Às primeiras horas do dia, ainda na síntese revigorada do sono, faço-me sempre à rua com a ideia já pré-concebida de passar pela Praça dos Trabalhadores. Todos os dias deleito-me com a fragrância do edifício dos CFM e com o corre-corre das gentes embarcando e desembarcando rumo à cadência compassada da vida. Às vezes dou comigo dentro da estação mirando com incontida admiração os traços arquitectónicos daquele majestoso edifício.
Maputo, Quinta-Feira, 1 de Março de 2012:: Notícias
Gustave Eiffel dispensa linhas de apresentação. Contudo, poucos saberão que dos seus famosos traços arquitectónicos surgiu também o edifício dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Gustave Eiffel, célebre por ser o criador de várias obras no mundo e que têm como traço comum o uso do ferro na sua execução, tem o seu nome eternizado – e projectado – pela famosa torre parisiense que leva o seu nome.
Aliás, o traço de Eiffel não se fica pelo edifício dos CFM, que, vis-a-vis à torre de Paris, é património da cidade de Maputo. Foi o francês que concebeu também a Casa de Ferro, outra preciosidade arquitectónica, implantada nas proximidades de outro ícone da cidade, o jardim botânico Tunduru e em que funciona hoje uma direcção do Ministério da Cultura.
A estação ferroviária é simples, mas de uma imponência invulgar. De encher o olho. A prestigiada revista “Newsweek” não resistiu aos encantos dos recantos da infra-estrutura e elegeu-a como a sétima mais bela do mundo. O traçado arquitectónico calculista e ousado foi tomado em consideração para bater no ranking outras referências arquitectónicas enraizadas no Primeiro Mundo, a exemplo do Hua Hin Railway Station da Tailândia e do Atocha Station de Madrid. É isso mesmo, o edifício dos CFM “bateu” de goleada” o Hua Hin Railway Station da Tailândia e do Atocha Station de Madrid!
Foi inaugurada em Março de 1910, dois anos depois do início da sua construção. Contudo, a imponência com que se lhe conhece hoje só se verificaria a partir de 1916.
Hoje, para além de estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros e mercadorias de e para Maputo (também para os vizinhos Zimbabwe e África do Sul), é também um local de cultura. Nela, vários eventos de carácter cultural e artístico têm sido promovidos, ao mesmo tempo que a empresa que a tutela (CFM) agenda implantar nela um museu ferroviário.
Já andou por ali uma malta de Hollywood para aproveitar-se da misteriosa beleza do edifício para o filme “Diamantes de Sangue”, o que será o mesmo que dizer que o sucesso do filme tem marcas de Moçambique e dos moçambicanos.
Já alguém disse: quem a visita nunca mais se esquece da ternura e do perfume das acácias de KaMpfumu. É verdade.
Shalom
Leonel Magaia - leoabranches@yahoo.com.br
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