Uma cidadã de nacionalidade portuguesa, de 28 anos, foi raptada na cidade da Beira cerca das 22 horas da passada quinta-feira e posteriormente atirada no rio Púngue, localizado há cerca de 70 quilómetros da cidade da Beira, com as mãos e os braços atados, onde viria a morrer e o corpo foi resgatado na manhã deste sábado pelos bombeiros.
A polícia já deteve três supostos autores do crime,um deles era preparador físico da vítima. Os detidos confessaram o crime e alegaram que pretendiam roubar dinheiro da vítima, que era directora financeira da FERPINTA, uma empresa ligada ao ramo de construção civil.
De acordo com Daniel Macuácua, Porta-voz da PRM em Sofala, os autores do crime, pediram boleia a Inês Bota, e a dada altura, com recurso a uma pistola de brinquedo, ameaçaram-na e exigiram todos os seus pertences incluindo cartões de banco e retiraram da conta da vítima 29 mil meticais que mais tarde distribuíram entre eles.
Cerca de duas horas depois do rapto, os autores do crime, dirigiram-se as proximidades do hotel embaixador, centro da cidade da Beira, onde trocaram de viatura. Passaram a usar uma viatura ligeira de marca Nissan pertencente a um dos raptores.
De seguida rumaram, já pela madrugada, cerca de duas horas, até ao rio Pungue, onde amarraram os braços e as pernas de Inês Bota. Ainda com vida, a portuguesa foi atirada para o rio, onde viria a ser encontrada na manhã deste sábado, pela polícia e bombeiros, depois de um dos criminosos ter confessado o crime. O crime foi esclarecido graças a colaboração de um dos funcionários do clube náutico, que era muito próximo da vítima e no dia do rapto esteve na viatura e desceu minutos antes do crime.
O líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, mostrou-se hoje frustrado com o atraso que se verifica nas negociações em torno de um pacote legislativo autárquico que preveja a eleição de governadores provinciais.
"Foi anunciado que os documentos sobre a descentralização, desmobilização, desarmamento e reintegração seriam submetidos à Assembleia da República antes do fim do ano, o que não aconteceu até à data do encerramento da última sessão ordinária", declarou o presidente do MDM.
"O ano começou com a trégua (nos confrontos armados), que se estendeu por tempo indeterminado. Pensamos que permitiu supostos progressos, embora não se conheça, os detalhes", declarou Daviz Simango.
O Governo e a Renamo estão a negociar uma proposta de lei que preconize a eleição de governadores provinciais, o desarmamento do braço militar da Renamo e sua integração nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) ou desmobilização.
As negociações visam um acordo para uma paz duradoura face aos ciclos de violência armada que o país tem conhecido desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, que pôs termo a 16 anos de guerra civil no país.
Moçambique está a converter-se numa economia de crescimento modesto, depois de anos a impor-se como um país de rápido crescimento, considera a última análise do Banco Mundial sobre o país, em 2017.
"Os desenvolvimentos na segunda metade deste ano indicam que o abrandamento do desempenho económico de Moçambique pode estar a instalar-se e a tornar esta economia, outrora em rápido crescimento, numa economia com um ritmo de crescimento mais modesto", diz o Banco Mundial. A previsão para este ano, prossegue o documento, indica para que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caia para 3,1% em 2017, apesar do aumento substancial nas exportações de carvão e alumínio. Entre 2011 e 2015, a taxa do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique atingiu 7%, assinala o Banco Mundial. "Embora as exportações de carvão e alumínio tenham disparado, as pequenas e médias empresas ficaram ainda mais para trás, com destaque para o sector da indústria transformadora, que, pela primeira vez desde 1994, registou uma contracção", lê-se no documento. O nível de concentração na economia também intensificou em 2017 e há algumas matérias-primas a dominar as exportações e responsáveis por uma maior quota de entrada de divisas, o que aumenta a exposição a choques externos. "A maior concentração de produção no sector dos minerais e da indústria extractiva mantêm Moçambique rumo a uma economia a duas velocidades", refere a análise. O actual padrão de crescimento da economia, prossegue, tem hoje menos capacidade de gerar empregos suficientes para absorver o influxo líquido de quase 500.000 pessoas por ano. Para o Banco Mundial, as tendências observadas em 2017 deixam claro que Moçambique precisa de redobrar esforços no sentido de apoiar as pequenas e médias empresas e de olhar para além do sector extractivo para alcançar um crescimento adequado. Aquele organismo defende uma resposta mais forte em termos de políticas fiscais e mais transparência, assinalando que essas acções são cruciais para a recuperação. O Banco Mundial faz notar que medidas decisivas em termos de política monetária e um sólido desempenho em termos de exportações de matérias-primas ajudaram a estabilizar o metical e a reduzir a inflação em 2017. A política fiscal, prossegue, também começou a responder aos desafios do momento, porém, a um ritmo mais lento.
Em declarações á Lusa, o presidente do principal partido da oposição em Moçambique, disse que durante as últimas duas semanas, pelos menos oito corpos, de pessoas raptadas e assassinadas, foram encontrados ao abandono nos distritos de Cheringoma e Gorongosa (Sofala) e Muda Serração (Gondola, Manica), em zonas de larga influência da Renamo.
“Já começam aqui em Sofala e Manica a serem apanhados corpos de pessoas desconhecidas ao abandono, o que significa que o Estado Moçambicano, o Governo da Frelimo está a reactivar os esquadrões da morte” afirmou á Lusa Afonso Dhlakama, em entrevista telefónica a partir da Gorongosa, onde está escondido há dois anos. Dhlakama disse que a 23 de Dezembro, a 10 quilómetros do quartel estatal em Nhamitanga, distrito de Cheringoma, a população seguiu rastos de viaturas e botas militares numa mata e descobriu três corpos abandonados. Na semana passada, em Nhamapadza, numa zona limítrofe entre Maringue e Gorongosa (Sofala), prosseguiu Afonso Dhlakama, também foram descobertos três corpos ao abandono numa mata. Há duas semanas, continuou, outros dois corpos foram descobertos por populares numa mata próxima a uma zona residencial, onde durante o auge do conflito politico militar em 2016, membros da Renamo foram raptados e assassinados. “Ora isto é aquilo que tínhamos no ano passado, a mesma perseguição política que foi desencadeada com raptos e assassinatos” disse Afonso Dhlakama, lembrado que declarou uma trégua há um ano para “parar com raptos e assassinatos”, além de ataques a viaturas civis e militares e edifícios públicos. Centena de corpos foram encontrados ao abandonados em várias regiões do país durante o conflito politico militar em 2016, com a Renamo e o Governo a se acusarem mutuamente sobre os raptos e assassinatos dos seus membros.
Mais de 200 mil pessoas atravessaram o posto de fronteira de Ressano Garcia, o mais movimentado de Moçambique e que faz ligação com a África do Sul, nos últimos 15 dias, disse à Lusa a porta-voz do Serviço Nacional de Migração (Senami), Cira Fernandes.
O maior número de pessoas que atravessaram o posto neste período foi registado no dia 23 de dezembro, com a entrada de mais de 35 mil pessoas, segundo a porta-voz do Senami, que lembrou que esta é a avaliação preliminar. O aumento de circulação no posto deve-se à quadra festiva de Natal e passagem de ano, tendo as autoridades decidido abrir a fronteira 24 horas por dia, de 13 de dezembro até 08 de janeiro. A operação é designada "Paragem Única" e está a ser coordenada por um comando conjunto que integra as autoridades que operam na fronteira: Polícia da República de Moçambique (PRM), Direção-geral de Alfândegas, Polícia de Fronteira, Senami e brigadas ligadas a serviços de saúde e agricultura. O atendimento foi reforçado com a instalação de cinco pontos para passageiros e viaturas no sentido África do Sul - Moçambique e seis no sentido inverso.
Ana Gomes lamenta "mutismo total" de Moçambique no desaparecimento de português
A eurodeputada Ana Gomes lamentou nesta sexta-feira "o mutismo total" por parte de Moçambique quanto ao desaparecimento de um empresário português, raptado em Sofala em Julho de 2016, por elementos de forças de segurança moçambicanas, de acordo com testemunhas.
"É verdade que é um desaparecimento muito estranho, um desaparecimento forçado, sem que a família tenha quaisquer notícias, mas ainda mais estranho é a ausência de notícias por parte das autoridades moçambicanas", declarou à Lusa a eurodeputada, que participou nesta sexta-feira numa vigília em frente à embaixada de Moçambique, em Lisboa, conjuntamente com a família e amigos do empresário Américo Sebastião Ana Gomes sublinhou que "há um bloqueio por parte das autoridades moçambicanas, o que torna muito mais estranho o desaparecimento" de Américo Sebastião.
"Não é normal que não queiram cooperar com a família", afirmou Ana Gomes, que expôs o caso a Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.
"Mogherini respondeu que estava preocupada, o que mostra que a situação em Moçambique está a ficar complicada do ponto de vista da segurança", disse a eurodeputada, lembrando que a família do empresário "tem tido o apoio do Governo e das autoridades portugueses" e destacando que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "tem-se interessado pelo caso". Ana Gomes revelou ainda desconhecer-se a motivação que levou ao alegado rapto e ao desaparecimento, acentuando que Américo Sebastião "tem sócios bem relacionados" em Moçambique, "um deles é deputado da Frelimo" (Frente de Libertação de Moçambique).
A mulher de Américo Sebastião disse que espera "um empenho completo e total de todas as autoridades que possam resolver, nomeadamente as moçambicanas, que acelerem o processo".
"Nenhum dado novo"
Salomé Sebastião apelou ao Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, para que "se envolva pessoalmente no caso, faça o máximo e dê celeridade às investigações".
Américo Sebastião foi raptado numa estação de abastecimento de combustíveis em 29 de Julho do ano passado, em Nhamapadza, distrito de Maringué, província de Sofala, no centro do Moçambique.
Segundo a família, os raptores usaram os cartões de débito e crédito para levantarem "4000 euros", não conseguindo mais porque as contas foram bloqueadas logo que foi constatado o desaparecimento.
Em Maio, o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique, Isac Chande, em resposta a uma pergunta de um deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, da oposição), disse que estavam a decorrer "diligências investigativas pertinentes para o esclarecimento do caso".
"Devido à relevância do caso e às dificuldades de efectuar diligências na região, por ser palco de instabilidade político-militar, o Ministério Público ordenou a remessa dos autos à Direcção Provincial de Investigação Criminal de Sofala, para procedimentos subsequentes", acrescentou Chande.
Fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, comunicou hoje à Lusa que não existe "nenhum dado novo", estando as autoridades portuguesas a aguardar "os desenvolvimentos da investigação judicial em curso em Moçambique, conduzidas pelas respectivas autoridades".
As chuvas moderadas e fortes que caíram em algumas zonas de Moçambique nas últimas semanas afectaram 18.522 pessoas e destruíram 3.224 casas, informou hoje a porta-voz do Conselho de Ministros moçambicano, Ana Comoane.
Num balanço da situação de chuvas, que cobre o período entre 24 de Novembro e 18 de Dezembro, Ana Comoana disse que as intempéries destruíram totalmente 184 habitações e parcialmente 3.224 casas.O mau tempo destruiu 146 salas de aulas e afectou sete unidades de saúde, deixando inundadas 368 residências.Moçambique atravessa a época chuvosa, que começa no último trimestre de cada ano e prolonga-se até finais do primeiro trimestre do ano seguinte e o clima nesse período tem sido caracterizado por chuvas e ciclones.
O Presidente moçambicano encontrou-se nesta quarta-feira, 13, com o líder da Renamo Afonso Dhlakama na Gorongosa, confirmou à VOA uma fonte do processo.
Nyusi e Dhlakama estiveram reunidos por mais de 2 horas, mas não houve qualquer confirmação se os dois líderes analisaram os documentos sobre a descentralização, um assunto que deverá entrar na Assembleia da República, após um acordo entre o Governo e a Renamo.
A VOA testemunhou o desembarque da comitiva presidencial no fim da tarde no aeródromo de Chimoio, a capital de Manica, que, de seguida, embarcou num voo privado para Maputo.
Nyusi deslocou-se de helicóptero, acompanhado de uma pequena equipa de segurança e alguns embaixadores, que estão a mediar as negociações.
Na próxima semana Filipe Nyusi deverá apresentar o Estado da Nação ao parlamento, quando o assunto de paz é muito questionada, um ano depois de uma trégua, sem avanço nas negociações.
Maputo (Canalmoz) - Filipe Nyusi acaba de nomear novos miniatros para os cargos que focaram vagos ontem. Assim, José Pacheco é Ministro Negócios Estrangeiros. Max Tonela passa para ministro dos Recursos Minerais e Energia. A novidade é o novo ministro da Agricultura. Chama-se Higino Marrule.
José Pacheco pode ser um recordista em pastas. Já foi ministro do Interior, da Agricultura e agora dos Negócios Estrangeiros, confirmando-se a teoria da Frelimo da "mudança na continuidade". Ou seja: nada muda.
Desde que foram despoletadas as dívidas contraídas ilegalmente pelo Governo da Frelimo, liderado na altura por Armando Guebuza, os moçambicanos esperam ver os envolvidos na maior fraude do país, quiçá do mundo, de todos os tempos, responsabilizados pelo crime que cometeram contra toda uma nação. Os nomes dos sujeitos já são sobejamente conhecidos, e espanta- nos o silêncio cúmplice da Procuradoria- Geral da República (PGR).
Mas, após um ano e meio a investigar o caso de corrupção na compra de duas aeronaves de marca Embraer pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a PGR ordenou esta semana a detenção de três arguidos, nomeadamente Paulo Zucula, antigo Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Zimba, antigo Gestor Sénior da Sasol Pretroleum Temane, e de José Viegas, antigo PCA das LAM, enquanto continua a instrução preparatória da acusação.
Sem sombras de dúvidas, esta situação pouco comum na Justiça moçambicana poderia considerar-se um presente de natal antecipado, porém, na verdade, os moçambicanos têm vindo a aguardar pela prisão dos arquitectos das dívidas ilegais, desde que o assunto foi divulgado pela imprensa internacional, em Abril de 2016. Razões para isso são várias, a destacar o custo de vida sem precedentes que tem sufocado o povo moçambicano nos últimos tempos.
A auditoria às dívidas ocultas revelou que há por esclarecer o destino dos dois mil milhões de dólares contraídos por três empresas estatais entre 2013 e 2014. Está claro que esse dinheiro não foi usado para resolver os inúmeros problemas da população. Além disso, o relatório de auditoria apontou os nomes das figuras que, em nome do Estado moçambicano, arquitectaram o maior esquema de corrupção de sempre e deixaram um país todo em situação económica deplorável.
No entanto, é uma fraude ou tentativa de lançar areia para os olhos dos moçambicanos apenas apresentar-nos os indivíduos que receberam suborno de 800 mil dólares norte-americanos para garantirem a adjudicação de um negócio 70 milhões de dólares norte- -americanos à construtora brasileira que vendeu duas aeronaves comerciais a companhia aérea de bandeira moçambicana.
Não obstante ser um grande passo para responsabilização dos indivíduos que fazem dos cofres do Estado a sua vaca leiteira, é bom que se diga que esse não é o presente de natal que os moçambicanos estão à espera. Queremos, portanto, ver também os implicados no caso EMATUM presos enquanto continua a instrução preparatória da acusabraer.ção, à semelhança do caso da compra de Embraer.
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