Wednesday 1 December 2010

Editorial do Savana

Uma mudança na abordagem empresarial

A elite empresarial moçambicana esteve reunida esta semana com o governo em Maputo, com a finalidade de analisar o ambiente de negócios no país, e traçar as linhas mestras para um desempenho cada vez melhor da economia, e remover os obstáculos que se colocam perante a competividade.
É um ritual que se repete todos os anos, e que é fundamental para que todos os intervenientes, num ambiente de diálogo franco, aberto e cordial, exponham os seus pontos de vista e provocar uma mudança positiva que resulte, em última instância, no melhoramento das condições de vida do povo moçambicano.
Produzir mais e com eficiência são os pressupostos fundamentais para o desenvolvimento económico de Moçambique, no meio de uma conjuntura económica mundial cada vez mais competitiva e exigente.
Localizado na costa leste do continente africano, uma rota internacional privilegiada, e agraciado com uma diversidade de sistemas climáticas e um subsolo rico em recursos minerais, Moçambique tem quase tudo o que qualquer país precisa para lograr sucessos. Uma visão estratégica e gestão política prudente complementam toda a equação de sucesso.
O futuro sucesso económico de Moçambique deve depender não tanto das boas relações com a comunidade doadora que permitem uma suave transferência de recursos dos países doadores para manter a economia nos carris, ou das políticas de incentivos fiscais que têm sido até aqui o principal marco mara a atracção de investimentos. Mais fundamental será a capacidade do país de libertar as forças produtivas até aqui subestimadas, traçar políticas consentâneas com o desenvolovimento, e abrir espaço para um profícuo debate de ideias , sem preconceitos baseados no pendor ideológico dos mais diversos intervenientes.
Políticas públicas claras e em estrita obediência à lei devem dar lugar a um ambiente de concorrência aberta, não ofuscada por lealdades políticas e de clientelismo, que tendem a penalizar os melhores, favorecendo os mais próximos ou ligados aopoder político.
O sector privado, por sua vez, não pode continuar a comportar-se como um actor passivo, sempre à espera que seja o governo a tomar a iniciativa. A competitividade global da economia exige que o sector privado assuma igualmente o seu papel, adoptando melhores práticas universais de gestão, que se consubstanciam na motivação da sua força de trabalho e na aplicação prudente dos recursos disponíveis. Neste capitulo, o investimento contínuo no melhoramento do conhecimento técnico dos trabalhadores e a apropriação de tecnologias modernas são factores chave para que as empresas moçambicanas sejam bem sucedidas, com capacidade de competir com as suas congéners regionais.
Uma força de trabalho motivada, bem gerida e cada vez mais envolvida no processo de planificação e de gestão no seu local de trabalho sentirá mais valorizada a sua contribuição na criação da riqueza da empresa, e consequentemente menos propensa ao espírito grevista que se tornou norma na nossa sociedade.
A CTA, na sua qualidade de entidade aglutinadora do sector privado, actuando conjuntamente com a Central Sindical OTM e as demais partes interessadas, devem tomar a dianteira num processo que conduzirá os seus membros a adoptarem um código colectivo de boas práticas de governação corporativa que contribuam para minimizar os prejuízos desnecessários e maximizar os benefícios para todos.

Editorial do Savana com data de 26/11/10

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