indicada para adquirir equipamentos de recenseamento, sendo ele parte interessada nas eleições, constitui um golpe ao processo democrático. Enquanto os políticos no poder não souberem onde termina o Estado e começa o seu partido, estes problemas vão continuar a ser observados,  criando instabilidade político-social e cimentando a desconfiança. O entrave fundamental consiste no facto de o nosso Presidente da República querer tirar proveito pessoal em tudo quanto seja empreendimento do Estado. Esta postura abominável cria confusão na sociedade, e não só.
Em muitas autarquias, as estruturas de base do partido no poder, tais como os famigerados Grupos Dinamizadores, secretários de células e de quarteirão substituiram as instituições públicas, passando declarações, credenciais, impondo programas de recenseamento aos potenciais eleitores, etc. Existem documentos relevantes que comprovam essa intromissão política com a cumplicidade do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral que, falsamente, se proclama equidistante às forças políticas. Os ditos representantes da sociedade civil não são nem nunca foram da sociedade civil, mas, do partido governamental. São, em toda a linha, membros do partido no poder. Dizer que são da sociedade civil é vender gato por lebre. É enganar a comunidade internacional que drenado rios de dinheiro dos seus povos para financiar eleições fraudulentas no nosso país.
Para que o processo eleitoral seja transparente e credível, o partido governamental tem que se comportar como qualquer concorrente e não como proprietário exclusivo. Os processos eleitorais, em democracia, pertencem aos partidos e aos eleitores e jamais ao partido no poder, pois, a acontecer de tal modo, é  uma grave fraude porque realizar uma fraude não consiste somente em introduzir em introduzir falsos boletins nas urnas, como se fazia nas eleições anteriores, mas, iniciar um recenseamento com turbulência, é, também, fazer fraude. Entre nós, a fraude foi posta em marcha a partir do dia quando em que os equipamentos deixaram de funcionar, e foram mais de oito dias consecutivoss, se recusaram recensearalegando falta de qualquer documento de identificação legal para este efeito. As manobras para recensear o menor número possível de eleitores foram infinitas.
O eleitor de hoje é diferente dos processos anteriores. Tem mais informação bastante, por isso, a sua decisão de escolher os seus representantes para a governação local será mais consciente. Isso tira sono a muitos governantes dirigentes porque sabem que, doravante, uma eleição será um verdadeiro julgamento. Adiar esse julgamento é o que se tem tentado fazer, incluindo com recomendações verbais para se recensear pouca gente. A abstenção beneficia a quem se encontra no poder e a não  oposição. Isso faz ressuscitar fantasmas por temerem ajuste de contas. Receiar deixar o poder, quando o voto popular assim o indicar, é prova de que nos governam mal.  
A prática de torturas a seguir à Independência e a activa perseguição política que nos fazem perseguem algumas almas.  O enriquecimento sem causa de governantes apoquenta-os e todos os meios, incluindo os ilícitos, servem para se defenderem da fúria o povo que anda farto de gente desonesta e incompetente de desenvolvimento o país onde todos os cidadãos se possam sentir reflectidos.
Eu ja tenho o meu bilhete que dará o livre acesso ao julgamento de 20 de Novembro de 2013. Sem a habitual intimidção da FIR nem de juizes arregimentados ao partido no poder, a festa poderá vir a animar. Apelo aos que ainda não se recensearam para o fazerem hoje!

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